Capítulo 1

5.6K 295 22
                                    

Não é fácil ser filha de um chefe de estado, mas não serei hipócrita em dizer que o luxo, uma vida confortável, não sejam essenciais para mim, porém há outro lado dessa história bem menos invejável que o anterior...


— Sarah, não vá. — Nancy pede pela décima vez.

Ela trabalha na família há muitos anos e praticamente me criou depois que minha mãe resolveu seguir carreira em outro país e meu pai entrar para a política, então a considero mais do que qualquer pessoa da família.

— Não se preocupe. — Digo, enquanto caminho pelo quarto, pegando alguns acessórios. — Te garanto que não farei falta nesse jantar.

— Seu pai ficará furioso. — Cruza os braços.

— Não na frente dos convidados. Lembre-se que o Senhor Franco precisa manter a postura elegante. — Paro em frente ao enorme espelho e coloco um par de brincos.

Ele vive marcando esse tipo de evento em casa e prefiro manter distância de pessoas com sorrisos falsos no rosto, enquanto tramam pelas costas um dos outros.

— E o que eu falo quando procurar por você? — Pergunta.

Pego um frasco de perfume importado e borrifo em meu pescoço.

— O de sempre... — Dou de ombros. — Que não me encontrou no quarto. Nancy... — Me viro para encará-la. — Vou aproveitar muito minha noite... Longe da falsa relação carinhosa que quer passar. Não se preocupe comigo. — Pego minha bolsa e lhe dou um abraço. — Até amanhã.

— Você não tem jeito mesmo. — Revira os olhos. — Tome cuidado, por favor.

— Pode deixar. — Dou um beijo em sua bochecha e saio, a deixando para trás.

Desço as escadas e vejo o tumulto de funcionários andando para lá e para cá, a fim de deixar tudo arrumado para mais tarde. Por sorte, toda vez que acontece esses encontros, os seguranças ficam atentos em montar um esquema de proteção diferenciado e é aí que aproveito para sair da mansão sem ter ninguém me enchendo, ou vindo atrás de mim.

Já na rua do condomínio, chamo um carro por aplicativo e vou direto para o apartamento do meu melhor amigo. O Josh e eu cursamos o mesmo curso de publicidade.

— Quando a donzela ficará pronta? — Grito do quarto, enquanto estou esparramada em sua cama, mexendo no celular.

— Querida... — Sai desfilando do closet. — Sabe que não vou se não for para brilhar. — Dá um rodadinha, mostrando seu conjunto de calça e casaquinho chamativo.

Ele é muito estiloso e diversas marcas o contratam para divulgar seus produtos nas redes sociais. Com seu cabelo black power e postura elegantíssima, chama atenção por onde passa.

— Nunca espero menos de você. — Levanto e paro em frente ao espelho para arrumar meu vestido de couro e amassar um pouco as ondas que fiz em meus cabelos castanhos.

— Olha... — Fica atrás de mim, me analisando. — Se eu fosse hétero, estaria caidinho aos seus pés. — Brinca.

— E quem disse que te daria condição?! — Zombo.

— E também estaria com os sentimentos feridos pela sua rejeição, olhos de mel. — Ri.

— Para com isso. Não começa com seus dramas melancólicos. — Agarro seu braço e começo a puxá-lo. — Vamos, porque preciso de uma bebida.

Saímos do prédio, rumo a nossa balada favorita. O lugar está muito animado e a música alta nos contagia.

— Ah, não acredito. — Josh toma um gole do seu drinque.

MEU SEGURANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora