Bear, me

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Os dois jovens andavam pela floresta, indo em direção ao chalé de Charlie, que contava como era a vida com sua madrinha e sua ratinha Emily. O menor estava tão animado para explorar a vida nova que o outro havia proporcionado, que pulava sem parar ao chegarem finalmente em seu destino final.

-Ei, se acalme, vai acabar se machucando desse jeito. -Charlie não deixou de rir do garoto perto de si, achando fofa sua animação.

-Desculpe, eu só nunca vi um chalé antes ou essas… Árvores? É assim que se chamam mesmo? Eu só vi em livros e da janela da torre, nunca de perto.

Ao dizer isso, o coração do mais alto aperta um pouquinho, não imaginava que o regime de prisão dele era tão severo… Bagunçou o topo da cabeça de Yuuri, o levando para dentro da casa ao ver que começaria a chover. Quando entram, uma mulher estava colocando lenha na lareira até se virar para os dois.

-Querido, quem é essa? Ou será esse?

-Madrinha, esse é Yuuri! Uma princesa como eu que estava preso em uma torre faz muitos anos. Eu o libertei! Ele pode morar com a gente? -Diz com um sorriso no rosto, esperando que a madrinha aceitasse.

-Bem… Ele pode ficar sim! Olhe esse cabelo, é enorme! Ele é mágico ou algo assim querido?

-Sim! Quando eu canto ele fica em um tom azul bem claro e solta alguns brilhos que voam, mas não sei o que mais ele pode fazer além disso. -Yuuri explica, vendo a mulher soltar seus cabelos.

-Pode mostrar para mim? -Ela diz com um brilho nos olhos.

  Enquanto um vento familiar e agitado bate nas minhas bochechas

Consigo imediatamente lembrar de todos os lugares que já vi

Observando as milhares de partículas que sobem ao céu da noite

Me pergunto se o meu destino está lá também

Para evitar que essas orações se desfaçam

Eu sempre estarei aqui, cantando-as em voz alta

Enquanto o garoto cantava, seu cabelo agora solto brilhava em um tom azulado bem claro e liberava luzes que flutuavam pelo ar e sumiam logo. A madrinha se maravilhava com a visão, tocando os cabelos de fora estranhamente possessiva, passando-os no rosto.

Yuuri e Charlie olhavam, vendo o cabelo parar de brilhar aos pouquinhos, o cômodo ficando escuro novamente, restando apenas a luz das velas.

-Meninos, não podem sair por aí agora, carregando tamanhas preciosidades que vocês são.. Entendem o que eu quero dizer? Fiquem aqui em casa e não se aventurem, pessoas podem querer atacá-los ou coisa pior! A madrinha sabe mais, acreditem em mim.

-Mas… Eu queria ver o mundo! Têm tantas coisas para descobrir por aí e…

-Não! Eu disse, nada de se aventurar mundo afora. E isso é um basta.

Charlie toca o ombro de Yuuri, o levando para o quarto onde ele ficaria. O menor suspira baixinho com a proteção da madrinha do maior, tentando entender o que havia de tão perigoso por aí.

-Desculpe por isso, ela é assim mesmo..

Ambos arrumavam as coisas do moreno, juntos para passar o tempo enquanto conversavam animadamente sobre plantas e cookies, o que parecia ter encantado Yuuri, ele nunca tinha comido algo com esse nome em toda sua vida.

Chega a noite, a madrinha já tinha partido para mais uma viagem, deixando os dois rapazes sozinhos. Charlie estava em seu quarto após o jantar que era peculiarmente cedo, deixando o pequeno com uma certa desconfiança.

Ele ouve barulhos estranhos vindos do quarto do outro, pegando uma frigideira e indo até lá para defender o amigo com toda a força que tinha.

Ao entrar, ele vê um urso enorme deitando no chão de madeira, o que o assusta e o faz apontar a frigideira para o animal. Mas… Ele podia sentir a energia de Charlie ali, naquele urso.

-Charlie… É você? Você virou um urso?

Ele grunhe devolta, como se concordasse. Yuuri resolve sentar ao lado dele, encostando em seu grande corpo para dormir, já que não apresentava nenhuma ameaça.


De manhã, ambos acordam se encarando por terem dormido no chão, mas o pequeno não se afasta, abraçando o corpo do maior e voltando a dormir calmamente como se o episódio da noite anterior não tivesse acontecido.

Depois de um tempo dormindo, o de cabelos arroxeados resolve acordar, vendo Charlie despertar também e coçar os olhos para tirar o sono.

-Você realmente virou um urso? Ou eu tomei demais daquela sopa?

-Não, eu tenho uma maldição. Todas as noites eu me transformo em um urso e… E bem, você viu. Só pode ser quebrada com um ato de amor verdadeiro.

-Oh.. Mas não sente dor, certo? Eu me preocupo. -O pequeno senta ali sobre o tapete, coçando seus olhinhos e arrumando sua camisola amarela.

-Não! Eu não sofro nada, não se preocupe. -Solta um sorriso sincero para o outro. -Venha, vamos fazer o café.


Se passa uma semana e os dois príncipes viajantes estavam voltando para casa depois de terem falhado em resgatar a princesa da torre. Lucio não parava de exclamar o quanto estava triste e com raiva por terem chegado antes dele.

-Era pra ser minha! Minha rainha mesmo que por pouco tempo, só para eu me tornar rei.

-Lucio, você coloca expectativas demais em cima de coisas que não estão predestinadas para acontecer! -Julian exclamava sem paciência para o choro do amigo.

-Mas… -Um trovão o interrompe. -Temos que buscar abrigo, não quero que o pelo de Mercedes e Melchior fique feio, além do meu cabelo, claro.

-Como quiser. Mas onde?

Ambos cavalgam por mais alguns minutos e avistam um chalé com um belo jardim. Não pensam nem duas vezes antes de procurar pelo dono da propriedade, mas acabam não achando ninguém, deixando os cavalos no estábulo com um outro que estava lá também.

Começa a chover e os príncipes vão para debaixo da varanda, buscando abrigo. Lucio olha para a porta, entrando sem discrição, vendo que Julian estava sentado nos degraus com os dois cachorros.

-Então fiquem no frio, eu vou entrar!

Quando ele entra, tudo estava muito quieto e acaba causando desconfiança no loiro que começa a olhar todos os cômodos da casa em busca do proprietário.

De repente ao entrar em um quarto, havia uma pessoa com uma camisola rosada dormindo tranquilamente. Seria uma princesa? Lucio não pensou antes de se aproximar e tentar beijar a princesa adormecida, até que… É atingido na cabeça por alguma coisa.

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