Reunions

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Não pensava direito no porquê – Ela nunca pensava, só fazia, odiava essa impulsividade e queria controlar isso- Mas queria ter uma conversa com James, mesmo que ele não se lembrasse de nada ela queria vê-lo  apenas para dar um “oi, fico feliz que esteja bem", sentia que devia isso a ele depois de tantas coisas que passaram juntos e o tanto que ele já fez por ela, como se entregar para a Sala Vermelha e ficar congelado para que não fizessem mal a ela depois que descobriram o relacionamento. Ela devia isso a James, mesmo que ele esquecesse dela e que ela não sentisse mais nada por ele, ela queria que ele ficasse em segurança e não sofresse mais.
Ela caminhava a passos firmes em fora do ao quarto em que James estava com um Steve confuso seguindo ela, nunca havia contado para ninguém sobre sua vida pessoal com James, primeiro: achava particular demais para compartilhar até porque o que eles viveram foi muito privado sem que ninguém soubesse, segundo: o relacionamento já havia terminado sem a menor chance de voltar, era melhor manter o que viveram entre eles.
- Então, você e Bucky. – Steve fala tentando entender o que ela queria com o amigo. – Vocês eram próximos?
- Sim, digamos que eu fui próxima dele como você quer ser próximo da Sharon. – Ela fala, esperando que ele entenda, as vezes Steve era um pouco lento para entender certas coisas. - Nos conhecemos na Sala Vermelha onde tudo começou e terminou.
- Por que terminaram? – Ele pergunta quando os dois se aproximam da porta do quarto e Steve indica o cômodo em que James estava. – Você ainda gosta dele?
- Muitas dificuldades e ficou impossível de continuar. – Fez uma pausa antes de continuar, não gostava de falar sobre as lavagens cerebrais que ambos sofreram. – Conversamos depois está bem? – Ela fala ignorando a última pergunta do amigo. Abre a porta devagar e entra, tendo uma visão de James que não gostava muito.
Desde a sua primeira lavagem cerebral, James começou a escrever momentos de sua vida em um caderno para lembrar de alguns detalhes que eram apagados dele, mas nunca conseguia lembrar de tudo e se martirizava por isso, culpando a si mesmo pelos estragos do Soldado Invernal. E agora estava ali sentado na cama, olhando seu caderno mais uma vez, o mais estranho é que ele não apresentava o olhar preocupado e triste que ela estava acostumada a ver quando ele pegava naquele caderno, ele parecia estar bem.
Na noite anterior, Wanda havia mostrado algumas de suas memórias e agora ele lembrava de coisas antes esquecidas e lacunas vazias: Da Segunda guerra mundial ao lado de Steve, da queda do avião na qual perdeu seu braço esquerdo, da Sala Vermelha e de Natasha Aquela forma de tentar lembrar de tudo terminou com um James caindo no choro e gritado para que ela parasse, quando ele foi ao chão chorando muito Wanda o abraçou forte, quando ele se acalmou ela saiu para que descansasse, não havia levantado naquele dia.
A visita dela foi uma grande surpresa, por mais que eles tivessem muito o que conversar ele não esperava encontrá-la tão cedo já que haviam lutado juntos meses atrás e nenhum dos dois gostavam de falar sobre sentimentos ou sobre o passado. Não entendia o porquê da visita, mas ficou feliz com isso pois precisava muito vê-la depois da luta que tiveram e perdão seria o mínimo que deveria pedir depois das memórias terem voltado.
- Как ты, Наташа? (Como está, Natasha?) – Falou em russo para que ela entendesse que sua memória tinha voltado, falar no idioma era uma espécie de mensagem entre eles no passado para dizer que não haviam se recuperado das lavagens cerebrais.

- Привет Джеймс. (Olá, James) – Ela responde no mesmo idioma e faz Steve sair, eles estavam precisando de uma conversa privada, como havia sido o relacionamento deles.


Ela fechou a porta atrás dela e se aproxima da cama, ficando em pé ao lado dela até James fazer sinal para que ela sentasse. Nunca se sentiu em um clima pesado para conversar com alguém, nunca se sentiu que estava sem assunto ou não sabia como iniciar uma conversa geralmente era a espiã que fazia as outras pessoas se sentirem assim.
- Eu estou bem, James. – Ela responde a pergunta, começando pelo básico. – Steve falou de mim para você? Vi que sabe meu nome.
- Não, deveria? – Ele pergunta sabendo o que ela queria, mas um pouco enciumado pela proximidade com Steve ele não conhecia bem.
- Somos grandes amigos, isso soa estranho vindo de mim. – Solta um riso irônico. – Achei que havia falado sobre mim já que me chamou pelo nome, quem falou sobre mim?
- Ninguém. – Ele fala mostrando o caderno para ela. – Eu lembrei, Natasha. – Ele fala sorrindo como se fosse a frase mais feliz que saísse de sua boca, e realmente foi. – Wanda me ajudou e as minhas memórias estão se encaixando junto com o que ela me fez ver e o que anotei nesse caderno. – Ele entrega o caderno para ela como se compartilharem uma preciosidade.
- Que bom. – Ela sorri levemente. – Eu estou feliz por você. - Ela reluta, mas decide perguntar. – Lembra de tudo?
-Lembro muito bem de você, fiquei feliz com isso.
(...)
Aquilo a pegou de surpresa, não pelo fato de James se lembrar dela mas a forma como ele falou que lembrava, parecia tão feliz por se lembrar dela bem mais do que ela podia imaginar que ficaria. Mais uma vez ficou sem reação, resolveu não dizer nada e fala fez o mesmo o que deixou o ambiente totalmente desconfortável.
-  Eu sinto muito, por tudo que aconteceu com você Eu fiquei muito mal por ter te machucado, logo você que já fez tanto por mim.  – Disse quebrando o silêncio.  As palavras não saíram como havia planejado, mas foram as mais verdadeiras possíveis.
- Não foi culpa sua, James. – Ela disse levantando o olhar para ele novamente. – Foi um acidente causado pela HYDRA. – Fala normalmente como se não fosse nada grave, quando seu interior chorava por ter sido esquecida justamente por aquele com quem já compartilhou tantas coisas.
- Deveria ter te reconhecido,  você usava o colar que era meu.
O tal colar que Natasha usava foi um presente que James dera para que ela nunca esquecesse dele e ele também possuía um colar dado por ela, era uma espécie de aliança entre eles e uma aliança que nunca desconfiaram, já que os colares eram totalmente diferentes. Quando lutou contra Natasha, ela estava usando o colar e disse que ele deveria tê-la reconhecido, ela usava para tentar ajudá-lo a lembrar, mas não conseguiu.
- James, eu não sinto raiva de você por isso. – Fala com uma voz apaziguadora enquanto faz movimentos circulares no joelho. – Eu te conheço o suficiente para saber que aquele não era totalmente você, se fosse não teria atirado em mim, matado os pais do Stark, me enforcado nem feito nada do que fez. Confesso que fiquei triste com tudo que aconteceu mas, quem sou eu para te julgar? Não sei metade do que passou, mesmo que eu finja que te entendo. Só queria saber se estava bem e fico muito feliz ao saber que sim.
- Então você me perdoa? – Ela assente e ele sorri aliviado. – Tirou um peso enorme de mim, de verdade. Obrigada por se preocupar comigo, tanta coisa mudou desde que nos vimos pela última vez que eu estava “bem"- Faz aspas com as mãos. – E você, não me disse como está.
- Como se fica depois que super-heróis adultos que são os poucos amigos que teve entram em uma guerra por motivos fúteis e acabam com uma equipe inteira de pessoas que deveriam estar salvando o mundo ou coisa assim. – Ela respira fundo, a ironia usada era para amenizar sua dor pelo ocorrido. – É difícil lidar com isso, mas não posso fazer nada por enquanto.
- Você sempre pensou mais nos outros do que em si mesma.
- Mas agora resolvi pensar em mim pelo menos uma vez na vida. Assim como você eu não vou agitar meu passado, quero encarar de frente onde tudo começou, rever amigos que não são mais amigos e me consertar comigo mesma.
- Natasha, se está falando em voltar para a Rússia eu quero te pedir uma coisa: toma muito cuidado. – Era isso que dizia quando não queria que ela se arriscasse, mas sabia que ninguém impedia ela de fazer o que queria, só restava torcer para que ficasse bem. – Não acabou bem quando estava lá da última vez. Eu ainda desejo muito o seu bem.
- Está bem James e é recíproco. Toma cuidado também, sabe que eles não descansarão enquanto não pegarem o Soldado Invernal, fique por aqui enquanto tudo se acalme. – Quando termina de falar, ambos trocam um abraço curto e frio comparado aos que já trocaram, não era tão aconchegante como antes, mas era um gesto bom que resumia os momentos de sinceridade que tiveram naquele dia.
(...)
Odiava despedidas, principalmente depois de se apegar tanto a alguém pela primeira vez. Agora ela tinha amigos e ficar longe deles por algum tempo não era nada fácil, queria muito ficar ou levá-los com ela, mas ela precisava de um tempo sozinha para se entender com ela e não queria incluir eles nos seus problemas pessoais e assuntos inacabados na Rússia, eles tinham problemas demais.
Ela sabia por onde começar, caminhando pelas ruas de Moscou que conhecia tão bem e enfrentando o frio que estava tão acostumada, os invernos americanos não se comparava ao do seu país, seus amigos as vezes se impressionavam com a forma que ela lidava com dias frios; riu com essas lembranças, adoraria vê-los enfrentando o frio russo.
Natasha entra em um apartamento familiar, estranhou o fato de uma certa pessoa morar ali por tanto tempo, as coisa pareciam mesmo calmas. Entrou devagar passando pela porta que estava entreaberta, parecia que ela esperava alguém ou sabia que teria visita, era espiã deveria saber. Natasha só não sabia se ela ainda estava do seu lado, estava acostumada com amizades desfeitas na sua antiga vida então seria perfeitamente normal se ela não a considerasse mais uma amiga.
- Eu sei que está aqui. – Ela fala para o vazio do lugar. – Então, será que podemos conversar como adultas? – Fala enquanto caminha pela sala.
- Adultas? – Yelena Belanova aparece na frente dela, não estava tão diferente como da última vez que se viram. – É isso mesmo que somos?

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