Era a manhã da véspera de Natal. Millie estava dormindo em sua cama quentinha, enquanto do lado de fora nevava e haviam crianças brincando na neve, junto de seus pais ou não.
A garota abriu seus olhos e lentamente os esfregou, antes de se sentar e lembrar: "Amanhã é natal!"
Levantou-se e então tomou seu banho, escovou seus dentes e pôs uma roupa quentinha, pois tinha marcado com sua amiga de ir ao shopping comprar uma roupa para passarem o ano novo juntas. Desceu, e tomou café com seus pais, que tanto a amavam.
- Bom dia, mãe. Bom dia, pai. - disse sorrindo, enquanto pegava uma tigela e colocava leite e cereal.
- Bom dia, filha. Dormiu bem? - questionou a mãe, enquanto se sentava e bebericava do café que estava na xícara que segurava.
- Muito. - disse a mais nova, enquanto devorava seu cereal.
- Cuidado, querida. Vai acabar se engasgando. - disse o homem ali presente, tirando os olhos de seu jornal e olhando para a pequena figura feminina a sua frente.
- Desculpe. - disse a jovem, enquanto voltava a comer, mais devagar dessa vez.
Depois de terminar deu cereal, Millie subiu as escadas e escovou os dentes, logo voltando para onde estava. Pegou sua bolsa, seu celular e se despediu de seus pais.
- Tchau, pai. Tchau, mãe. - disse depositando carinhosamente um beijo na bochecha de ambos.
- Tchau, querida.
- Tome cuidado na rua você e sua amiga. - disse o homem, enquanto guardava o jornal e se dirigia em direção a cozinha para ajudar sua mulher.
A garota pegou seu celular e ligou para sua amiga, tendo uma curta conversa e logo se encontrando perto do shopping, como combinado.
Entraram em várias e várias lojas, comprando roupas e sapatos aos montes. Finalmente resolveram dar uma pausa e ir comer alguma coisa, afinal, o dia de compras estava longe de chegar ao fim.
Andavam calmamente pelas ruas frias quando avistaram uma pequena garota que se encolhia devido ao frio e pedia dinheiro aos que passavam em sua frente.
- Com licença... - disse a jovem, assim que viu as garotas.
- Pois não? - disse Millie, querendo sair dali o mais rápido possível.
- Vocês teriam algo para me dar? Agasalhos, comida... Qualquer coisa, por favor... Estou morrendo de frio e fome.
- Por que não vai pedir isso em outro lugar? Pelo amor de Deus né, garota! Aqui lá é lugar de pedir essas coisas?
- D-desculpe... - sibilou a garota, sentindo seus olhos marejarem e logo escorrerem várias lágrimas.
Logo Millie e sua amiga se retiraram dali e foram para uma cafeteria ali perto. Entraram, pediram e estavam aguardando seus pedidos sentadas em uma mesa perto da porta.
- Millie...
- Oi? - disse a garota tirando a atenção de seu celular e virando para a amiga.
- Não precisava ter falado assim com aquela garota, sabia? Foi muito grosseiro da sua parte... Ela só estava tentando sobreviver. - proferiu as palavras de uma só vez e desviou o olhar de sua amiga para a mesa onde seus braços se apoiavam.
- Como é? Vero, pelo amor de Deus! - exclamou a jovem, já irritada. - Primeiro que não é culpa minha se ela moras nas ruas, segundo que lá não é lugar para ela ficar pedindo essas coisas. Se ela quiser ajuda, ela que procure um abrigo! Eu não vou gastar meu dinheiro ajudando pessoas que não conheço e que não tenho nada a ver com a vida! - disse de uma vez e soltou um suspiro pesado.
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Antologia Contos de Natal
ContoO que é o natal? O que essa data, tão cheia de significado, representa para você? Quais histórias existem dentro das mensagens de amor, esperança e alegria que essa data trás? Talvez não possamos contar todas elas, mas pelo menos algumas, sim, afina...