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Finalmente havia chegado ao orfanato, antes de sair de casa percebi que Billy estava um pouco estranha, me olhando como se fosse uma espiã ou alguma investigadora que queria descobrir as cenas de um crime, ela insistiu outra vez para vir comigo, mas depois acabou cedendo após Courtney ligar perguntando se iria realmente brincar com ela, Billy não queria mesmo decepciona-la.
As luzes do orfanato estavam todas acessas, era um dia muito agitado para essas crianças que poderiam sair para visitar alguém ou receber alguma visita, dessa vez era diferente com Bob que não seria de nenhuma das duas formas.
— Feliz Natal, Bob! – A primeira coisa que fiz ao entrar pela porta foi reparar os olhinhos brilhantes de Bob antes de dar atenção a outras pessoas que estavam ali, ele logo me respondeu e me deu um longo abraço que eu sabia muito bem que era de conforto. – Seus olhos estão cheios de água.
— É porque isso é muito importante pra mim. – Ele as enxugou.
— Pois eu digo o mesmo, esse momento é tão importante para você quanto pra mim!
— Às vezes me pergunto o porquê você se preocupa com isso, você já possui uma família!
— Você precisa entender que vale a pena o esforço por você e que além disso é muito importante, mas algumas coisas você só entenderá com o tempo, ou melhor dizendo, sentindo com o tempo.
— Eu já sinto muitas coisas. – Ele deu uma risadinha.
— E é esse o motivo deu estar aqui. – O aproximei ainda mais. – Não é mesmo, dona Nilza?
— Com toda certeza essa é a melhor notícia para Bob. – Ela que era a responsável do orfanato e que sempre estava com um dos mesmos modelos de roupa que sempre usava, respondeu. – Ele está arrumando suas malas a dias!
— Da mesma forma que estou preparando a casa a um bom tempo para ele também.
— E Billy, como está?
— A deixei com um dos vizinhos para vir buscar Bob, ela está ansiosa para o natal desse ano.
— E ela está animada?
— Não contei nada da surpresa para ela no dia de hoje, acho que ela nem espera por isso.
— Tenho certeza que vão se dar muito bem, ainda mais depois da sua empolgação quando a vi falar de um novo irmãozinho.
— Eu espero mesmo que eles se dão bem. – Eu sorri mais uma vez. – Bom, agora acho melhor se despedir dos seus amigos, precisamos ir antes que a neve caia mais forte.
Enquanto ele se despedia e abraçava sua outra família coloquei suas coisas no meu porta-malas, ao voltar percebi que mesmo com essa espera duradoura ele ainda sentia por deixar aquelas pessoas, percebi também que ele tinha mesmo razão, não era fácil deixar as pessoas e ir embora, da mesma forma que é difícil ver alguém indo e você ficando, sorte que dessa vez nossas duas vontades eram as mesmas e nós dois estávamos indo.
