LUCAS
Observei aquele rosto me olhar novamente e forcei minha mente tentando lembrar quem era aquela garota me olhando e porque eu tinha a sensação de que a conhecia.
Ela me olhava e desviava o olhar sempre que eu a olhava de volta, forcei minha mente mais um pouco tentando lembrar quem era ela e em um estalo, minha mente me levou a uma consulta há umas semanas atrás.
FLASHBACK
Eu acabava de chegar no meu consultório e observei alguns pacientes já me esperando ali e os desejei bom dia, no exato momento em que vi uma garota que nunca havia tido consulta comigo antes. Entrei na minha sala e esperei a secretária encaminhar o primeiro paciente do dia.
Ouvi a porta abrir e peguei minha prancheta, me virando para ver quem era o primeiro paciente. Observei mais uma vez a figura loira na minha frente que deveria, com certeza, ser menor de idade.
Sentei em minha cadeira e ela sentou na poltrona em minha frente, fitei seus olhos e observei a garota com um pouco de receio.
— Como vai você? Está tudo bem? — perguntei sabendo que a maioria das respostas dos meus pacientes era sempre um 'não' acompanhado de várias explicações
— Acho que vou bem. Quer dizer, talvez não — ela respondeu
— O que te motiva a vir aqui hoje?
— Têm acontecido muitas coisas que me deixaram confusa ultimamente — disse ela
— Você pode me contar que coisas são essas? Sinta-se livre para falar sobre o que você quiser.
— Há exatos 15 anos atrás, eu perdi meus pais em um acidente de carro. Até então, o meu único familiar vivo, é a minha avó. Até ela me contar em algumas de suas recordações de memória que eu tinha um irmão.
— E então por que você se sente confusa?
— Eu estive exatos 15 anos acreditando que meu único vínculo familiar vivo era a minha avó. Quando na verdade eu tenho um irmão que eu nem sei se lembra da minha existência ou que eu sequer vi uma foto, se sabe que eu existo, já que nunca me procurou. Eu não sei exatamente nada sobre ele, e nem porque ele nunca veio atrás de mim.
— Você já tentou procurar por ele?
— Tentei, mas sei pouco sobre. Vim pra capital pra tentar encontrar ele, mas o dinheiro tá acabando. Sei apenas seu nome, já procurei em redes sociais, mas não consigo encontrar.
— O que sua avó tem?
— Minha avó tem Alzheimer e algumas outras doenças crônicas, aos poucos esquece mais ainda as coisas. O dinheiro que eu consigo fazendo bicos é pouco somado com o dinheiro da aposentadoria dela, sempre fomos estáveis financeiramente, mas com todo custo com remédios, fica meio impossível ser estável. Eu não consigo nenhum emprego fixo e os remédios que ela tem que tomar não são nenhum pouco baratos e o tratamento dela é em uma clínica privada.
Eu via alguns traços conhecidos naquela garota, mas eu não sabia o que era. A sua expressão cabisbaixa, triste e confusa me chamava atenção.
— Normalmente, todas as coisas que acontecem em nossa vida se encaixam. Algum dia tudo fará sentido. Até lá, viva os momentos, e perceba que tudo acontece por uma razão, e se essa razão for o que você precisa para acabar com a confusão, nem o seu coração vai falar mais alto — recitei a frase de Paulo Coelho, vendo ela abrir um sorriso amarelo e assentir com a cabeça — Pode se permitir a ouvir a sua razão?
— Como eu sei que vai dar certo? — ela perguntou depois de muito tempo em silêncio, tamborilando os dedos no braço da poltrona
— Tentando. Se não tentar, nunca vai saber — respondi a sua pergunta e então ouvimos o temporizador apitar, indicando o fim da consulta. Ela me deu um breve aceno com a mão e saiu da minha sala.
FLASHBACK
Varri meus olhos pelo lugar na esperança de a encontrar, mas sem sucesso. Ela não estava mais ali. Me levantei virando para a entrada do bar, vendo Isis entrar junto com o Victor e logo mais atrás deles a figura loira se encaminhando para sair dali.
Fui tirado de meus devaneios com a Isis me chamando — Lucas? O que foi, que cara é essa?
— Oi. Não é nada. Depois te conto — disse passando por ela e indo pra entrada do bar na esperança de a encontrar, mas ela já tinha sumido dali. Passei um tempo ali fora tentando entender o que aconteceu e quem era aquela garota.
Voltei para dentro do bar e dei de cara com a Isis que estava de braços cruzados, me olhando como se fosse me matar.
— Tá bravinha, tá? Calma, cara. Depois eu te conto, não era nada demais — eu disse abraçando ela
— Acho bom mesmo, fica me escondendo as coisas — ela disse me puxando pra sentar na mesa
Cumprimentei o Victor e logo Isis me puxou pra dançar com ela. Olhei para trás da Isis e vi uma das antigas amantes do Lorenzo.
— Olha quem tá atrás de você, mas olha devagar pra não dar na cara — falei e ela se virou de uma vez — Se isso é devagar, não sei o que é rápido — eu disse e a Isis me deu um tapa no ombro
— Vem, vamos falar com ela — disse e saiu me puxando em direção à menina, essa porra é louca — Oi, como você tá? — ouvi a Isis dizer mais alto pra menina por conta do pagode que ali tocava mais alto que o normal
— Tô bem e vocês? Ana, prazer. Qual seu nome mesmo? — ela disse me olhando com uma expressão confusa
— Lucas, satisfação — eu disse, olhando pra ela — Quer ir com a gente lá pra mesa? Você tá sozinha aqui
— Melhor não... — ela ia dizer antes da Isis furacão sair puxando ela pra nossa mesa atraindo olhares estranhos pra cima da Ana, principalmente da Rebeca, que virou a cara na hora
— Voltamos. Essa aqui é a Ana, gente... — a Isis disse enquanto Ana cumprimentava o pessoal sentado na mesa
— É, acho que todo mundo aqui conhece ela muito bem, né — Rebeca disse olhando com desdém
sorry pela demora, rs.
com quem shippam a Isis?
prevemos brigas ou paz?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Flor de Lis | EM HIATUS
Romance"Você é o sensei, eu aprendiz Tipo Djavan, você é a minha flor de lis!"