Capítulo 8

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-Nuno.-nomeio o corsel caramelo.

Konan sobe em seu cavalo negro e eu observo o medalhão em sua sela, Ômega, acompanhado do símbolo grego.

Seguimos trotando pela floresta, Konan vem logo atrás, então diminuo o ritmo procurando a peculiar mas familiar segurança dele em meio a escuridão das árvores vastas e densas.

Paramos em uma clareira recoberta por pedras escuras, um lugar profundo em meio à todo aquele verde. Mas Nuno parece não gostar muito do lugar, não consigo manter as rédeas alinhadas com o cavalo puxando para todos os lados.

-Puxe com força, ele vai parar.-fala Konan depois de todo o silêncio de nosso passeio.

Faço o que ele diz, mas Nuno recusa-se a obedecer. Então Konan desmonta de seu cavalo e vem me ajudar.

Ele puxa as rédeas e tenta acalmar o cavalo, mas nada funciona. Até que Nuno empina assustando Ômega e me fazendo cair em cima de Konan.

Ambos os cavalos saem em disparada,  nos deixando sós no chão em meio à floresta.

Konan não parece estar muito feliz com isso, ele fecha a cara e olha para os lados como se esperasse que Nuno e Ômega voltassem. Não consigo conter uma risada da cara de indignação dele.

-Do que está rindo?

-De você! Acha mesmo que os cavalos irão voltar?-falo entre risos.

Konan pragueja falando um palavrão e se levanta limpando a própria roupa, faço o mesmo e sento em um tronco de árvore caído.

O sol está alto no céu e ilumina a clareira, diminuindo as longas e intimidadoras sombras das árvores, e de repente a floresta não me parece mais tão densa.

-É incrível como o sol sempre faz tudo parecer bem menos assustador.

-Acha a floresta assustadora?

-Não é isso... acho que a floresta é muito escura, e eu não gosto muito de lugares escuros.

Konan senta ao meu lado no tronco caído e olha para o céu como se estivesse à procura de algo. Um pássaro canta ao longe e ele respira fundo com os olhos fechados.

-O que está pensando?

-Nada.

-Nada?

-Só estou sentindo.

-O que?

-Não sabe parar de fazer perguntas?

-Não!-quando respondo, Konan vira-se para mim com um olhar de repreensão e eu lhe dou um sorriso.

Levanto, e mesmo não fazendo ideia de onde viemos, caminho até o outro lado da clareira. Uma trilha de pedrinhas , quase imperceptível em meio a folhagem leva- me mais adentro na floresta.

O caminho me leva até um pequeno córrego de águas claras. Peixes muito pequenos nadam seguindo a corrente, e moedas douradas reluzem ao fundo.

-ESTELLA?

Não respondo e penso em ficar ali para sempre, o córrego adentra a floresta em ambos os lados e se alarga mais à frente. Sigo entrando na água, que encharca minhas botas até os tornozelos.

O som da água corrente se intensifica e o córrego começa a ficar mais fundo, continuo pelas margens a seguir as moedas douradas.

Paro quando vejo uma moeda diferente, não é dourada como as outras é feita de prata e detém a insígnia da casa real. Não é uma moeda, é uma medalha de mensão honrosa.

Ela se encontra no meio do córrego, em uma parte mais funda. Preciso pegá-la, ela parece ser especial, com toda certeza foi especial para alguém. Há muito tempo diria, está recoberta por uma fina camada de lodo.

A água já chaga aos meus joelhos quando finalmente consigo alcançá-la.

-Estela.-Konan me observa com a medalha na mão e sua expressão muda-Onde encontrou isso?

-Aqui.-falo apontando para o fundo do córrego.

-Deixe onde achou, não é seu.

-Mas foi de alguém, alguém que se importava com isso.

-Estella, deixe, onde, escontrou.-Konan rosna respirando fundo e tentando manter o controle.

Olho para a medalha em minha mão, "Rei Augustus", provavelmente pai de Konan, acho que vi um dos retratos do  castelo com esse nome, e sua reação ao ver a medalha em minhas mãos entrega tudo.

LuxúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora