BILLY

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Assim que aquele abraço se desfez senti que o nosso coração mesmo que os corpos não estivessem inteiramente juntos eles estavam ligados, um a um, entrelaçados entre três pessoas que estavam naquele exato momento construindo uma relação diferente, ...

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Assim que aquele abraço se desfez senti que o nosso coração mesmo que os corpos não estivessem inteiramente juntos eles estavam ligados, um a um, entrelaçados entre três pessoas que estavam naquele exato momento construindo uma relação diferente, não basicamente nova, já que fazia um tempo que estávamos planejando a chegada de um garoto que até uns anos atrás ainda não conhecíamos, era o começo de uma família, que estavam descobrindo sentimentos que nunca pensaram que poderiam sentir, especialmente eu mesma.

Entramos pra dentro de casa, aproveitamos nossa refeição, colocamos nossos casacos, nos agasalhamos melhor e fomos para fora, construímos o boneco de neve de Bob que estava agora ao lado do meu e de mamãe, o que diferenciava era que no lugar onde o nosso havia botões no dele havia um coração, com o seu nome, o de mamãe e o meu.

Em seguida, vislumbramos todo o espaço que continha as luzes da cidade, eram tantas que podíamos observar vários detalhes e ainda teria mais coisas pra se ver, observamos também nossa casa que dessa vez parecia estar com um aspecto mais aconchegante, talvez por algum motivo.

Depois recebi uma bolada de neve na cabeça tão rapidamente que fez esquecer do que eu estava pensando, imediatamente olhei para mamãe e vi que ela havia começado, num instante fui me vingar e acabei acertando em Bob, o que acarretou numa guerra individual entre todos nós.

Foi uma loucura! Então cansamos e nos sentamos, ainda observando toda a cidade de Tromso, até que surgiu a conversa sobre minha própria vida, mamãe desviou o olhar talvez pensando que não queria me deixar triste naquele instante com esse assunto, mas eu disse que estava tudo bem e que eu já não estava chateada e que uma hora ou outra aquele papo iria surgir de toda maneira.

Ela então me contou tudinho, disse que eu ainda era um bebê quando me pegou pelo colo a primeira vez, imediatamente quando aquilo aconteceu seu coração que estava tão entristecido se aquecera, ela havia acabado de passar por situações difíceis seguidas da outra, seu marido a deixara isolada, grávida e sozinha, sem se preocupar com a própria filha que estava sendo gerada dentro de sua barriga, seu desejo de não querer o filho parecia ser tão grande que simplesmente numa noite ela havia acordado sentindo fortes dores, depois descobrira que o que estava dentro dela não se passava de um ser que já não mais possuía vida e que por alguma razão ou não nunca mais iria gerar algo dentro dela mesma, foi aí que entrei na história quando logo depois de um tempo me conhecera num abrigo, dissera ela que foi um dos momentos mais emocionantes da vida dela e ainda mais quando recebeu a notícia de que finalmente poderia me levar para casa.

— Está vendo como somos importantes uma pra outra? – Mamãe me olhara com delicadeza, fazendo-me perceber que aquilo era muito mais do que simplesmente dizer que me amava.

— Às vezes nem percebemos que o que importa mesmo é o que sentimos lá dentro de nossos corações, e que nem mesmo nenhuma decoração importa se você mesmo não estiver brilhante. – Mamãe me olhou orgulhosa ao me ver dizer aquilo.

— Sabe que meu ex-marido muito orgulhosamente me disse que nunca mais eu geraria um filho dentro de mim? E ainda disse isso olhando profundamente dentro dos meus olhos.

— E isso não é verdade, não é mesmo? – Bob se pronunciara.

— Como assim? – Eu Perguntei.

— Filhos são gerados através do coração. – Mamãe emocionada falou.

E então como se tivéssemos combinado e ensaiado um discurso, imediatamente e surpreendentemente eu e Bob respondemos juntos, na mesma hora, no mesmo instante, naquela incrível e bela noite de natal:

 — E as mães também são!

 — E as mães também são!

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