I'm not talking about girls, I'm talking about boys.

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— De que garota está falando, Richie? — Eddie me perguntou. — É da menina nova, a Max Mayfield?

— Eddie, eu não estou falando de garotas, estou falando de garotos — eu disse, e foi como se alguém tivesse parado o filme na cena mais impactante.

Soltei o ar que nem lembrava que havia deixado preso, e levei minhas mãos a minha cabeça, passando as pelos meus cabelos encaracolados. Minha visão estava ficando turva, e era como se eu estivesse sem óculos, não conseguia ver mais nada.

— Eddie, eu... — foi tudo que eu falei, e depois por impulso, coloquei as minhas mãos para cobrir meu rosto.

Eu ia chorar, e não queria que Eddie visse aquilo. Não queria que ele me visse como uma pessoa fraca, e que começa a chorar de repente.

— Richie? — ele falou calmo. Não sabia que em situações assim ele poderia ficar calmo, e não ter um ataque de asma.

Senti sua mão em meu ombro, como sinal de que ele estava tentando me acalmar. Ninguém nunca havia agido assim comigo, ainda mais quando eu estava chorando. Minha mãe simplesmente mandava eu calar a boca, ou engolir o choro. Eddie aparentemente foi o primeiro a cuidar de mim enquanto eu chorava.

— Eddie, olha... e-eu — ele não deixou eu terminar a frase, e me abraçou de lado.

Era reconfortante sentir os braços dele me envolvendo, uma das melhores sensações que eu já senti. 

Eu tirei minhas mãos do meu rosto, meu olhos ainda estavam inchados, e algumas lágrimas ainda escorriam pela minha bochecha; mas ainda assim, eu pude observar Eddie me abraçando, com os olhos fechados, e com o rosto apoiado em meu ombro.

— Chee, fica calmo. Não precisa chorar — ele disse com os olhos ainda fechados. 

"Chee"? Ele me chamou de Chee? Eu gostei.

— Chee, tá tudo bem se você gosta de garotos — ele disse, agora me olhando, e passando a mão nos meus cachos.

Eu simplesmente sorri. Não havia mais nada para fazer naquele momento, a não ser sorrir. Sorrir porquê Eddie me aceitou do jeito que eu sou, e ainda me chamou de Chee.

— Sabe que tipo de garotos eu gosto? — perguntei, e ele assentiu negativamente com a cabeça. — Eu adoro aqueles que usam camisa de botões, e gosto ainda mais quando eles são paranóicos — falei e sorri, me deitando na cama.

— Seu tipo pra namorado é estranho, Chee — ele disse, e riu, se deitando ao meu lado. Eu me virei para o olhar, e ele também se virou.

Ficamos rindo da cara um do outro, até que eu fui me aproximando lentamente dele. Eu queria o beijar, e acho que ele também.

— Pera aí, pera aí... — ele disse e se virou, indo pegar alguma coisa na gaveta da cômoda que havia ao lado da cama. 

Quando ele se virou para mim novamente, em suas mãos estava uma bombinha para asma. Eu ri.

— Sério isso, Eddie? Justo agora? — eu perguntei, ainda risonho.

— Claro. Não quero ter um ataque de asma antes ou depois de te beijar — ele respondeu, e colocou a bombinha embaixo do travesseiro dele.

Eu apenas ri, ele poderia ser paranóico, mas ainda era o meu tipo, e ainda era o Eddie que eu era – e ainda sou – perdidamente apaixonado. 

Fui me aproximando dele, ele estava me olhando de um jeito ansioso, como se estivesse esperando por aquilo tanto quanto eu. Coloquei minhas mãos em seu rosto, apreciando cada detalhe do mesmo enquanto acariciava sua bochecha suavemente. E então o beijei.

Não foi um beijo desesperado ou excitante. Não. Era um beijo que estava ajudando todos os sentimentos que deixamos presos por muito tempo. Era um beijo que nós precisávamos.

Eddie então colocou suas mãos em meus cabelos, e eu desci as minhas mãos para a sua cintura, e assim afastamos nossos rostos, e eu vi um Eddie sorridente.

— Isso foi bom — ele disse.

— Não se importa com os milhares de germes que trocamos? — perguntei e ele riu baixinho.

— Não. Por você, Chee, vale a pena.

— Desde quando me chama de Chee? 

— Bem, se você deixar eu te chamar de Chee, eu não vou reclamar tanto quando você me chamar de Eds. — ele disse. — Pode ser, Chee?

— Negócio fechado, Eds — eu sorri e ele me abraçou.

Eu sorri pela vigésima vez aquela noite. Era oficial, eu tinha beijado o amor da minha vida, o garoto paranóico que eu amava até o fim do mundo. E meu sentimento era recíproco, o que me deixava mais feliz do que qualquer um.

— Ei, Eddie? — o chamei e ele me olhou. — Agora que estamos namorando...

— Espera... namorando? Você nem me pediu em namoro! — ele falou e eu ri com a atitude dele.

— É mesmo, não é? — pensei. — Espera só um minuto...

Eu fui até a mochila dele, e tirei de lá a bombinha que ele levava todo dia para a escola. A peguei e me ajoelhei na frente dele.

— Edward Kaspbrak — eu me ajoelhei. — Você aceita ser o meu namorado? Você aceita ser o namorado asmático do Trash-mouth Tozier? Você aceita me fazer o homem mais feliz do universo? — mostrei a bombinha para ele, e ele riu. — Quer namorar comigo?

— Mesmo que isso tenha sido hilário, eu ainda achei romântico. — ele falou, e pegou a bombinha da minha mão, a apertando dentro de sua boca. — Então, sim Richie, eu aceito.

Eu levantei e dei um beijo rápido nele.

— Então, se me deixar terminar a frase dessa vez, agora que estamos namorando, me paga um boquete? — perguntei e ele arregalou os olhos.

— Meu Deus, Richie! — ele me falou e deu um tapinha no meu braço. — Tem sorte que eu te amo.

Eu sorri. Foi o primeiro "eu te amo" da nossa relação.

— Eu sei disso. E eu também te amo! — disse e o abracei.

Sinceramente, acho que nunca fiquei tão feliz por gostar de garotos, quanto naquela noite.

boys!  (  REDDIE  )Onde histórias criam vida. Descubra agora