New York

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Elsa*

   Senti uma mão acariciar meu ombro.

-Elsa. Ei, acorda, chegamos! - assim que ouvi a última palavra meu corpo se obrigou a acordar quase que automaticamente. Levantei e percebi que não havia mais ninguém no avião, e só algumas moças de uniforme e um penteado perfeitamente arrumado, o Jack me disse que elas são 'aeromoças' e nos ajudam em tudo durante o voo.
   Enquanto andávamos por um corredor que nos levava ao aeroporto, percebi que aquele era bem maior do que o de Bergen e tinham muitos aviões, estava de noite mas tudo era iluminado por 'luzes elétricas', e o fato de parecer quase dia era totalmente estranho para mim. Eu e Jack ficamos muito tempo rodando aquele lugar e ele me mostrou algumas televisões. Que coisa era aquela, era como os teatros e as cenas que já li em meus livros só que perfeitos, não havia erros! Parecia que ninguém nunca errava as falas, e todas as coisas que apareciam em volta das pessoas, eram surreais! Pegamos nossas malas e eu não me importei em carregar a minha, para ser sincera eu adorava que me deixassem fazer as coisas e não se curvassem para mim a cada vez que me vissem, ninguém ali sabia que eu era uma rainha e isso era libertador.

Algo que me chamou muito a atenção, era que as pessoas vivem olhando para uns objetos pequenos e que brilham, era como uma televisão em tamanho menor. Alguns tinham coisas parecidas com cordinhas que eram grudadas aos ouvidos e ao pequeno objeto. Mas quando eu piscava, já estava em um lugar diferente, com pessoas diferentes e eram muitas, nunca acabavam, por isso nunca conseguia reparar naquele objeto! Tinha mais gente do que na minha coroação! Logo vi portas se abrirem sozinhas.

- Meu Deus! Jack, como elas se abrem sozinhas? - falei perto dele. Ele dá uma risadinha, como toda vez que eu me espantava com algo 'normal' ou enchia meus olhos de curiosidade.

- São portas automáticas, ela tem um sensor, e quando alguém chega perto dela, abre sem precisar de ninguém - eu sabia que ele estava fazendo seu máximo, mesmo que minha cara de duvida não expressa-se isso. - foi mal não saber explicar, mas são coisas que só passam pela vida de quem mora em cidades com tecnologia, nós nem nos damos conta de tudo isso e de como é maravilhoso, por isso nunca paramos para pensar e nem explicar o que é.

- É eu sei tenho feito muitas perguntas e eu compreendo que não saiba me dar a resposta de todas elas. - passamos pelas portas automáticas e em volta havia varias coisas parecidas com carruagens, porem com rodas menores e sem cavalos, como o ônibus. Eram todas muito amarelas.

- O que são essas coisas?

- São carros, lembrar deles? Esses eu te falei! - a lembrança dele falando sobre carros me vem a tona e tudo parece mais claro. Ele me pede para entrar em um deles e coloca nossas malas em um buraco na parte de trás do carro, e no momento seguinte já está ao meu lado.

- Nós vamos para o hotel Park Central. - ele comunica ao senhor que está na parte da frente, o senhor meche no que parece com uma roda de carruagem e o carro entra em movimento. Não sabia o que me espantava mais, se era o fato de ter uma roda para guiar um veiculo ou as luzes lá fora. Elas eram simplesmente estonteantes e a quantidade de carros na rua era imensa. Eu não tinha palavras para descrever tudo o que se passava dentro de mim naquele momento, eram tantas descobertas.

- Elsa, nosso quarto é bem diferente do que está acostumada, são bem menores do que os de Arendelle e tem uma sala de televisão. Mas de qualquer jeito vai ser uma viajem inesquecível. - estava tão concentrada que só concordei.

- OK.

- É a Lua de mel do casal? Ou só uma viagem para dar uma namorada? - imediatamente me atentei a conversa e percebi que Jack havia falado "nosso quarto". A fala do senhor me deixou imensamente vermelha e Jack por algum motivo tinha travado. - não precisa ficar vermelha moça, e sei muito bem o que rola na lua de mel, e moça virgem nem existe mais, não tem porque se envergonhar. - nesse exato momento eu queria entrar dentro de um buraco e ficar lá para sempre, nunca um homem falou de assuntos íntimos de um casal assim, de forma tão normal e aberta perto de uma moça, não importa se casada ou solteira. Eu como uma moça ousada e que necessitava saber desse assunto, aprendi sobre nas aulas que tive no castelo, porém era algo dito totalmente em termos técnicos, ou seja, eu sabia diretamente sobre como eram feitos os bebês, mas não sabia nada sobre o que isso influência na vida de um casal. Mas ele ainda vem falar que hoje - no caso, aqui neste lugar - as moças não casavam mais virgens, como assim? Queriam tanto ter filhos que os tratavam de fazer antes? Como seus pais permitem tal ação? O que tinha de tão bom nisso tudo?

Nossos corações de geloOnde histórias criam vida. Descubra agora