14 de junho

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Maria

Falta menos de um mês para as férias de inverno e estou esperando ansiosamente por elas. Estamos em junho e eu não aguento mais apresentar trabalhos. Hoje é de literatura, uma apresentação com os personagens de um livro que a professora nos deu. O meu personagem é um homem dos anos 1800, estudioso e que sempre andava com seus óculos. 

Foi feita uma espécie de passarela no meio da sala, e os alunos e a professora deveriam sentar em volta dela. A maioria dos alunos estavam lá dentro, então a apresentação de um grupo já estava começando. 

Como o meu grupo era um dos últimos, eu e Arthur estamos na frente da porta da sala de aula, esperando as apresentações passarem e discutindo sobre meu sutiã. Ahn?? Sim, meu sutiã.

-Mas Maria, pensa bem... meus peitos falsos ficariam bem mais naturais se eu estivesse usando um sutiã. - Arthur implorou pela milésima vez. 

-E por que tem que ser o meu?! - Pedi um pouco indignada. 

Arthur bufou e olhou para o lado quando ouviu o barulho de umas das portas se fechando. Olhei também e vi que era um menino do primeiro ano, o João.

-...Arthur?? - Pedi impaciente e chamando sua atenção. 

-João, vem aqui - Arthur me ignorou e chamou pelo menino. 

Eu já estava ficando brava, mas tudo bem. 

-Fala, Thuizinho - João falou se aproximando de nós. Ele andava de um jeito que transmitia um "eu sei que sou bonito", típico de menino dessa idade. Ele me olhou rapidamente e logo voltou a olhar para Arthur.

-Né que fica melhor eu com sutiã? - Meu amigo falou apertando os balões pequenos que haviam em seu peito.

-Claro que fica pô - O moreno falou sorrindo. 

-Então fala pra Maria tirar o sutiã dela no banheiro e me entregar - Arthur continuou com sua ideia e eu ri irônica.

-Caralho - João disse antes de rir. 

-Eu não vou tirar - Falei cruzando os braços.

-Mas por que? - O moreno pediu me olhando, atencioso. 

-Vai ficar estranho eu de camisa de homem e sem sutiã. - Falei mais calma.

-Mas você vai ficar com um blazer por cima, Maria - Arthur falou insistindo. - E não vai ficar estranho.

-Vai ficar maneiro, pô - João falou ainda sério, mas eu duvidei.

-Vocês tão falando da boca pra fora - Falei soltando uma leve risada.

-Não tô, fica bonito menina usar camiseta sem sutiã, confia - João falou e dessa vez eu acreditei.

-Eu sei que fica, mas nessa fantasia nem fodendo, e hoje não vai tá rolando - Falei dando as costas e indo até um banco para eu me sentar. 

Depois de alguns minutos viajando em meus pensamentos, sou chamada atenção por Arthur, João e uma menina do primeiro ano se sentando em minha frente. 

-Nem comecem - Falei olhando para os meninos com cara de desprezo.

-Calma, estressada - Arthur falou levantando as mãos para o alto.

-É surtada - João corrigiu Arthur, que riu. 

-Você não viu nada - Falei fingindo um sorriso. 

O assunto mudou e começaram a falar sobre colar na prova com um professor específico. 

-Conte aquela história da prova do Daniel - Arthur falou olhando para mim. 

-Ah - Falei soltando um riso. - Eu tava com o celular em cima da minha coxa com os slides que ele tinha mandado no email, aí ele começou a andar pela sala, mas eu só percebi quando tava à duas carteiras de distancia de mim. 

-Meu Deus - A menina falou segurando o riso.

-Não sei como mas eu enfiei aquele celular embaixo da minha coxa e olhei pro professor, já passando mal né - Falei rindo e todos eles riram também. - O professor chegou perto de mim e pediu se eu tava bem, falei que minha pressão caiu, e pedi se podia ir pra fora da sala tomar um ar. Mas daí na hora de levantar, lembrei que se eu levantasse, ele ia ver o celular. Olhei pra frente e vi minha garrafa. Pedi pra ele se dava de levar minha garrafinha, e enquanto isso fui colocando o celular embaixo da carteira, sem ele ver.

-Mas você passou mal mesmo? - João pediu segurando o riso.

-Sim, abaixou minha pressão na hora - Falei rindo. 

Todos riram, inclusive eu. Agora eu rio, mas na hora eu quase morri.

Ficamos conversando sobre isso até a hora em que nosso grupo iria apresentar. Depois disso, a aula acabou e fui para minha casa.

LyingWhere stories live. Discover now