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ISIS

Fiquei olhando o meu anjinho dormir. Era incrível como a Lis não parecia nadinha comigo, ela tinha alguns traços do Lorenzo, mas se parecia muito com a avó dela, os olhos claros, o jeitinho.

Ela é perfeita, como pode alguém fazer uma perfeição desse jeito?

Fazia cafuné no cabelo dela, quando ouvi barulhos vindo de fora do quarto. Cobri a Lis e sai, pra ver o que era. Fui seguindo os barulhos, até chegar na cozinha, vendo o Lorenzo bêbado ali.

- Mas que caralho! Onde é que você tava? - falei, fazendo ele olhar para onde eu tava.

- Tava por aí, já vai começar? - me respondeu com a cara mais lavada do mundo.

- Já vou começar, Lorenzo? Você some por três dias, não pergunta se estamos bem, sequer liga pra falar com a Lis, que é NOSSA filha. Eu não fiz ela com o dedo, porra - falei já gritando com ele.

- É toda vez assim, Isis. Você não consegue entender que eu sou artista, sou músico, tenho meus shows, meus compromissos. Em primeiro lugar vem eu, minha vida e depois vem vocês - falou. Eu não falei que era sempre a mesma desculpa?

- Você me oprime, você é uma opressora. Tem que entender, que esse é o meu jeito, a minha vida é assim - olhei pra ele com a minha cara mais debochada e respondi.

- Eu te oprimo, Lorenzo? Eu te cobro participação, na nossa vida. Você não se importa com a gente, não liga pra perguntar se a gente tá precisando de algo, se comemos... Você sabia que a Lis chama por você todas as noites? Todas as febres que ela têm, são febres emocionais. De saudade, Lorenzo. Mas tudo bem, sou eu quem sou a ruim da história né? - sai dali vendo ele me olhar surpreso, pelo que falei.

Voltei pro quarto vendo a Lis sentada na cama, com cara de choro - 'Papaiíiii' - chamou a palavra papai para mim, cortando totalmente meu coração. Eu tô cansada dessa situação.

Lorenzo some
Lorenzo volta
Tira casaco
Bota casaco.

É sempre do mesmo jeito, ele some, depois volta com a cara mais limpa, e quer que eu aceite. Eu tranquei minha faculdade pra cuidar da Lis. Quando Lis nasceu, Lorenzo disse que ia me ajudar com a faculdade, ia isso, ia aquilo.

Até eu descobrir que ele me traiu em público, quando a Lis tinha 15 dias de recém-nascida. Eu o perdoei, porque ele me jurou que era mentira, mas no fundo eu sei que é verdade. Eu vou dar um basta nessa situação, amanhã ele se acorda e diz que me ama. Eu não vou aceitar eu te amo em forma de arrependimento. NUNCA.

Já aceitei muito, já estou farta disso. A Lis sente tudo o que acontece entre a gente, ela sente. E eu sei disso. Dormi em meio aos meus pensamentos.

Acordei cedo, com a Lis me chamando. Levantei, e sai do quarto com ela, pegando na mãozinha dela ajudando ela a andar sem cair. Eu tava olhando pro chão quando senti a Lis soltar minha mão e sair correndo em direção à mesa - 'Papaiii' - Lis chamava.

Ainda com a cabeça longe, levantei o olhar, vendo a Lis abraçada com o pai dela. E uma mesa enorme de café da manhã montada.

- Bom dia - Lorenzo desejou olhando pra mim. Apenas assenti com a cabeça, ainda vendo aquele monte de coisa na mesa.

- O que é isso tudo? - perguntei olhando pra ele.

- Eu queria me redimir, por tudo. Eu amo vocês, Isis - Por um momento eu me iludi por aquelas palavras, pensando sinceramente como seria daqui pra frente.

Perdoar e seguir em frente novamente ou cortar os laços e manter uma relação apenas como pais da Lis? Essa era a pergunta que passava em minha mente.

Eu estava em êxtase, tentando entender tudo o que tava acontecendo. Totalmente indecisa sobre absolutamente tudo. Tomamos café em silêncio, nenhuma palavra mais eu falei.

Eu olhava minha filha balbuciar com o pai, enquanto comia um pedaço de mamão. Lorenzo me olhava, esperando alguma resposta. O problema é que eu não sabia a resposta.

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próxima narração: Lorenzo.

Flor de Lis | EM HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora