Musa (Em Revisão)

Capítulo 10

Já estávamos quase no fim da semana. Havia tanta coisa acontecendo tão depressa que parecia que o tempo corria mais rápido. Um pouco antes da aula começar, Samir e eu estávamos em pé em frente a nossa sala de aula conversando. Falávamos muito animados, afinal, tínhamos um segredo em comum.

— Você não está mais chateado comigo, né? — perguntei.

— Não. Depois que voltei para o meu quarto, eu pensei em tudo que você me contou e fiquei feliz por confiar em mim!

— Que bom, fico aliviado!

— Musa é uma garota ainda mais bonita vista de perto. Não sei como você ainda não se apaixonou por ela. — disse Samir sorrindo.

Fiquei completamente sem graça e com as bochechas avermelhadas. Não sabia o que responder, se ria ou se escondia meu rosto. Como reação, abri e fechei a boca e comecei a coçar a cabeça pensando no que eu responderia, afinal, a situação já estava ficando constrangedora.

— Você vai contar para elas também? — perguntou Samir vendo as gêmeas aparecendo no final do corredor e andando para onde estávamos.

— Não sei. Temo que Musa fique brava comigo.

— Ué, mas por quê?

— Digamos que eu tenha falado uma coisa para ela e estou fazendo completamente o contrário... — respondi coçando a cabeça.

— Tenho certeza de que ela não vai ligar!

— Mesmo?

— Claro! Ela confia em você.

— Como pode ter tanta certeza? — perguntei interessado.

— Bem, ela dorme no seu quarto.

— Quem dorme no quarto do Dim? — indagou Olga acompanhada por Olívia com uma expressão de curiosidade.

Droga! Não tinha notado que elas já estavam tão próximas. A única coisa que consegui responder na hora foi que depois da aula eu conversaria com elas. Por sorte (ou azar) o sinal tocou e entramos na sala de aula. Enquanto nos sentávamos, cochichei com Samir para não dizer nada, por mais que elas insistissem. Ele concordou, porém disse que agora seria inevitável não contar.

Quando as aulas da manhã encerram, ao invés de irmos para salão de refeições almoçar, sugeri que apenas pegassem salgadinhos e sucos e nos encontrássemos na biblioteca. Eu iria depois, pois buscaria Musa no meu dormitório. Ninguém entendeu direito o motivo da minha escolha e questionaram o fato de comer escondido na biblioteca, mas, no final, seguiram o que eu falei. Mandei uma mensagem para Samir procurar pela mesa mais reservada que conseguisse encontrar.

A biblioteca da escola é enorme. É um prédio comprido com três andares e alguns janelões. Do lado de dentro, as estantes de livro ocupam os três andares, tendo estreitos corredores entre elas, onde correm as escadas para alcançar um livro que fique mais alto. O centro do segundo e terceiro andar têm uma espécie de vão circular, que permite ver os andares debaixo, cercados por uma proteção de madeira. Toda a sobra de espaço dos andares é repleta de mesas retangulares de 6 a 8 lugares. Apenas no primeiro andar fica uma série de computadores configurados para apenas pesquisar assuntos acadêmicos. Qualquer outro conteúdo deve-se usar os computadores do café ou, para quem tem, um notebook particular. Samir conseguiu encontrar uma mesa de seis lugares que fica entre duas estantes no final do corredor do segundo andar. Estava já perto da mesa quando ouvi Olga perguntar quem era a aluna que estava comigo.

— É a garota que eu vi ontem! — anunciou Olívia apontando para Musa.

— Vou explicar tudo a vocês. Peço que me escutem até o final. — falei.