02 | luke peterson

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   Sim, começamos bem
Eu consigo ver nos seus olhos
Eu consigo dizer que você está querendo mais
O que passa na sua mente?

— Talk, Khalid.

     EU AINDA NÃO havia descoberto quem era a garota.

Eu só sabia que tinha a visto na lanchonete outro dia, o rosto coberto por um rubor vermelho enquanto ela parecia histérica atrás de seu gato. Esta manhã ela havia me encontrado sobre a cama de Thirteen, ouvindo Don't Stop Me Now do Queen. Seu cabelo dourado estava preso em um coque bagunçado, algumas mechas caindo sobre seus olhos e ela usava uma camiseta larga e grande demais para seu corpo esguio e magro com a gola estropiada, de forma que deslizava por um de seus ombros, deixando seu longo pescoço e a pele suave à vista.

Não reagimos de início — acho que nós dois estávamos surpresos demais para esboçar qualquer reação. Mas quando seus lábios cheios em formato de coração se entreabriram e nenhum som saiu, um dos cantos da minha boca se ergueram levemente para cima. Caramba, ela era realmente bonita. Parecia diferente com a aparência desgrenhada como quem havia acabado de acordar e com os óculos quadrados de armação preta empoleirados sobre o nariz bonito e levemente arrebitado. Mas mesmo assim, não deixava de ser intrigante.

Eu fiquei lá, sentado sobre o colchão macio e espaçoso de minha melhor amiga enquanto observava suas bochechas serem tomadas por um rubor cor-de-rosa. Ela piscou algumas vezes sob os cílios castanho-escuros e murmurou algo quase inaudível sobre o volume do som. É claro. Eu era um idiota. Estava ouvindo música alta antes das dez da manhã de um sábado — o dia em que os universitários aproveitavam para dormir até que o sol estivesse a pino em Massachusetts. Eu desliguei a música imediatamente, ainda a observando, completamente curioso.

Ela disse um agradecimento rápido e desajeitado antes de se virar e sumir para dentro de uma das portas do corredor. Thirteen surgiu um momento depois com garrafas de cerveja e um pacote pardo com o emblema do Starbucks gravado sobre ele. Enquanto ela afundava os dentes em um Muffin de chocolate, perguntei sobre a nova companheira de quarto. Ela acenou com a mão, dispensando-me ao notar o interesse em meu tom de voz. Depois de eu insistir muito, ela revelou para mim que a garota se chamava Faith (um nome bonito e diferente que a propósito, combinava com ela). Então ela apontou um dos dedos em meu rosto e me fez prometer que ficaria longe dela.

Acontece que eu nunca fui muito bom em seguir regras.

— A gente precisa ir no Circuito — Thirteen resmungou enquanto puxava os cabelos para um rabo de cavalo no topo de sua cabeça.

— Está todo mundo falando sobre isso. — Semicerrei meus olhos para o rótulo da cerveja, alisando-o sob meu polegar. Puxei a garrafa em direção a meus lábios e dei dois longos goles. — Fica em Rhode Island, certo?

— Duas horas de carro, mais ou menos. — Ela se ajoelhou na cama, sentando-se sobre seus calcanhares. Suas íris esverdeadas fitavam-me atentamente. — Tem um cara por lá... — ela começou, relutante. Eu conhecia aquele olhar. — Um cara que está dando o que falar nas lutas.

Ergui as sobrancelhas, fechando a expressão de brincadeira e cruzando os braços sobre o peito. Eu adotava essa postura sempre que queria bancar o irmão mais velho e super protetor.

— Vou ter que espancar alguém?

Um rubor cobriu a pele suave e pálida de suas bochechas. Ela esticou uma das mãos, empurrando-me por um dos ombros. Deixei com que meu peso oscilasse enquanto me apoiava em um dos cotovelos e me deitei de bruços, virando o rosto para encará-la.

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