Capítulo 33

515 51 21
                                    

Quando aperto o botão do chaveiro eletrônico para abrir o porta-malas, observo o estacionamento em busca do Range Rover de Bailey. Não o encontro em lugar nenhum, o que deve querer dizer que ele estacionou em uma das vagas do outro lado do prédio.

Meu estômago se enche de alívio, porque Bailey dar de cara com esse showzinho seria a pior coisa que poderia acontecer agora. Ele já deu uma surra em um cara hoje, e sei que nem hesitaria em fazer isso de novo, principalmente para apoiar o irmão.

— É melhor você não estar pegando uma arma aí dentro — sibila Tony, atrás de mim.

Reviro os olhos.

— Ah, é, cara, eu guardo um arsenal de rifles no porta-malas do meu carro. Relaxa.

Levanto o quadrado de feltro que cobre o compartimento do estepe e pego um saco plástico que guardei embaixo do macaco. Tenho uma sensação pesada no peito quando tiro a pilha de dinheiro da bolsa e conto oito mil dólares.

Noah não diz nada, mas fica me olhando com a testa franzida. Franze ainda mais quando coloco as notas na mão de Tony.

— Pronto. Vocês estão quites agora. Foi um prazer fazer negócio com você —digo com sarcasmo.

Com um sorrisinho debochado, Tony fica parado contando o dinheiro. Conta de novo. Quando começa a contar uma terceira vez, Noah rosna.

— Está tudo aí, babaca. Saia daqui.

— Se cuide, Royal — avisa Tony. — Eu ainda posso usar você como exemplo só porque estou com vontade.

Mas nós todos sabemos que ele não vai fazer isso. Uma surra só atrairia atenção para nós e para os "negócios" dele.

— Ah, e pode fazer suas apostas em outro lugar de agora em diante — diz Tony friamente. — Seu dinheiro não serve mais para mim. Estou cansado da sua cara feia.

Os dois caras saem andando, Tony guarda o dinheiro no bolso de trás, e, sim, consigo ver a cueca dele acima da cintura da calça caída.

Quando eles vão embora, eu me viro para Noah.

— Qual é o seu problema? Por que você faria negócios com gente sinistra assim?

Ele só dá de ombros. Meu sangue é tomado de adrenalina enquanto olho para ele sem acreditar. Nós podíamos ter ficado feridos. Tony podia tê-lo matado. E ele está ali, como se estivesse cagando para tudo. O canto da boca está até erguido, como se ele estivesse tentando não rir.

— Você acha engraçado? — eu grito. — Quase ser assassinado te deixa de pau duro, é?

Ele finalmente fala.

— Shiv...

— Não, cala a boca. Não quero ouvir agora. — Enfio a mão na bolsa e pego o celular, envio uma mensagem de texto e aviso Bailey que Noah vai voltar comigo e que é para nos encontrarmos em casa.

Ainda estou com o saco plástico na outra mão, e o jogo no porta-malas, tentando não pensar no quanto está vazio. Oito mil a menos, somados a trezentos das minhas compras com So hoje. Até Matthew me dar a mesada de dez mil do próximo mês, só tenho mil e setecentos dólares no meu fundo de fuga.

Eu não estava planejando fugir, ainda mais depois de todas as mudanças positivas na minha vida, mas agora estou tentada a pegar o dinheiro e ir.

— Shiv... — começa Noah mais uma vez.

Levanto a mão.

— Agora, não. Tenho que encontrar Sofya. — Ligo para o número dela e torço para que escute dentro da boate.

𝑷𝒓𝒊𝒏𝒄𝒆𝒔𝒂 𝒅𝒆 𝑷𝒂𝒑𝒆𝒍Onde histórias criam vida. Descubra agora