iii. first things first

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    — Não! Por favor, não! — Era gritado por uma voz feminina irreconhecível, mas familiar.

    Lia se via no meio de um campo de eucaliptos, mas tudo parecia ter uma luz amarela, enquanto a lua brilhava como nunca naquele lugar e haviam algumas folhas velhas pelo chão.

    — Non in vimperium summum. Et cum pythonissam vires nunquam ending. — Agora era uma voz masculina.

    A loira botava suas mãos em seus ouvidos para diminuir o som e logo sentia seus pés acima do chão. Era possível ver uma fumaça preta ao redor de seu corpo e um de seus olhos estava amarelo, enquanto o outro estava completamente preto.

    — Et non abscondam ultra non erit ultra facile invenire. Et ostendit quod non opus est celavit. — A loira grita, fazendo seus olhos voltarem ao normal e ela volta ao chão.

    — Família irá proteger você, não importa o que ele já tenha feito, você tem a nossa proteção. — Uma mulher diz para a garota. Seus cabelos loiros e olhos verdes se assemelhavam ao da menina, que estava muito assustada. — Encontre a verdade, Lilian.

    Lia acorda suando frio com a respiração ofegante, tentando raciocinar sobre o sonho que teve. O despertador que estava ao lado de sua cama marcava 5:50 da manhã e já que ela teria que ir para a escola as 6:30 a garota levantou e começou a se arrumar.

    — Et non abscondam ultra non erit ultra facile invenire. Et ostendit quod non opus est celavit. — Ela sussurra, assimilando o sonho e o ligando com o caderno encontrado na noite anterior. — Descubra a verdade.

    A loira se arruma rapidamente, vestindo  uma calça jeans rasgada nos joelhos e uma regata branca por dentro dela e pondo uma jaqueta de couro (falso) preta por cima.

    — Oi tia. — Disse enquanto descia as escadas.

    — Oi Li, dormiu bem? — Perguntou, com um sorriso amigável no rosto.

    — Mais ou menos, eu tive um sonho meio estranho. — Deu de ombros enquanto botava suco de laranja em um copo.

    — Sério? Me conta sobre ele. — A mais velha pediu, franzindo o cenho.

    — Não vai dar, já estou atrasada. — Respondeu ao olhar o relógio que já marcava 6:20. — Beijo tia, te amo. — Depositou um beijo no topo de sua cabeça antes de sair da casa.

    A garota vai andando com a cabeça na lua, quase que literalmente, tentando conectar todas as coisas que ela havia visto em seu sonho. Por que um olho estava completamente preto e o outro amarelo? Por que tudo parecia um pouco vermelho?

    — Ah, desculpa. — Lia diz ao esbarrar em alguém, sem nem perceber a mesma já estava na escola.

    A menina em sua frente parecia um pouco perdida, seu cabelo estava extremamente bagunçado e ela parecia preocupada com algo.

    — Tudo bem? — Ela assentiu sem dizer nada. — Eu sou a Lia. — Estende a mão para cumprimenta-la e logo é compreendida.

    — Hope. — Ela diz pela primeira vez, o que faz Lia sorrir, mas tinha algo estranho sobre o olhar da garota que deixava a loira bastante intrigada.

    — Eu tenho que ir na sala do diretor mas eu te vejo depois. — Sorriu, sendo retribuída por um sorriso tímido vindo da outra. 

⤸ ⤸ ⤸

    — E ai Lia, como foi o primeiro dia de aula? — Perguntou, Amy, assim que viu a sobrinha entrar na casa.

     — Cansativo, é o primeiro dia e eu já to atolada de deveres. — Ela responde indignada, o que faz a mais velha rir.

     — Ensino médio é assim. — A mulher ri, enquanto continuava a preparar o almoço.

     — Quer ajuda?

     — Precisa não meu amor. — Sorri, olhando a garota.

— Okay, então eu vou pro meu quarto. — Responde, logo subindo as escadas e se fechando no seu quarto.

A menina deita em sua cama, se perguntando se iria ler o livro agora ou iria deixar para depois porém logo decidiu o ler.

— Vamos ver o que ta escrito nesse negócio.

Ela abre o livro com cuidado, observando o relevo em sua capa e logo consegue ler um nome em sua primeira página.

— Deka. — Lê a primeira página, logo não conseguindo ser seu sobrenome. — Traduzido pela família para a família. Esse é o legado dos. — Continua a leitura, logo não conseguindo ler o sobrenome o novamente.

    Existe um estigma por nossa linhagem, alguém sempre quer mais poder do que pode ter e afeta nossa família. A maldição lançada em nós fez com que perdêssemos nossos poderes, agora viver se tornou mais complicado, não podemos ter ajuda da natureza, e na maioria do tempo temos que nos virar como humanos normais.
     Mas existem tempos em que temos que agir como animais, animais que caçam, animais com olhos amarelos, animais que não conseguem controlar como irão ser. Somos selvagens.

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