• Youngbin •

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Noite e dia foram trocados na minha vida.

Mesmo já sendo rotina, eu me negava a encarar o relógio, me negava a ver que logo o sol nasceria no horizonte, mas que importância isso tem?

Ela é a única estrela que brilha de qualquer forma.

Não vejo porquê descansar durante a noite.

Ela não está lá, e nunca mais verei aquela imagem que me apeguei tanto no passado.

Ando perdido pelas ruas, a madrugada maltrata meus pensamentos, pensamentos que rondam ela, sempre começam e terminam nela em um ciclo vicioso que me acerta tão forte quanto um tapa no rosto.

Como é possível estar me apaixonando a cada dia?

Mesmo depois de um fim. Mesmo depois de tudo eu ainda sinto falta dela. Sinto minhas noites se tornarem solitárias e a solidão agraciar meus momentos.

Continuo aqui, sentado perto da janela. Me recusando a olhar para o relógio, mas no fim acabo cedendo e olhando as horas se arrastarem, me fazendo sempre a mesma pergunta.

Ela se sente da mesma forma?

Me pergunto constantemente, sempre que me lembro da solidão esmagadora e das horas mudando no visor do relógio.

04:45

Me sinto um menino, um menino mau que deseja que o universo conspire ao seu favor e as horas passem mais rápido.

Conto os minutos, o céu começa a clarear e o menino mau desiste de sua teimosia, se isso significar ouvir a voz dela novamente.

Ah... É tudo o que mais quero agora.

A memória das manhãs que passei ao seu lado, de vê-la acordar com a luz do sol entrando pela janela ou com a minha voz tomando o lugar do seu despertador. O sorriso em seu rosto quando abria os olhos e via que o céu estava limpo durante o verão, o brilho neles ao olhar para mim.

Todos os momentos bonitos que quero apagar da minha memória teimosa, da minha mente traiçoeira.

Quero apagar porque dói tanto que quero chorar.

O hábito de caminhar pelas ruas de madrugada, segurando sua mão e cantando em plenos pulmões. A essência dela, cada mísero detalhe está entalhado neste quarto, que está tão quieto agora. Intrincado nas paredes, pintado junto da tinta.

Chega a ser agonizante.

Cada dor que sinto, cada lágrima que derramo é uma lembrança, um suspiro deixado para traz.

Quando olho para o relógio novamente, ele está marcando cinco horas. Um suspiro aliviado deixa meus lábios, porque tudo o que quero é que essa noite acabe e o amanhecer chegue rápido.

Quero que o sol queime minhas memórias, porque sei que não há como desfazer o que já foi feito, e, no fim, ela não voltará.

Não olhará para traz e correrá para os meus braços e em um lamento melancólico eu me levanto para, enfim, olhar pela janela aberta por onde um vento frio entrava.

Eu sei que ela não vai voltar, mas meu coração não.

Não importa o quanto eu tente, aquele menino mau e teimoso, que está escondido em algum lugar dentro de mim, insiste em se apegar a esse amor, um amor que não dará mais frutos.

Um raio de sol entra pela janela, uma linha fina de luz aparece no horizonte, se arrastando de forma preguiçosa, mas tão bela que por um minuto seco minhas lágrimas e acalmo meu coração.

Um dia após o outro.

Vou juntando os pedaços.

Superando esse amor.

Deixando que ela vá e siga sua vida.

Quero ouvir sua voz novamente, quando o sol entrar pela janela e iluminar a cama, quando for tarde na noite me pedindo para não dormir.

05:19

O tic tac do relógio martela em minha mente, o tempo se arrasta o sol mal aparece, apenas o céu toma uma coloração bonita, mas ele não aparece.

Gostaria que o amanhecer viesse rápido.

Gostaria de voltar atrás e mudar muita coisa.

Gostaria de vê-la sorrir com o sol quente no rosto às cinco da manhã antes de ir trabalhar.

Por que teve que terminar assim?

Gostaria de ver o amanhecer antes dela acordar.

Para que, uma última vez, eu possa fingir ser seu alarme em uma calma manhã de sol.

Limpando uma lágrima eu deixo o sol entrar e aprecio quando ele dá as caras. Porque sei que ela não voltará.

E eu também não poderei voltar atrás e mudar as coisas.

Mas se eu pudesse, trocaria tudo para vê-la despertar uma última vez.

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Música do capítulo: Fall in love - SF9

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