Capítulo 21-Cortina de fumaça

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3 horas e 15 minutos para a evacuação

Normalmente as ruas de Unit eram assoladas por um infernal e desorganizado trânsito, que se alastrava pelas principais vias da cidade. Naquela noite Charles manuseava o volante com total maestria, passando pelas curvas acentuadas da estrada com extrema rapidez. Muitas das avenidas eram apenas preenchidas por poucos carros, seguindo rumo a principal rota de evacuação, o destino atual do britânico obstinado.

Peter se segurava devido a alta velocidade em que o carro seguia, sempre estampando uma cara de medo, a qual Mary também reproduzia no banco de trás, segurando uma grande mochila, ocupada pelo restante dos elementos.

Charles havia partido com extrema urgência até os laboratórios da Solus-Q. Tomara sua dose do antídoto e com a ajuda dos outros dois abasteceu as granadas com o suprimento gasoso da substância. O mapa virtual no retrovisor do carro o guiava para a posição de David, e o mesmo iluminava as ruas escuras de Unit com os elegantes faróis da belíssima Ferrari da cor preta, um dos carros mais extravagantes e potentes que o mesmo achou no acervo de Waylol.

O britânico desceu o pé no acelerador mais uma vez, e o carro arrancou na estrada a frente. Peter levou a cabeça para trás no solavanco, e se segurou no painel do veículo encarando o mordomo como se temesse que ele o levasse a morte com aquela velocidade.

— Isso é incrível! Hahaha!– o promotor se virou, assutado com a empolgação de Benjer, encarando a mesma ainda com sua expressão medrosa.

— Acha que pode ir mais devagar Charles? Meus rins ficaram para trás.– dramatizou o ele, ainda se segurando no cinto de segurança.

— Ainda temos 3 horas Charles, e David já está a caminho também.– apontou Mary.

— Olhe para fora doutora. Está cidade está despencando, não há uma luz sequer ligada nas ruas. Nenhum veículo obedece aos faróis, e inúmeras pessoas estão se movendo em desespero a caminho de um local que sabemos não ser seguro. Cada minuto conta.– falou com convicção, ainda com os olhos vidrados no caminho que trilhava.

O homem possuia total compreensão do que fazia, sua direção era impecável, e o mesmo subjugava qualquer veículo e obstáculo em sua frente. Naquele momento diversas barricadas eram encontradas na rua. Pneus incendiados, lixo e móveis depredados no meio das avenidas, tudo apenas evidenciando a completa desordem que já tomava conta do local.

Mais alguns minutos pela estrada quando finalmente um dos mais aterrorizantes momentos da noite ocorreu. Os ocupantes do carro logo ouviram o grande estrondo da explosão. Havia pessoas pela rua, e um grande grito popular foi ouvido, se equiparando com o som da queda de um dos prédios da cidade.

Mary se encaminhou rapidamente até a janela do carro e pode observar a construção cair lentamente, dando espaço para a grande nuvem de poeira ocupar seu espaço no cenário noturno no horizonte. Benjer estava estarrecida, ficou petrificada ainda vendo tal visão se perder no movimento do carro. Seus olhos se encheram de água ao pensar nas vidas em risco. Contemplar o cenário na rua e as vozes sofridas que se erguiam apenas pioravam seu estado emocional.

— Mary, está tudo bem. David vai dar um jeito. Vamos dar um jeito. Vamos resolver isso juntos.– Peter se inclinou no banco da frente, depositando sua mão no joelho da companheira, em um toque delicado apenas para assegura-la e tirar sua atenção daquela cenário.

A química se virou ainda chorosa em direção ao homem, e seu sorriso confiante a passou uma paz momentânea. Ela sabia que ele também estava com medo, porém apenas sua intensão foi o suficiente para encanta-la.

Justice II- Halloween Maldito.[Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora