Boatos - Asahi Azumane

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Por mais que tentasse Asahi não conseguia parar de dar ouvidos, de se importar com o que as pessoas diziam.

Ele havia se acostumado ao ouvir os boatos sobre ele por causa de sua aparência. Entretanto as coisas acabaram tomando outras proporções quando ele e a secundarista, (Nome), começaram a namorar. Ele se culpava por ela ter sido praticamente arrastada pelos rumores.

   Eram de diferentes tipos, para todos os tipos de gostos. Alguns diziam que (Nome) o ajudava a ameaçar outros alunos. Que ela já havia sido o terror de muitas pessoas do primeiro ano, se aproveitando de "seu posto de senpai".

   Já outros diziam que era uma pessoa boa, mas era vítima de Asahi. Diziam que ele a forçava a ficar com ele. Dominando a garota pelo uso do medo.

   Asahi não sabia lidar com a ideia dele ser a causa disso. (Nome) era uma boa pessoa, ele assumia sem hesitar que ela era uma pessoa incrível. Nunca teve medo dele ou o tratou diferente dos outros, ele sabia que aquilo era o básico, mas como isso fazia falta para ele. Apenas ele sabia o quanto aquilo ajudou para que se apaixonasse por ela.

   Quando ela o pediu em namoro enquanto voltavam juntos para casa ele travou, no entanto podia jurar que estava no céu.

   Fora um bom relacionamento até os boatos começarem a surgir. (Nome) nunca havia dito nada, nada que desse a entender que sabia da existência deles.

   No entanto Asahi temia que esses rumores tomassem outras proporções. Temia que atrapalhassem seus últimos anos em Karasuno ou que atrapalhassem sua futura vida profissional de alguma forma. E ele seria o responsável, ele precisava resolver isso de uma vez.

   As aulas e as atividades dos clubes haviam acabado. O céu já estava escuro quando Asahi e (Nome) se encontraram no portão.

   Normalmente ele lutaria para esconder suas bochechas vermelhas enquanto segurava sua mão, mas desta vez estava com o corpo afastado.

   (Nome) tomara a iniciativa, o que apenas fez com que ele se afastasse mais.

- Algum problema?

Asahi engoliu em seco, cerrou os punhos com força fazendo com que os nós de seus dedos ficassem brancos.

- Precisamos conversar. - Ele se esforçou para não gaguejar. O olhar perdido da garota o atrapalhou na tentativa de manter a voz firme, todavia ele precisava resolver aquilo - Acho… Acho que não vai dar certo.

   Asahi havia tentado vizualizar algumas reações que  a garota poderia ter, mas aquela fora que ele menos esperava e a que mais teve medo.

   (Nome) ficou em silêncio, quaisquer resquícios de emoção foram drenados quando ela o olhou nos olhos.

- Por que? - Ela perguntou em um tom vazio. Fazendo um arrepio percorrer o corpo de Asahi enquanto buscava por uma resposta.

- Eu… Isso… - Ele se apressou em corrigir, se referindo obviamente ao relacionamento - Isso não vai dar certo, não vai resultar em algo bom.

   O volume de sua voz diminuía mais a cada palavra. (Nome) deu um passo em sua direção,o fazendo recuar intimidado.

- Por que?

- Porque isso não vai…

- Eu não quero que repita, Asahi. - Ela repreendeu, seu tom era de raiva - Eu quero que me dê um motivo.

   Asahi já tivera vontade de sair correndo muitas vezes em sua vida. Agora não era uma exceção, a expressão de (Nome) era de raiva, mas havia dor ali. Talvez um reflexo de sua própria expressão.

   Porém ele havia tomado uma decisão e seguiria com ela. Era para o bem dela, era o melhor pra ela.

- Você não sabe? Daqueles boatos? - Ele se esforçou para olhar a namorada nos olhos - Eles podem atrapalhar seus últimos anos aqui. Talvez algum deles chegue a atrapalhar quando começar a trabalhar. Eles começaram por minha causa…

- Você acha que eu não sei? - Ela perguntou com a voz elevada - Eu não sou surda.

Asahi ficou surpreso, mas tratou de se recuperar rapidamente.

- Mas… Você nunca… nunca disse…

- E eu precisava? Eu nunca me importei com os boatos sobre você, eu tinha que ver como você era por mim mesma. Por que eu me importaria com o que desocupados dizem da minha vida? - (Nome) se aproximou repentinamente, sem deixar que Azumane reagisse - "Isso" - ela fez aspas com os dedos - Diz respeito apenas a nós. O que outros dizem não tem que ter a mínima interferência nisso.

   O indicador de (Nome) bateu várias vezes contra o peito do Às com força.
Asahi precisou engolir o medo para continuar.

- Não é isso que eu quero, mas a ideia de que isso te atrapalhe… - O rapaz deixou sua fala morrer ao dar um passo para trás - Eu não quero ser alguém que vai te atrasar. Por isso é melhor pararmos…

- Asahi Azumane - (Nome) levantou a voz e chamou pelo seu nome completo.  - Quero que me responda algo. E que olhe pra mim.

Asahi engoliu em seco, mas fez o que lhe foi dito.

- Me responda: Qual é a sua razão para querer algo assim?

O silêncio se fez quase ensurdecedor naquele momento.

Lágrimas surgiram nos cantos dos olhos de Asahi. Sua boca abria e fechava, soltando apenas palavras incompletas que falhavam na busca por fazer sentido.

- Eu não... não tenho... - Respirou fundo. Erguendo o olhar para o rosto de (Nome) - Eu não quero a gente termine.

A feição de (Nome) se suavizou. Os cantos de seus lábios se ergueram em um pequeno sorriso, mesmo que finas lágrimas trilhassem suas bochechas.

- Você é um idiota, sabia disso?

(Nome) se aproximou do rapaz e buscou por sua mão. A envolvendo entre as suas.

- Converse comigo, ok? Não decida sozinho algo sobre nós dois outra vez.

Asahi sorriu de volta para a namorada enquanto concordava. Apenas para sentir sua mão ser apertada com um pouco mais de força pela garota.

- É bom mesmo. - (Nome) disse antes de puxa-lo para continuarem a caminhada para casa.

Azumane havia se preparado para terminar aquela noite com um cenário diferente. Um cenário bem menos feliz que a volta juntos para casa.

Mas ao sentir o calor da mão da namorada e a segurança de suas palavras não tinha outro cenário que ele preferisse.

Haikyuu!! - Coletânea de ImaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora