Prólogo

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Acomodei-me melhor sobre a poltrona que eu fiz questão de arrastar para o lado de sua cama. Curvei-me sobre seu corpo já marcado pelo tempo e agarrei sua mão sentindo-a fria. Ela apertou suavemente minha mão em resposta, dizendo-me que estava acordada e que notará a minha presença. Levantei o olhar e não pude conter um suspiro. Como eu a amo, Deus, eu a amo muito.

Seus olhos azuis cristalinos agora estavam opacos e cansados contornados por rugas expressivas. Seus cabelos que outrora fora castanhos hoje estavam grisalhos e sem vida. Como ela. E ainda assim eu a amo.

- Como se sente? – deixei minha voz escapar e preencher os quatro cantos daquele quarto claro e sem graça.

- Bem, até – tentou me convencer. E posso dizer que, pela sua expressão, ela falhou terrivelmente.

Levantei-me calmamente e deitei ao seu lado, envolvendo-a em meus braços. Depositei um beijo no topo de sua cabeça e apertei ainda mais seu corpo contra o meu, apoderando-me de cada centímetro seu. Ela não protestou, apenas suspirou pesadamente.  Devolveu-me o abraço sentindo, como eu, que provavelmente aquele seria o último.

Lola desenvolveu um câncer cerebral, terminal, e como não há cura tudo o que pude fazer foi aceitar que, uma hora ou outra, eu haveria de deixa-la partir.

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