O treinamento de Helena.(Solar)

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Eu fui levada para um campo aberto atrás do castelo de Ganthera junto com Nicácio e dois tribooídes. O campo tinha apenas grama, nenhuma árvore, nem plantas ou algo que indicasse que ele servia para esportes, bem distante estavam os muros. Nicácio nos levou até o meio do campo, novamente os portões do castelo se abriram e Ganthera vinha com 4 tribooídes, cada um trazendo uma espada gigante. Eles chegaram até onde nós estávamos e Ganthera falou:
- Helena, chegou a hora de você aprender como sonhar acordada. Cada uma dessas espadas apesar de parecerem comuns para um soldado em treinamento pesam uma tonelada.
- Impossível- Eu olhei para ela muito surpresa, mas se os tribooídes traziam as espadas deveria ser verdade.
- Não mentiria para você Helena. Mas o melhor de hoje é que você aprenderá a como ter forças para suportar bem mais que isso.- Ela pegou um livro que estava com Nicácio.- Este livro se chama "Lentre me ex te fuå" , está escrito em Solaria. É o idioma usado pelos seus ancestrais apesar de que eu acredito que você não saiba disto. Você possuí um reino inteiro Helena. Claro que você domina o universo sem saber como, mas o lugar que é o seu verdadeiro lar não é Gaia e sim "Solaria, o reino azul".
- Como posso ter todas essas coisas e não sentir que tenho nada?
- Porque você ainda não se conectou consigo mesma, com a sua essência, mas está aprendendo bem.
- Mas já fazem duzentos anos Ganthera!
- O tempo não é o problema se ainda nessa reencarnação você conseguir superar isso.- Nessa hora Nicácio interveio:
- Queria Helena, você consegue fazer o que quiser, ainda não percebeu isso?. Pense, abra sua mente e você verá!- Ele pegou as minhas mãos, seus dedos estavam gelados. Nicácio tinha ombros largos e cabelos pretos, ele era alto e muito bonito por sinal, devia ter uns 1500 anos de idade pelas histórias de Ganthera, eu imaginei que os dois tivessem um romance, mas a convivência me fez ver que não passavam de amigos- Você não é só a nossa esperança, mas é a esperança do universo.
- Não entendo como posso ser a esperança do universo.
- Você não contou tudo a ela Ganthera?
- Ela saberá Nicácio! Cale-se. O momento certo existe para tudo.
- Me contar o que? Eu quero saber!
- Você só saberá toda a sua história Helena se me provar que nessa vida consegue domar seus sonhos e a si mesma, se não eu nunca direi nada. E acredite, eu e Nicácio somos os únicos que sabemos de tudo e se eu o proibir de contar-lhe qualquer coisa ele o fará.
- Tudo bem. Então me mostre como, eu não faço a mínima ideia de como me conectar comigo mesma ou pegar armas de toneladas.
- Bom, tribooíde Falon, coloque o livro no altar.- Ganthera levanta sua mão direita e um grande altar rompe o chão no centro, quebrando todo o piso que mostrou que a grama era falsa, além disso a grama passou a se tornar uma espécie de piso de hóquei e um grande teto saí de dentro dos muros nos deixando trancados em um cenário azul que mais parecia uma quadra. O altar era feito provavelmente de diamantes e tinha o espaço para um livro aberto. O tribooíde Falon começou a ler algumas palavras que eu não sabia o significado enquanto colocava o livro no altar.
- Lentre me ex te fuå, hui o xandúria, hai o antárida, hai o pitesco, hai o savendra, hai o metíope, hai o cefândrio, hai o olivetro, hai o felpos, hai o flambi, lentre me ex te fuå solaria atuà caliândria.
Eu queria muito entender o que o Falon estava dizendo, mas me parecia que ele estava louco e inventando aquilo na hora. Quando o livro foi posto um impacto foi causado e os tribooídes colocaram as espadas no chão e se curvaram, quando percebi que Ganthera também estava curvada eu mesma iria fazer isso quando uma voz soou vindo da direção do altar. Era uma criatura diferente das que eu já tinha visto, era como um velho do tamanho de um elfo, com uma barba comprida, olhos vermelhos flamejantes e segurava um cajado pequenino, apropriado para o seu tamanho. Para a minha surpresa o pequeno velho também se curvou.
- Eu pensei que esse momento nunca chegaria. Vossa majestade quais que sejam teus nomes nas terras e vidas que passastes, eu te honro como Caliândria, minha Solar.
- Muito prazer, qual o seu nome?
- Ah sim, havia me esquecido que perdestes a memória da vida passada. Eu me chamo Antonier, estou aqui para ajudar-te na tua caminhada.- Ganthera se levantou e disse:
- À partir do momento que o livro foi posto Solar tu se tornastes pronta para a batalha. Esse livro é o seu diário de vidas anteriores. Nele contém toda a sua história, porém tudo está escrito em Solaria e eu imaginei que você não lembraria de como o ler. Porém agora que você está aqui tudo se torna mais fácil, recuamos Grenda e o seu exército por um bom tempo, o suficiente para o seu treinamento. Antonier é de Solaria, ele saberá te ensinar a sua língua. Como você deve ter percebido os tribooídes também são.
- Sim, gostaria de entender o que o Falon disse quando lia o livro.
- Você saberá. Agora pegue a espada.
- Tudo bem.- Eu fui em direção a uma das espadas no chão, os tribooídes já estavam de pé e Nicácio se encontrava ao lado de Antonier próximo ao livro. Como pensei, foi inútil, senti as horas passando, o suor aumentando e nada de eu conseguir levantar nenhuma das espadas.
- Tudo bem já chega- Ganthera interveio- Sabe o que você está fazendo de errado Solar? Você não está acreditando e além do mais, não está sonhando.
- Mas como irei sonhar?
- Sonhe acordada.
Então eu entendi, fechei os olhos e dormi. Dormindo eu conseguia ver tudo mais nítido, o espaço onde estávamos eu conseguia ver em várias dimensões. Caminhei até a espada e a retirei do chão. Fiz tudo de olhos fechados!
Ganthera se aproximou de mim, eu via o poder dela saindo do corpo, via seu coração que parecia frágil por dentro e o espectro de suas asas cortadas que ainda estavam espiritualizadas nela.
- Agora Helena se pergunte a si mesma quem você é. Olhe para dentro de si.- Quando olhei para mim mesma eu vi meu coração, ele era totalmente azul com um flash de luz muito intenso, igual a uma noite de sono, um céu calmo e estrelas cintilando. Ganthera continuou:
- O que você mais queria ter neste momento? Qual poder gostaria de usar?
- Gostaria de...não sei, que tal asas de fogo?
- Isso! Agora tenha elas- Ela segurou em minhas mãos que erguiam a espada e eu senti as asas crescendo em mim, azuis como o fogo mais intenso e enormes, tão grandes que poderiam tomar toda a altura daquele lugar se eu as armasse mais.
- Agora Helena, abra os olhos!
Voltei a enxergar normal, as asas estavam lá e a espada estava na minha mão. Ganthera se voltou para mim e disse:
- Muito bem! É hora da batalha.- Ela foi até o tribooíde Metropodin e pegou uma espada, eu fiquei sem entender.
- O que isso significa?
- Vamos disputar minha cara.
- Mas eu não quero fazer isso.
- Se quiser salvar sua vida fará.
Ganthera manuseou a espada com toda a destreza da experiência, o que me assustou bastante e ficou em posição de luta. Todos os tribooídes, Nicácio e Antonier entraram numa espécie de gaiola gigante que surgiu  do nada, ou eu não tinha reparado nela ali.
Ganthera avançou e enfiou a espada traspassando pela minha costela. Fiquei imobilizada, a dor era imensa e eu pensei que ela pararia, mas ela puxou a espada de volta e ameaçou empurra-la novamente não fosse o bater de asas que eu dei para me afastar. Distante me ajoelhei sem entender nada. O sangue que saía de mim era intenso.
- O que você fez!?- Perguntei desesperada- Eu vou morrer!
- Você só está machucada se acreditar nisso Solaria. Está de olhos abertos, mas não está vendo nada.- Ganthera corre em minha direção com a espada apontada para mim, meu coração acelera de medo, o sangue pinga nas minhas mãos e eu não tenho forças para desviar, então fechei os olhos e quando a ponta da espada dela toca meu coração eu desapareci. Reapareci atrás dela e acima da gaiola onde estavam os outros voando alto. Minhas asas queimavam intensamente e uma ventania iniciou-se tão forte que os muros e o teto foram destruídos e voaram longe. Todo o concreto pesado que fechava o lugar caiu tão forte que tornou-se pó no chão eu ergui a espada e rapidamente a direcionei em Ganthera, a espada perfurou seu corpo, mas ainda mais que isto, ela deixou um enorme buraco no seu peito, levando embora todos os órgãos daquela região. Ela caiu estrondosamente no chão e Nicácio gritou neste momento de medo.
- O que você fez HELENA!?
Eu percebi que ele tentou sair da gaiola, mas ela estava enfeitiçada como se eles soubessem que isso viria a acontecer, então como imaginei, Ganthera surgiu descendo do céu rapidamente com uma fúria, olhei para o chão, mas a pessoa a quem eu tinha machucado agora era apenas um dourado pó.
- Parabéns Helena! Estou tão orgulhosa, você conseguiu vencer o meu clone!
- O seu clone?
- Sim, eu troquei com ele no momento certo em que você enfiou a espada. Estou muito orgulhosa! Você teria me matado!
- Como isso pode te deixar feliz? Eu não queria fazer isso com você, foi toda essa pressão porque eu estou sangrando e você me machucou.
- Você não está mais sangrando Helena, e aprendeu muita coisa! Está quase pronta para aprender a voltar atrás.
- Como assim? Voltar no tempo?
- Exatamente.
- Porque não me disse que eu posso fazer isso antes? Eu podia ter salvado o Erick.
- Infelizmente Helena, as escrituras deixam claras que a domadora de sonhos pode voltar um curto espaço de tempo e que nessa volta ela poderá apenas mudar as suas atitudes e não os acontecimentos.
- Mas se eu posso voltar porque não tentar ir além?
- Isso eu não sei, mas acredite em mim Helena quando digo que estudei tudo minuciosamente e se fosse tão simples assim nós saberíamos. Pois bem- ela bate com as mãos nas pernas- agora que você está toda aquecida acho que já está pronta para sua missão.

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⏰ Última atualização: Dec 20, 2019 ⏰

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