Capítulo 7

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O tour de Any termina depois de uma visita à piscina olímpica coberta. Se tem uma coisa que ela aprova é o meu corpo. O visual mal alimentado é popular, ela me informa, com uma brusquidão que estou começando a achar que é parte da personalidade dela, e não um reflexo do que ela acha de mim.

- Você pode me achar uma vaca, mas só sou sincera. Astor Park é um tipo de escola totalmente diferente. Estou supondo que você tenha estudado em uma pública. - Ela aponta para minha calça jeans skinny de brechó.

- Estudei, mas e daí? Uma escola é uma escola. Tem várias panelinhas. Os populares, os ricos...

Ela levanta a mão para me fazer parar.

- Não. Aqui não é parecido com nada que você tenha vivenciado. Sabe a academia que vimos mais cedo? - Faço que sim em resposta. - Era para ser para o time de futebol americano, mas a família de Sina Deinert deu um chilique e tudo foi repensado para que tivesse acesso liberado para todos, exceto em horários específicos. Entre cinco e oito da manhã e duas e oito da noite, é só para o futebol americano. No resto do tempo, os outros alunos também podem usar. Legal, né?

Não sei se ela está brincando, porque o acesso limitado me parece ridículo.

- Por que os Deinert protestaram? - pergunto com curiosidade.

- Astor Park é um colégio particular com P maiúsculo. - Any continua andando. Não há botão de desligar nela. - Todas as famílias do estado querem que os filhos estudem aqui, mas esta é uma escola exclusiva. Não basta ter dinheiro para entrar. Todo mundo que estuda aqui, até quem tem bolsa, está aqui porque tem alguma coisa especial a oferecer. Pode ser que sejam ótimos no campo de futebol americano ou possam levar a equipe de Ciências a ganhar o prêmio nacional, o que quer dizer a imprensa nacional. No caso de Sina, ela é capitã do time de dança, o que, na minha opinião, fica a um passo de ser stripper...

Merda, acho bom não ter sido por esse motivo que Matthew sugeriu isso hoje de manhã.

- ...mas elas vencem, e a Astor gosta de ver o nome da escola na seção de vencedores do jornal.

- Então por que eu estou aqui? - eu murmuro baixinho.

Mas Any deve ter audição de super-heroína, porque, enquanto abre a porta à sua frente, diz:

- Você é uma espécie de Royal. Que tipo de Royal, ainda veremos. Vai ser engolida por esta escola se você for fraca, então minha sugestão é tirar vantagem de tudo o que o nome Royal oferece, mesmo que precise tomar à força.

Uma porta de carro bate e uma loura platinada, muito magra, de calça colada e salto agulha anda na nossa direção.

- Oi... hã... - A estranha leva a mão até a testa como se estivesse protegendo os olhos do sol, o que é completamente desnecessário, considerando que está usando uns óculos de sol enormes que cobrem quase toda a sua cara.

Minha guia murmura baixinho:

- Essa é a namorada de Matthew Royal. Você não precisa ser legal com ela. Ela é só uma figurante.

E, com esse sábio conselho final, Any Gabrielly desaparece, deixando-me com esse fiapo de mulher.

- Você deve ser a Paliwal O'Halloran. Sou a Hayley, amiga de Matthew. Vim levar você para fazer compras. - Ela bate uma palma como se isso fosse a coisa mais empolgante do mundo.

- Shivani Paliwal - corrijo.

- Ah, me desculpe! Sou péssima com nomes. - Ela sorri para mim. - Vamos nos divertir tanto hoje!

Eu hesito.

- Hã. Nós não precisamos fazer compras. Posso ficar aqui na escola até o ônibus chegar.

𝑷𝒓𝒊𝒏𝒄𝒆𝒔𝒂 𝒅𝒆 𝑷𝒂𝒑𝒆𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora