My old self

149 13 11
                                    

Não sabia como, mas Natasha foi uma pessoa muito especial na sua vida, entretanto, todas a vezes que a mencionou na sua espécie de diário, ele não colocava em detalhes que explicitavam o que ela era ou o que fazia para ele, só sabia que fazia bem e que tinha impedido que ele cometesse suicídio, algo que já tentou várias vezes e mesmo assim, ele só lembrava que ela era uma pessoa que ele deveria eliminar e já tentou isso duas vezes. 
Se culpava por não lembrar dela, principalmente porque ela tinha dado momentos felizes a ele e esses momentos eram os que ele esquecia com frequência e a única coisa que fez foi tentar mata-la, odiava se sentir tão infeliz e não lembrar das pessoas que deram um pouco de alegria a sua existência pesada, e isso também incluía Steve já que não tinha todas as memórias do seu melhor amigo que já viu estar disposto a morrer por ele.
James poderia ter desfrutado daquela cama confortável e do quarto coberto de conforto para ter um sono reparador, mas não conseguia pois as lacunas vazias o perturbava e a culpa por não preencher cada uma delas também. As únicas memórias que tinha eram as do Soldado Invernal causando estrago por onde passava, a briga que Steve e Stark tiveram por conta dele e a forma fria como matou a família do que chamavam de Homem de Ferro, odiava ter as lembranças tristes e odiava a si mesmo por conta delas. Ele não escrevia mais aquele diário mais ainda possuía o mesmo pensamento daquela época: se sentia um mostro que precisava ser parado.
As lavagens cerebrais estão sendo feitas com mais frequência e nem sei direito o porquê, eles dizem que as minhas memórias são ameaças para eles, tenho que ser numa ameaça apenas para os outros. - Folheava, lia e relia aquele caderno, tentava lembrar melhor de Steve, de Natasha e de algum momento bom se é que ele teve algum.
Ouviu batidas na porta e um “Posso entrar?” vindo do lado de fora do quarto, ele apenas disse que sim mesmo não sabendo exatamente de quem se tratava. Quem abriu a porta foi uma garota que ele viu durante a Guerra Civil, era uma das protegidas de Steve que gostava de usar preto e fazia sair uma estranha magia vermelha das suas mãos, não lembrava o nome dela.
- Steve me disse que estava aqui. – Ela fala tentando ser gentil. – Fico feliz que esteja bem. Não sei se lembra de mim sou a Wanda. – Ela estica ama o e ele aperta cumprimentando. – Bucky não é? – Ele concorda com a cabeça.
- Obrigado. – Ele fala fazendo gesto para ela sentar. – Está aqui há quanto tempo?
- Uma semana. – Ela fala enquanto senta ao lado dele. – Steve arrumou um jeito de me soltar e me trazer para um lugar seguro, ele estava preocupado com você depois do que aconteceu, mas ficou muito feliz em saber que ficou tudo bem. – Fala sorrindo lembrando da alegria de Steve e James sorri também. – Só passei para saber como você estava.
- Desnorteado. – Ele responde um pouco confuso enquanto tamborila os dedos de metal nos joelhos. – Nem sei direito onde estou, o que aconteceu e quanto tempo vou ficar aqui e se eu sair, nem sei para onde vou.
- Entendo, mas eu sei que será bem acolhido pelo resto dos Vingadores que estão com a gente.
- Wanda, ninguém me quer por perto. – Ele fala em um sorriso irônico, era algo pesado de se falar mas era a sua realidade. – Você não conhece metade dos estragos que eu fiz, mas verdade nem eu conheço.
- Eu também já fiz muitos, nem por isso deixaram de me aceitar.
- o pior dos estragos é não se lembrar deles. – Ele levanta e caminha inquieto pelo quarto fazendo esforço para lembrar ou para não quebrar nenhum móvel pela imensa raiva que sentia pelo seu esquecimento. – Já se sentiu como se não controlasse seu próprio corpo?
- Todos os dias quando isso sai. – Ela fez um movimento nas mãos e uma pequena magia escarlate sai dos seus dedos. – Sei que isso faz parte de mim, mas é estranho. Já fiz muitas coisas com isso, desde ajudar minha atual equipe a tentar destruí-los quando não fazia parte dela. – Fala essa última frase em um tom doloroso. 
- Também fiz algo parecido, nisso empatados. Mas, alguém já entrou na sua cabeça e apagou suas memórias? – Ele pergunta em tom frio e triste.
- Não, mas eu já entrei na cabeça de outras pessoas para mostrar o  medo delas. – Ela levanta e caminha em direção a ele, segurando sua mão de metal em um gesto amigável -  Bucky, só estou tentando dizer que as pessoas podem mudar e você é uma pessoa boa, sei que seu passado pode ter sido bom assim como você. Não seria uma boa pessoa se não tivesse vivido nada de bom.
- Você é uma boa pessoa, Wanda. – Ele retribui o gesto dela. – Obrigado pelo ótimo conselho.
- Não por isso, mas agora sei que precisa descansar e eu também. – Ela caminha em duração a porta. – Até amanhã, Bucky.
Ele ficou feliz em ver que ainda existiam pessoas que queriam o seu bem em momentos tão conturbados, e se era amiga de Steve era sua amiga também. Ele buscava absorver os conselhos que a sua nova amiga havia dado, mas algo tinha chamado a atenção dele: Ela conseguia ver as memórias horríveis de uma pessoa, poderia ver as apagadas também, caminhou até a porta e gritou para chamar a atenção dela.
- Wanda, pode me fazer um favor? – Ele pergunta assustado como se fosse pedir a pior coisa do mundo.
- Espero que sim.
- Você pode entrar na minha cabeça? É minha única esperança.
(...)
James não foi o único que passou a noite sem dormir para remexer o passado, Natasha passou o fim daquele dia refletindo sobre alguns momentos que a levaram a ser a pessoa fria que se tornou, decidiu não evitar mais sua antiga vida já que ela sempre voltava, agora era o momento de bater de frente com ele e se reconciliar com si mesma começando por onde tudo começou: A Rússia.
Aceitava de bom grado o convite que Steve fez e adoraria passar uma temporada de fuga junto com seus amigos e o mais próximo de uma família, mas precisava ficar bem com ela e se colocar como prioridade pelo menos uma vez na vida. Dizem que quando se acende a luz na bagunça alguém precisa arruma-la e ninguém menos indicado que a pessoa que fez toda a bagunça, principalmente a bagunça interior.
Ela foi uma pessoa de várias faces, nomes e personalidades  diferentes – tinha os documentos que provava isso-  com um propósito em comum: Ainda era Natasha Romanoff e buscava apenas os interesses momentâneos dela ou de quem era subordinada e esse interesse variavam a cada fase da sua vida e era de longe irônica a forma de como sua vida mudou de assassina para heroína, não havia como não rir nem se impressionar com isso, essa com certeza seria uma bela história para contar numa viagem de férias com os amigos se eles não fossem as pessoas que presenciaram o que pode chamar de evolução; certa vez comentou com Barton sobre o quanto mudaram e ele disse que eles passaram pelo lado certo dessa vez o que era bom.
A decisão de viajar para sua terra natal foi a mais difícil que já tomou, talvez fosse antigos rostos amigos ou raivosos pelo seu regresso, talvez fosse procurada pelos crimes que cometeu ao dizimar praticamente um terço dos cidadãos de seu país ou talvez nem a reconhecesse ou vissem como irrelevante a sua presença, de qualquer forma deveria se prepara para tudo, já nasceu preparada para tudo e sabia disso.
Despois de muito refletir sobre o passado e um futuro próximo, ela adormeceu levemente sobre a cama pequena de seu quarto meio iluminado pela luz da lua que atravessava o vidro da janela, ela gostava de tirar as cortinas quando estava sem sono pois olhar as estrelas transmitia uma tranquilidade inexplicável diante da agitação diária, quando passava a maior parte do tempo com os Vingadores na Torre Stark ela fazia isso quando todos iam dormir, sentia como um momento só seu.
Seu dia também começou com uma iluminação que atravessava a janela, pela luz solar ela julgou ter acordado mais tarde que o normal, se mexia na cama até esbarrar seu corpo com um pequeno ser escuro e peludo que dormia perto dela.
- Bom dia, pequena. – Falava sorrindo gentilmente para Liho, sua gatinha de estimação e companhia diária. – Sei que começo bem o meu dia quando está aqui.
Levantou-se pegando a felina nos braços e checando as mensagens do seu celular que não eram muitas nem de muitas pessoas, apenas algumas de Steve para saber como estava e contar algumas novidades que não esperou para falas pessoalmente, ela ficou impressionada com a quantidade de coisas que seu amigo havia feito depois de falar com ela na ligação da noite anterior: Pediu Sharon em namoro (que aceitou), soltou Wanda da prisão que haviam colocado e viu alegremente seu amigo James (ou Bucky como ele chamava) ter despertado do coma. Essa última notícia a tocou bastante, James seria a primeira pessoa do seu passado com quem precisava conversar.
Após pegar as poucas malas feitas, deixar sua companhia de quatro patas com uma vizinha adorável, ela avisa a Steve que esta pronta para ia à Wakanda, vendo um portal escarlate se abrir no seu quarto em resposta, era incrível a forma como Wanda havia evoluído nos seus poderes e estranha a forma como de deslocaria de um lugar para outro durante sua vida de fugitiva, precisava pedir um portal para a Rússia mas primeiro queria rever os amigos e conversar com James, eles deviam isso mesmo que o passado juntos não importasse mais.
O palácio de T'Challa era lindo e extremamente luxuoso, não podia esperar menos de e um rei, agora ela sabia que Tony Stark não era o homem mais rico que já conheceu. O reencontro com os amigos foi composto de abraços acalorados, risadas e muitas perguntas parecendo que não se viam há anos.
- Fico feliz que tenha vindo, senhorita Romanoff. - T'Challa fala em tom cordial. – Fique o tempo que quiser.
- Agradeço a hospitalidade, mas preciso visitar minha terra natal nos próximos dias. E sei que tenho um ótimo transporte agora, não pagarei passagem. – Ela fala sorrindo para a amiga Wanda, que sorri de volta.
- Olá, Nat. – Steve fala animado quando vê a amiga.
- Quem te trouxe aqui?
- Wanda me trouxe hoje mais cedo, estava na minha casa mas precisava vir aqui para ver como Bucky está se recuperando.
- Entendo, e eu precisava falar com você sobre ele, Steve. – Natasha fala se aproximando dele.
- Tudo bem. – Ele fala a levando para um local afastado, parecia que ele queria uma conversa particular. – O que foi?
- Preciso ver o James, nós precisamos conversar.
- James? – Ela fala estranhando a forma como ela o chamava. – Como sabe o nome dele? Já se conhecem bem?
- Bem mais do que imagina.

RememberOnde histórias criam vida. Descubra agora