Branquinha

9 1 0
                                    

Eram perto das 00:00am ainda (graças à Deus) e Dani já estava fora de si.

-Vai dar trabalho levar essa doida pra casa - Anna falou olhando pra Dani enquanto ela virava um copo de cerveja.

Eu e os meninos rimos do comentário da minha melhor amiga. 

-Vamo dar uma volta - João sussurrou disfarçadamente em meu ouvido. Pensei bem, e foda-se, vou.

Apenas levantei e olhei para o moreno, que soltou um sorriso de canto de boca. Saímos de dentro da casa de Guilherme, e então olhei para seus olhos castanhos. 

-A gente vai aonde? - Pedi com o tom de voz um pouco mais alto, pois a música estava alta também. 

-Ah, vamo caminhar por aí - João falou andando até a calçada da rua. Assenti dando uma risada fraca, mas o segui. 

Ficamos em silêncio, por mais ou menos 30 segundos, até o menino perceber o clima estranho. 

-Cê é altos gente boa - Ele falou quebrando com o silêncio. 

-Obrigada ? - Falei antes de soltar uma risada. Eu não sabia ao certo o que falar. - Você também é "altos gente boa". 

-Não, eu tô falando sério - João continuou. - Antes de nós conversar, eu achava que cê era meio metidinha.

-Todo mundo acha isso de mim, até conversar comigo. - Falei olhando para o menino, e isso já aconteceu tantas vezes de imaginarem coisas absurdas de mim. 

-Branquinha - O moreno falou dando um apertãozinho em minha cintura, com seu dedo indicador e o polegar. 

-Eu nem sou tão branca assim - Falei soltando uma risada. 

-Eu que sou - João brincou e nós rimos. Andamos por mais uma quadra, e então o menino me levou para uma praça escura. - Vir pra essa cidade e não vir nessa praça é a mesma coisa que não vir.

Olhei ao nosso redor e pude ver várias árvores e bancos, um ambiente bem confortável e familiar, se não fosse pela escuridão. Apenas a lua e alguns postes de luz da rua iluminavam o local, deixando um ar sensual. 

-Senta aqui - João disse se sentando em um dos bancos da praça. 

Eu sabia que se eu sentasse nesse banco, a gente iria se beijar. Me sentei ao seu lado, não pensando muito nas consequências. 

-Tá frio né - Falei puxando um assunto, pois o silêncio estava de matar. Olhei para João, que estava me olhando de uma forma completamente sexy.

-Deixa que eu te esquento. - João disse colocando sua mão em cima da minha coxa, e logo aproximou seu rosto do meu. É claro que eu não sou burra e me aproximei dele também.

O clima ali estava tão forte que minha boca estava sedenta para beijá-lo. Eu queria tanto seus lábios carnudos nos meus, sua mão grande em minha nuca e seu corpo colado no meu.

Nossas rostos estavam tão próximos um do outro, que eu podia sentir sua respiração pesada e quente. João ia aproximando mais nossos rostos, até que nossos narizes se encostaram.

-Tá geladinho. - João brincou e eu ri, mas sem acabar com o clima. 

Fechei meus olhos e senti a mão de João ir para minha nuca, no momento em que nossos lábios se tocaram. Não quero soar clichêzinha, mas parecia que eu havia sido completada. Seu lábio é macio e carnudo, perfeito. Ele pediu passagem com a língua e estávamos em pura sintonia. Uma de suas mãos geladas estava em minha nuca, dando uma leve pressão, e a outra em minha cintura. A minha mão esquerda estava em sua nuca, dando leves arranhões, e a direita, em cima de sua coxa. 

Ficamos nos beijando até perder o fôlego, ou seja, por bastante tempo. O beijo era lento e delicado. 

-Valeu a pena a demora pra poder te beijar - João falou sorrindo, próximo de minha boca. Sorri, do mesmo jeitinho que ele. 

-Realmente. - Falei ficando com vergonha.

Já estávamos afastados - em partes, pois estava tão frio que deixamos nossos corpos próximos para manter o calor, risos -, e então o silêncio da vergonha apareceu novamente.

-Cê tem que vir pra cá mais vezes - João soltou no ar, rapidamente.

-Agora que tenho mais amigos né - Falei soltando um riso envergonhado.

-Então... - João estava falando, mas foi cortado por um celular tocar. Ele pegou seu celular no bolso da calça, e balançou a cabeça negativamente. - Oi mãe... saí com o Nico.... não vou.... agora??... tá bom, 15 minutos chego aí... tchau, te amo.

-Vai ter que ir pra casa? - Pedi um pouco desanimada. 

-Amanhã tem um negócio da minha irmãzinha, na igreja... - João falou guardando o celular no bolso, e ele parecia estar desanimado também.

-Que fofo, você vai pra igreja no domingo de manhã. - Falei sorrindo. Ele me olhou sorrindo também.

-Eu vou por que meus pais me obrigam né... - João falou olhando para meus olhos. Seu olhar intercalou entre minha boca e meus olhos umas 2 vezes, antes de me beijar novamente.

Foi a mesma coisa de antes, perfeito.

-Eu vou te levar de volta na casa do Miller - João disse se levantando do banco, e estendeu a mão para mim. 

-Que bonitinho - Falei tirando com sua cara. Peguei em sua mão e me levantei do banco. 

Eu acho que não estou sendo ingênua, mas achei que ele estendeu a mão pra mim me levantar, apenas. Mas, ele entrelaçou nossos dedos. Era só uma ficada e agora a gente tá indo de mãos dadas.

LyingWhere stories live. Discover now