Marcada🌙

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Então eu segui o córrego e o chamado da mulher. A caverna afunilou-se até virar um túnel arredondado. Depois o túnel fez uma curva em força de caracol que dava uma volta atrás da outra em delicada espiral, terminando abruptamente em um muro coberto por símbolos que me pareciam familiares e estranhos ao mesmo tempo. Confulsa, observei o córrego cair através d uma fenda no muro e desaparecer. E agora? Será que eu devia seguilo-lo?
   Olhei para trás, em direção ao túnel. Não havia nada,a não ser a luz dançante. Virei-me para o muro e senti uma espécie de choque elétrico. Pare! Havia uma mulher sentada de pernas cruzadas em frente ao muro! Ela usava um vestido branco franjado e adornado com os mesmos símbolos que estava no muro atrás dela. Era fantasticamente bela, com seus longos cabelos lisos e tão negros que pareciam ter reflexos azuis e púrpuros, como a asa de corvo. Seus lábios fartos curvaram-se quando ela falou,preenchendo o ar entre nós duas com a clareza poderosa de sua voz.
   –Seja bem-vinda,filha. Você conseguiu.
   – Você não é minha avó!– eu disse,sentindo-me estranha e deslocada quando minhas palavras púrpuras se juntaram às delas,formando padrões incríveis de lavanda cintilante no ar que nos rodeava.
   Seu sorriso era como o sol nascente.
Não, filha, não sou,mas a conheço muito bem.
   Respirei fundo
  –Eu morri?
  Tive medo que ela disse de mim,mas ela não riu. Ao invés disso,seus olhos escuros transmitiram suavidade e cuidado.
  –Não,minha filha. Você está longe de estar morta,apesar de seu espírito ter se libertado temporariamente para perambular pelo reino Nunne'hi.
  – O povo-espírito!– dei uma olhada ou redor do túnel,tentando enxergar faces e formas dentro das sombras.
  –Sua avó ensinou-lhe bem,Filha...pequena Park. Você é uma mistura única das Antigas Sendas e do  Novo Mundo –mescla do sangue tribal ancestral e da batida do coração dos intrusos.
  Suas palavras fizeram-me sentir quente e fria ao mesmo tempo– Quem é você?– eu perguntei.
   – Sou conhecida por muitos nomes... Mulher Mutável,Gaea,Kuan Yin, até mesmo amanhecer...
  Quando ela dizia cada nome seu rosto transformava-se de um modo tão poderoso que fiquei tonta. Ela devia ter entendido,pois parou e me abriu novamente seu sorriso fulgarante, e seu rosto voltou a tomar as feições da mulher que eu vira primeiro.
  –Mas você, Zoey,minha filha,pode me chamar pelo nome que seu mundo me conhece agora, Nyx.
  –Nyx– minha voz mal passava de um sossurro– a Deusa vampira?
   –Na verdade,foram os gregos antigos, tocados pela transformação, que me cultuaram primeiro como a mãe pela qual procuravam em sua noite sem fim. Tive o prazer de, por muitas eras, chamar seus decendentes de meus filhos. E, sim,em seu mundo esses filhos são chamados de vampiros. Aceite o nome,nele encontrarás seu destino.
   Pude sentir a minha Marca queimando na testa, e de repente tive vontade de chorar.
   –Eu...eu não entendo. Encontar o meu destino? Só quero encontrar um jeito melhor de lidar com a minha nova vida– fazer tudo se ajeitar. Deusa eu quero me encaixar em algum lugar. Acho que não estou a fim de encontrar o meu destino.
   

A Morada Da Noite ~Marcada~Onde histórias criam vida. Descubra agora