A cidade havia sido deixada a duas horas. Rick estava no meio de uma rodovia, carcaças de carros o cercava, seu corpo inteiro doía a medida que caminhava. Seu estômago reclamava de fome, ele pego a mochila de suas costas, abriu, e pegou uma barra de cereal militar, uma das poucas coisas que restaram, abriu e mordeu um pedaço, mastigando devagar, sua cabeça doía devido ao calor.
Engoliu com dificuldade, sua garganta estava seca, pegou o cantil e bebeu um gole d'água, olhou para o céu, sem nuvens, olhou ao redor, nenhum morto, seguiu em direção a um carro, abriu a porta e entrou no veículo, deitou o banco para trás, fechou a porta e encarou o teto, seu olho pesava, sua cabeça latejava, todos os seus músculos doíam, então, instantâneamente, apagou.
De volta a cozinha.
Rick estava sentado a mesa quando Henry entrou desesperado, a memória daquele dia ainda estava fresca em sua mente.
- Parece que a situação saiu de controle, vão evacuar a cidade pela manhã. Temos que arrumar nossas coisas.
- Ei, calma, respira. O que houve?
- Você não leu as notícias? O exército vai montar um campo militar e vai levar todos os civis pra lá amanhã cedo.
- Ainda são sete da noite amor, podemos fazer isso mais tarde.
Rick se levantou e envolveu Henry em seus braços, beijando sua nuca. - Vai ficar tudo bem, é só ter calma. Agitação não vai mudar nada.
Tudo escureceu novamente, um calafrio percorreu todo o corpo, olhou ao redor, tudo escuro, e então um clarão fez seus olhos fecharem involuntariamente, quando os abriu de novo ele se deparou com uma sala branca, totalmente branca, sem porta, janela, móveis, apenas teto, piso e parede brancas. Sentiu uma presença o observando, e ao se virar, se deparou com Henry sorrindo para ele.
- Oi, idiota.
Rick o encarou em silêncio por um instante.
- Oi.
- Você ainda está tomando os remédios, não está?
- Só tem mais um frasco, só vão durar até a cidade.
- Porque você insiste Rick? Está matando você, você não pode ficar acordado para sempre.
- Se eu dormir, você vai embora.
- Está se matando por uma alucinação amor, você sabe que não sou eu, não é real.
- Eu sei Henry, mas eu preciso disso, eu preciso acordar e ver seu rosto, como era antes.
- Não é como era antes, e você precisa aceitar isso. Você não teve culpa.
- Tive, tive sim, e você sabe.
- Era o que devia acontecer Rick.
- Se eu tivesse te ouvido.
- Se tivesse me ouvido, ambos estaríamos mortos agora. Não pensa sobre o que poderia acontecer. Você devia olhar para frente, voltar lá só vai acabar mais com o que restou aí dentro.
Silêncio, Rick encarou o chão, seus olhos estavam quase transbordando, sua respiração estava irregular e suas mãos trêmulas.
Henry caminhou até ele, pousou as mãos em seu ombro e levou os lábios até sua testa, os dois choravam.
- Você já passou tempo demais no passado, é hora de olhar pra frente.
Rick acordou assustado com um barulho vindo da maçaneta do carro, ao olhar para fora seus olhos se arregalaram, um jovem, que se espantou ao ver Rick acordar e saiu em disparada.
