“Juntos novamente" aquilo martelava na cabeça dela e causava um arrependimento, por que diabos ela queria a ajuda de Alguém? Especificamente, a ajuda de James? Depois de tudo que aconteceu em sua vida, ele era última pessoa com quem ela queria dividir uma missão ou algo do tipo, não por medo de se envolver novamente mas o medo de que as lavagens cerebrais que ele sofrera há pouco tempo os comprometesse. Mas ela podia confessará a si mesma que não era apenas isso, ele lembrava dela e ela pode perceber que ele sentia o mesmo sentimento genuíno que já sentiu e viveu com ela, ela queria evitar isso.
Natasha nunca foi uma pessoa de muitos relacionamentos amorosos, James foi o primeiro e seria o único que ela não estivesse casado a força com Alexei e se não estivesse se envolvido tanto com Bruce Banner um ano atrás. Esse último precisava de sua ajuda com o ser verde incontrolável que habitava dentro dele, mas a ajuda evoluiu para um sentimento maior que nem ela sabia como isso aconteceu, só sabia que havia acabado e deixado apenas uma grande consideração por ele.
Com James nunca foi assim, eles sempre tiveram um sentimento forte o bastante para enfrentarem tudo e era o que faziam. Eles estavam juntos para qualquer coisa, eles zelavam muito pelo que tinham, pela segurança e felicidade do outro. Eles confiavam a vida no outro, juntavam seus traumas para se fortalecer juntos, e dividiam a mínima alegria que tinham juntos. E foi com a mesma naturalidade que isso começou, que fez tudo terminar. Depois que sofreram torturas físicas e emocionais da Sala Vermelha pelo amor deles, decidiram não se fazer sofrer mais e terminaram a relação.
Mas parece que sentimentos antigos voltaram à tona quando James a chamou pelo apelido antigo e depois a puxar para um beijo rápido e discreto, odiava sentir o que James causava nela. Se sobrevivesse aos perigos da Rússia, estava deixar as coisas bem claras. Natasha é a primeira a se afastar.
– Desculpe, eu não... só queria que soubesse que não esqueci da gente.
- Olha James, eu sei disso e também não esqueci. Só acho que a gente não precisa ir assim, nós passamos por muita coisa e estamos passando e eu não quero misturar as coisas. – Ela percebe o arrependimento dele e segura sua mão. – Eu não estou com raiva nem quero te bater como na guerra civil, até porque eu não fui forçada a nada, só pedi que sejamos cautelosos e que coisas antigas não nos comprometam.
- Entendo perfeitamente, eu também não. Só queria demonstrar que eu ainda sou o James, mas eu também sou profissional como você sabe e eu nunca vou deixar que isso comprometa as coisas que temos para fazer aqui. Quando tudo acabar, nós podemos conversar sobre isso.
- Admiro seu profissionalismo e gosto de trabalhar com você. – Ela sorri. – Também gosto das nossas conversas, nos entendemos bem.
- Também acho isso. – Eles passam alguns minutos em silêncio e ele pragueja mentalmente por ter beijado Natasha, eles são profissionais o que foi que deu nele? Percebe que ela olha firmemente para a outra mesa, talvez quisesse sair dali. – Natasha?
- James. – Ela acena para que ele veja o homem da mesa ao lado que não parava de encara-los. Ele carregava consigo um telefone e um dicionário de bolso que consultava uma vez ou outra quando era necessário pronunciar alguma palavra russa. – Eu vou cuidar disso.
Ela caminha em direção a ele e sorri de uma forma amigável enquanto coloca uma das mãos no quadril para certificar que havia levado a sua arma, nunca sabia quando iria usar.
- Temos um turista por aqui? – Sorri gentilmente. – Posso te ajudar?
- Quem é você? – Ele fala pausadamente na língua russa. – Como sabe?
- É perceptível um traje americano que não aguenta o frio da Rússia e a sua linguagem pausada com um dicionário te entregou. – Estica a mão. – Natalie, trabalho como guia de turismo.
- Mark.
- Como posso ajudá-lo, Mark? Quer conhecer nossa agência, pontos turísticos ou algo do tipo?
- No momento nada, estou me familiarizado aos poucos com a cultura desse país e tenho parentes aqui, mas adoraria desfrutar da a companhia de uma pessoa tão simpática e paciente para me ajudar no que for preciso. É possível me comunicar com você quando precisar?
- Claro que sim. – Ela escreve seu número em um guardanapo. – Me ligue quando precisar.
Ela caminha em direção a mesa em que estava sentada com James e ele lança um olhar confuso para ela.
- O que foi?
- Você conhece algum Mark?
- Não que eu lembre, por quê?
- Toma cuidado e vamos sair daqui.
(...)
Eles seguiram juntos por alguns minutos até Natasha o deixar enquanto seguia para a casa da amiga, depois de insistir algumas vezes para que ele fosse junto ele recusou. Se fosse pego por alguém, não queria machucar Natasha nem Yelena, elas já passaram por muitas coisas ruins além dele gostar muito delas.
As últimas palavras que trocou com Natasha foram um “se cuida", “a gente se vê” coisas do tipo. Ele aceitava a preocupação dela e iria seguir os conselhos que ela deu, por mais difícil que fosse afinal ele já era conhecido e teria que se camuflar o melhor possível não era difícil quando era da KGB, esperava ter a mesma eficiência.
Ele caminhava sem rumo pelas ruas frias da Rússia, era uma paisagem linda e agradável. Não sabe como nem quando sentiu mãos pesadas tocarem firmemente seu ombro enquanto passava por um beco, parecia alguém que queria muito vê-lo e a julgar pelo toque, seria a última vez que queria ver aquela pessoa.
James sente uma arma em suas costas quanto tenta se mexer, imaginou lutar contra quem quer que fosse se isso não arriscasse a sua identidade.
- Eu não tenho nada que você queira. – Foi a única coisa que disse.
- Eu sei que não tem, mas você é o que eu quero. – O homem joga James contra uma parede. – E você vai perder muita coisa se não fizer o que eu mando.
- Não vai querer saber quem eu sou. – Fala segurando a mão do oponente com força.
- Eu já sei. – Ele ri. – Mas as outras pessoas não vão querer saber.
(...)
Fantasmas, era isso que o passado representava para Natasha. Ivan era um deles, junto com a Sala Vermelha e qualquer coisa relacionada a esses dois. Lembra-se de ter relatado a Wanda o que vira quando a feiticeira invadiu sua mente, Wanda disse que a fez ver o que a enfraqueceria para ganhar a luta e acabar com os Vingadores, assim como ela fez com o resto da equipe.
Wanda estava certa, nada te deixava tão vulnerável quanto seu passado, nada despertava tanto pavor e tanta raiva, nada que tirasse tanto o seu sono, nada que a deixasse como uma criança assustada que fugia de monstros imaginários. E mais uma vez ela se pegava pensando nele, ela sabia que isso só acabaria quando quotas de sua dívida com o passado sombrio.
Yelena era totalmente o seu oposto, mesmo sendo uma assassina com um passado ruim ela parecia não pensar tanto nele, não sabe se era por não temer as consequências dele ou por querer evitar pensamentos ruins. Sempre que Natasha falava algo relacionado a Sala Vermelha ela evitava.
- James veio te ver? – Disse animada. – Arriscou tudo para te ver?
- Claro, nós somos muito românticos. – Ironizou. – Ele veio pelas memórias dele, pelo passado e por ele. – Não falou do beijo, achou melhor evitar os alardes de Yelena.
- Vocês e o passado. – Revirou os olhos. – Quando vão parar com isso.
- Quando tudo estiver resolvido.
- Natasha. – Segura gentilmente as mãos da amiga. – Você sabe que nem tudo vai se resolver, nós sempre seremos assassinas treinadas e isso nunca vai mudar. Mas nós mudamos, não fazemos mais o que fazíamos antes e é isso que importa. Se a gente não se perdoar, nossos fantasmas do passado sempre irão aparecer.
- Obrigada, conselheira. – Ela ri. – Prometo que vou pensar.
Era bom ter amigos, pessoas que se importavam com ela e que nunca julgaram seus atos. Yelena era uma dessas pessoas, ela poderia ter negado a sua amizade a quem tinha a abandonado anos atrás, mas ela não fez isso. Yelena era como a família de heróis, eles tinham muitos defeitos mas não ficavam neles como algo assustador, mas em algo que os fortalecia e ela admirava isso.
Ela estava realmente pensativa, pois precisou de três toques para atender ao número desconhecido que insistia em ligar. Demorou alguns segundos para reconhecer a voz, ele queria algo dela, mas ela não sabia o que era.
- Você me disse para ligar quando precisasse. – Disse o homem que ela conheceu na lanchonete.
- Do que precisa?
- De nada, mas você precisa. Vai deixar que o Soldado Invernal receba o castigo que merece?
Droga, James. – Praguejou mentalmente. – O que você fez?
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Remember
General FictionO passado é história que ajudava a entender o presente, mas ele é doloroso demais, a culpa e o peso dele são doloridos demais. Para ela é melhor esquece-lo, para ele é melhor lembrar. Essa extrema divergência se une com um propósito: eles precisam...