A porta havia emperrado, Rick a empurrou com toda força mas nem um movimento se quer, ele pulou para o banco do passageiro e forçou a porta, que cedeu com um pouco de dificuldade. Correu entre os carros procurando o jovem, nada. Abaixou para olhar por debaixo, nada. Se levantou, subiu sobre o capô de um dos veículos, nada. Começou a se questionar se aquilo havia sido real ou só uma alucinação. Ele queria gritar, dizer que não precisava ter medo, mas ele tinha medo, algum morto poderia ouvir, ou uma horda, ele não podia se submeter a esse risco.
Olhou em volta, e ao virar se deparou com um rosto familiar, Henry, sentado no interior de um conversível.
- A anos não te vejo tão animado.
- Não é ânimo, é... Curiosidade. - Rick deu de ombros.
- Ai amor, você não precisa mentir para mim. É a primeira pessoa em dois anos.
- Não foi real.
- Claro que foi, você viu.
- Não sei o que vi, eu havia acabado de acordar.
- Eu não sou real, e isso não te impede de acreditar o contrário.
Rick desceu do carro, em silêncio, olhou fixamente para Henry, então se virou e começou a caminhar.
- Teve outro sonho daqueles, não foi?
(Silêncio)
- Voce está remoendo, já se passaram sete anos Rick, é hora de esquecer.
(Silêncio)
- Você não teve culpa, eu quis ficar.
Rick parou, uma lágrima escorreu por seu rosto. Em silêncio, eu pegou a mochila de suas costas, abriu o bolso lateral e pegou o frasco de remédios, despejou dois comprimidos sobre a palma da mão e os jogou dentro da boca.
- Esses remédios eram para controlar sua ansiedade, mas você está viciado, roubam seu sono, está morrendo aos poucos.
Rick voltou a caminhar.
- Você assaltou a enfermaria naquela noite só para alimentar esse vício, não foi? Quando as sirenes tocaram, foi por isso que você não fugiu com o comboio, você ficou para trás, na enfermaria.
- Se eu dormir, os pesadelos voltam, os gritos, os gemidos, o som do sangue jorrando, tudo volta, tudo.
- É placebo, você sabe.
(Silêncio)
Rick segurou o cordão que carregava no pescoço, com uma aliança prata, seu peito ardeu. Sua mente foi levada para as lembranças da noite em que tudo começou, seu estômago embrulhou enquanto as imagens se repetiam, sua mão tremia.
- Rick?
O jovem cobriu os olhos com as mãos, os esfregou lentamente, e então os abriu devagar. Viu o sol, estava se assentando, a noite estava se aproximando. Olhou para frente, viu uma cidade próxima, suas pernas estavam doendo, seu corpo não aguentaria muito mais tempo de caminhada. Quando o sol abaixava os mortos se tornavam mais ativos, ficar exposto era perigoso, ele precisava achar um lugar para passar a noite. Seus olhos se direcionaram para uma casa próxima a estrada, não parecia muito grande, seria fácil conferir se havia algum zumbi dentro, era o local perfeito. Ergueu a cabeça e voltou a caminhar
