__________________^-^__________________" Cada um lê com os olhos que tem e interpreta onde os pés pisam, todo ponto de vista é um ponto. Para entender melhor alguém que lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão do mundo."
Leonardo Boff.
___________________×_×__________________Os corredores transpareciam um tom carmim bem claro, a luz refletia maravilhosamente em uma pequena vidraça antiga que havia no fim de todos os andares. Não diria que era um corredor estreito, mas poderia se sentir os corpos próximos quando se esbarravam duas pessoas lado a lado. E isso deixava as duas garotas mais próximas do que imaginavam.
Rebecca e Ellen se encontravam perdidas em situações diferentes, uma estava em total pavor interno, e a outra, em um delicado estado de desorientação. Entre pequenas frases de pergunta e resposta, Rebecca resolveu esclarecer um pouco a situação.- Eu estou perdida de verdade, digamos que... - sua voz foi diminuindo de acordo com a dificuldade com as escolhas de palavras.- Eu fui deportada sem meu consentimento.
- Ah Meu Deus... Tadinha. - exclamou Ellen chocada. As chaves que se encontraram em sua mão, naquele instante foram parar no chão, e os seus olhos se arregalaram com aquela notícia. - Fizeram algo a mais com você? Te machucaram?
- Oh céus, não digo isso! - pigarreia Becca e complementa em um sussurro. - Foi magia! Foi este livro que me trouxe para cá. - ela o levanta e aponta em direção a Ellen, no qual a mesma pisca incrédula.
A certeza absoluta na voz de Rebecca a trouxe de volta ao transe, ela pegou o livro nas mãos e o abriu, com dificuldade em acreditar que aquilo estava acontecendo. Tá okay... conto de fadas? Aquela mulher a sua frente com toda certeza havia enlouquecido.
Começou com um conto da Bela e a Fera e um sorriso inapropriado apareceu no canto interno da sua boca. "Você é a minha eterna e pequena Bela, minha princesinha! ", era uma das frases que sua mãe sempre falava. Seus pais todas as noites liam para ela quando criança, a história daquela moça que viajava em muitos livros e que guardou para si o mais puro amor.O amor que não se baseava em aparência, mas sim, no sentimento.
Ao voltar para a Terra, se assusta com a expressão amedrontada de Rebecca, precisava ajudá-la, mas para isso precisava saber como ela tinha chegado ali e isso iria ser muito confuso de entender. Então Ellen recolheu as chaves do chão, entregou o livro em silêncio e abriu o quarto que a moça se hospedaria.
Ao passar pela porta o queixo de Rebecca se foi ao chão. Era tudo novo e mais "colorido", como se o aconchego em si, se transformasse naquele pequeno ambiente. Um arrepio a tomou, o ar estava mais gelado ali dentro, e houve uma pequena colisão com seu corpo agitado e quente e a onda fria que a pegou de surpresa naquele ambiente.
Tentou amenizar cruzando seus braços enquanto admirava o incrível cômodo.- Não é muito luxuoso, mas pode ter certeza que aqui você encontra o conforto que precisa. - confessou Ellen em meio a um sorriso de "boas vindas".
- Muito obrigada por me ajudar! Eu estaria totalmente perdida agora se não fosse pela sua nobre gentileza. - agradeceu Becca entusiasmada.
- Eu não me perdoaria se te deixasse perdida por aqui. - comentou a olhando nos olhos. - Além do mais, este quarto não está reservado a um bom tempo! Poderá ficar aqui o tempo que for preciso.
- Me perdoe, mas não terei dinheiro para lhe pagar a estadia. - Rebecca diz em meio a vergonha. - Mas se me deixar passar pelo menos uma noite, eu seria muito grata.
- Fique tranquila, entendo que não poderá se estabilizar aqui em uma semana apenas. Então posso lhe conceder de graça por até 3 semanas, incluindo as refeições que são servidas quatro vezes ao dia.
- Não encontro palavras para demonstrar a minha gratidão! - assim que Rebecca terminou de falar lhe deu um abraço caloroso, deixando Ellen sem jeito.
- Eu que fico feliz em ajudar... - Ellen respondeu e deu um sereno sorriso junto a resposta.
E o silêncio já havia se tornado aliado entre elas, era tipo um intervalo de analise. Nesse meio tempo as duas organizavam as frases na mente antes de dizer alguma coisa. Aquela era uma situação delicada, onde ambas estavam sem palavras, sem reação e incrédulas no que estavam vivenciando. Por isso Ellen resolveu deixá-la no quarto para se acomodar, dar um tempo a ela de se acostumar neste "novo" mundo. E com toda certeza voltaria para ver se ela estava bem.
No caminho de volta para a recepção ficou pensativa, a cada degrau sua mente criava teorias e modos para que ela pudesse ajudar aquela mulher. Atordoada ainda, mal viu o homem que subia as escadas as pressas, e num pequeno contratempo os ombros de ambos se esbarraram. Os olhos deles se encontraram e seus lábios apertaram ao mesmo tempo.
- Ahm... Olá Evan. Veio mais cedo desta vez. - Ellen tentava não gaguejar, mas com seu estômago revirando, era um pouco mais complicado.
- Sim, eu tive uma reunião aqui perto e resolvi passar aqui. - ele respondeu.
Sua voz era tônica e forte fazia jus a sua aparência rústica, olhos claros marcantes, barba rarifeita por fazer, cabelos na altura do ombro e um jeito de mistério. Um homem bem resolvido e inteligente era o padrão certo para descrevê-lo, sua função ali no hotel era analisar cada detalhe, desde a porta da recepção ao lençol da cama. Tudo milimetricamente perfeito. Seu poder era tão forte para a vida Ellen, que de certa forma, seu coração acelerava... mas não de temor, e sim... de algo que não podia acontecer. "Ah meu deus Ellen diga algo!", forçou a si mesma para continuar.
- Está bonito hoje! - decepção bateu ao terminar as palavras, "Está bonito hoje!", sério isso?
- Obrigado... E digo o mesmo, a senhorita está encantadora. - agradeceu Evan sem jeito enquanto ajeitava seu cabelo desarrumado, não estava desarrumado, só foi um modo de disfarçar a sua vergonha.
- Obrigada. - sorriu tímida.
Ellen de qualquer forma era encantadora, os grandes olhos castanhos eram tão intensos... seu cabelo amarrado era... ah não haveria forma de explicar o que acontecia com seu coração. Seu jeito intelectual e seu fascínio por livros era algo surpreendente para ele, como se não bastasse ser bem inteligente ela era muito independente e aclamada por seus hóspedes. E agora a sua função ali era ser apenas mais um cara que iria avaliar sua bela coordenação no hotel. Só isso.
- Bom, queria perguntar sobre o elevador. - sua voz firme ecoou nas escadarias.
- Ele quebrou ontem, mas já liguei para a manutenção e vão arrumar esta tarde. - disse em tempo recorde, a ansiedade a fazia perder o ar rapidamente.
- Era só isso mesmo, tenha uma boa tarde Ellen. - as palavras saíram timidas, mas pode perceber um sorriso no canto interno da boca ao se despedir.
- Digo o mesmo para você... digo... o senhor. - disse Ellen sem graça.
Ele assentiu e subiu as escadarias, e depois de um suspiro de alívio, Ellen prosseguiu para a recepção.
__________________×÷×__________________
Sinto cheiro de amor no aaaarrrrr ❤
Foi pequenininho, mas agradeço sua leitura ❤🌻
Não se esqueça de votar!!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Realmente Contos?
FantasiaPoder vivenciar muitas histórias lidas... é um desejo de muitas pessoas. Rebecca, nascida no século XIX, obteve a sorte de ter este poder tão invejável. Ser a "fada madrinha" dos contos de fadas no mundo atual, não será nada fácil. Mas seria sort...