9 de outubro, 06:40pm
eu: pq cê tava daquele jeito?
Hoje eu percebi que Maria estava estranha. Ela estava fechada, não conversou direito com ninguém, nem com suas amigas. Ela sempre está sorrindo, participando das conversas mas hoje vi ela quieta, com o olhar preocupado.
maria: que jeito?
eu: mo, eu vi
eu: cê tava bem na tua, não tava conversando nem com a Dani
maria: tá me cuidando agora?
eu: não precisa ser grossa tb pô
eu: só fiquei preocupado
maria: desculpa
maria: não estou no meu melhor dia
eu: me fala o que aconteceu?
maria: por mensagem não
eu: me conta amanhã então?
maria: sim
Que estranho... eu só queria saber o que aconteceu logo, para eu poder ajudá-la.
Maria
Eu não acredito que deixei que fizessem isso comigo. Eu não fui criada pra aceitar isso. E isso é culpa minha, eu vacilei em ter ido com aquela roupa pro colégio.
A única coisa que consegui fazer de noite foi ficar deitada em minha cama, lembrando da cena.
10 de outubro, 12:10pm
João
Eu estou procurando por Maria, pois ela está do mesmo jeito que ontem, e ela ainda não me contou o que aconteceu.
Andei até o refeitório, onde pude ver Maria sentada na mesa junto com suas amigas. Fui andando até ela, até que Arthur me parou no caminho.
-João, espera aí - Arthur falou e eu prestei atenção nele. - O que aconteceu com a Maria?
-Eu não sei... você não sabe? - Pedi estranhando. Ele negou. - Eu vou ir falar com ela.
Cheguei ao lado de Maria e ela me olhou de uma forma diferente.
-Você está bem? - Pedi falando baixo, para que suas amigas não escutem. Ela sacudiu negativamente sua cabeça. - Vamo lá fora.
Estendi minha mão pra Maria e ela pegou, enquanto se levantava da cadeira. As meninas ficaram olhando mas eu não falei nada.
Maria soltou minha mão enquanto caminhávamos, e não falou um "a". Levei ela até a arquibancada do colégio, onde eu sei que ninguém vai na hora do almoço.
-Você já comeu? - Pedi me sentando ao seu lado. Ela estava sentada de frente para o campo de futebol, e eu de frente pra ela, com uma perna em cada lado do banco.
-Não estou com fome - Maria respondeu olhando para o horizonte.
-Quer falar sobre ontem? - Pedi olhando para ela, que estava literalmente sem nenhuma expressão.
-On... - Maria começou a falar mas logo parou. A menina virou o rosto para me olhar. - Ontem tava quente... e eu vim de shorts.
-Sim...? - Concordei sem entender muito.
-Eu tava na sala de aula, junto com todos os outros alunos e a professora de português... - Maria começou a se soltar um pouco. - E ela tava corrigindo os textos e estava chamando individualmente cada um pra falar sobre os erros na sua mesa.
Percebi que seus olhos de encheram de lágrimas e eu fiquei mais preocupado do que antes. Coloquei minha mão em cima de sua perna mostrando "apoio" para ela poder desabafar.
-Eu tava de pé, ao lado da professora, quando... - Maria pausou, suspirou e então voltou a falar. - Quando o Carlos veio até mim e simplesmente me encoxou.
-O que?? - Eu fiquei surpreso na hora que ela contou. E claro, extremamente bravo.
Eu vou matar esse idiota.
-Eu olhei pra ele, sem reação alguma, e ele só sorriu. - Maria continuou a falar, e escorreu uma lágrima de seu olho. Aquilo havia partido meu coração.
-Maria, você não falou pra ninguém isso? - Eu pedi extremamente preocupado. Ela precisa contar para o diretor!
-Não é só isso, João. - A menina disse ignorando minha pergunta. - Ele ainda sussurrou em meu ouvido "gostosa". E isso é culpa minha. Eu não tinha que ter vindo de shorts.
-Maria Helena isso não é tua culpa. Nunca é culpa da mulher quando isso acontece. - Falei percebendo a seriedade do caso. - Ele é um babaca, e a culpa é apenas dele.
Maria olhou para a frente, e entendi que ela estava querendo se acalmar.
-Você falou pra alguém? - Pedi novamente.
-Não, só você sabe. - A morena me respondeu.
-Você precisa falar pro diretor e pros seus pais - Falei pegando em sua mão.
Maria
O que eu havia contado para João veio de uma pessoa que eu nunca esperava fazer isso. Carlos é um menino da minha sala que eu sempre conversava, e nunca passou pela minha cabeça que ele assediaria alguma mulher.
-Eu sei, mas eu tenho vergonha. - Falei me sentindo a pior pessoa do mundo.
-Vergonha pelo o que? - João pediu dando um leve aperto em minha mão. - Eu vou junto com você, se quiser.
Balancei minha cabeça positivamente, e então me levantei. João fez o mesmo, e antes de ir até o a sala do diretor, fui chamada a atenção. Olhei para o moreno, que me puxou delicadamente para um abraço. Suas mãos rodeavam minha cintura, e os meus estavam em volta de seu pescoço. Era um abraço apertado, aconchegante.
Durante o caminho da sala do diretor, eu fiquei pensando o que iria dizer para ele. Várias frases passavam pela minha cabeça mas nenhuma que fazia total sentido.
O que irá acontecer a partir de agora? Continua...
YOU ARE READING
Lying
Teen FictionDiferentes pessoas de diferentes cidades se conhecem e descobrem ter uma atração fatal um pelo outro. Mas será que eles conseguem assumir isso?