Ninguém merece... Acordar cedo em pleno sábado para ir ao hospital. Irei fazer novos exames e marcar minha quimioterapia. (É, eu decidi fazer a "quimio"...)
Pronto. Exames feitos... "Quimio" marcada... Agora vou pra casa do Caio, minha mãe vai me deixar lá.
D. Ana: Vê se não vai muito tarde pra casa, hein?
Eu: Não. Vou até cedo demais. Tchau.
D. Ana: Tchau filha!
(toco a campainha, e sou recebida pelo Caio)
Caio: Amoor?? Que surpresa você aqui... Você tá melhor??
Eu: Uhum. Tô sim... Posso entrar pra gente conversar?
Caio: Claro amor. Sobre o que quer conversar??
Eu: Sua mãe não está em casa?
Caio: Não. Ela foi almoçar na casa de uma amiga.
Eu: Atah. É... Tenho uma coisa muito importante pra te contar...
Caio: Hum... Vou ser papai?? rs
Eu: Não.
Caio: Nossa! Você tá séria. O que houve?
Eu: Eu... Eu...
Caio: Você o que??
Eu: Eu... Eu quero terminar...
Caio: Como é que é??? A gente se ama... O que houve??? Você tem outro, é isso??
Eu: Não tenho ninguém, só não te amo mais.
Caio: Isso é mentira, como pode deixar de amar assim de uma hora pra outra?? Olha nos meus olhos e repete isso que você falou.
Eu: Não posso... Preciso ir... (começo a chorar...)
Caio: Viu?? Você nem consegue dizer isso olhando nos meus olhos. Eu vou descobrir o que tá acontecendo.
Eu: Preciso ir. Tchau!
(Caio me puxa e me dá um longo e delicioso beijo, logo depois sem fôlego, saio correndo em direção a porta e vou pra casa)
D. Ana: Mas já??
Eu: Eu disse que voltaria rápido...
D. Ana: Mas por que??
Eu: Terminei...
D. Ana: Por que terminou?? Vocês se amam tanto...
Eu: Mãe, eu estou doente! Quanto menos pessoas sentindo dó de mim, menos pior será... Não quero nem imaginar a hipótese do Caio fazer um texto fúnebre para mim, vê-lo sofrer por mim... Ele merece ser feliz, que seja feliz ao lado de alguém que viva pelo menos até uns 90 anos...
D. Ana: Você acha que ele não tá sofrendo agora com o término e você também acha que ele não irá sofrer futuramente ao saber que você mentiu pra ele???
Eu: Eu não menti, só omiti.
D. Ana: Você que sabe... Mas saiba que não irei compactuar com essa sua "omissão"
Eu: Mas você é minha mãe...
D. Ana: E ele é meu genro que merece saber de toda verdade...
Eu: Mas quem tá doente sou eu, eu tenho esse direito. Vou dormir, estou cansada.
