Together?

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A vida em Wakanda era muito boa -para dizer o mínimo de quem nunca havia experimentado nada igual – e depois que fez novos amigos, James se sentia bem como não sentia há anos. Mas não era só pelo conforto que a vida palaciana era capaz de oferecer, não que ele não gostasse da cama confortável, quarto espaçoso, comida boa, lindas paisagens e equipamentos da mais avançada tecnologia, James se sentia bem consigo mesmo e isso era novidade para ele, se sentia bem com as pessoas ao seu redor (O que era novidade porque ele nunca se sentia bem com as pessoas) e algo em seu interior dizia que logo tudo iria se resolver e o seu exterior tinha Wanda e Steve que não se cansavam de repetir isso.
Mas ele queria fazer bem mais do que apenas ouvir pensamentos e mensagens positivas ou escrever no seu caderno enquanto os dias se passavam, ele queria ajudar aqueles que viviam como fugitivos quando eram inocentes, queria ajudar ele mesmo a sair do rótulo de criminoso por metade da população mundial e queria fazer tudo ficar bem. No dia anterior, ele confessara com Wanda a respeito disso, disse que não queria ficar ali enquanto Steve lutava para ajudar seus amigos e Natasha lutava para se acertar com ela mesma. Admirava a coragem e determinação deles e queria fazer o mesmo. Wanda disse que queria ajudá-lo se ele estivesse disposto, seus portais o levariam para qualquer lugar. Ele deu um dia para pensar e o prazo havia acabado.
Confessava não ter pensado muito nisso, já estava decidido no que pretendia fazer desde a conversa com Wanda. Mas estava inseguro, não podia sequer imaginar como as pessoas (as autoridades em especial) reagiram quando o temido Soldado Invernal “desse as caras" mais uma vez. Só saberia na prática e isso era assustador, mas uma hora ou outra ele tomaria essa decisão, então que fosse agora.
- Te dei um dia para pensar. – Ela disse enquanto chegava entre pulos, não sabia o porquê dessa demonstração de felicidade. – O que me diz?
- O que? – Steve pergunta curioso e confuso.
- Sim, tomei a minha decisão. – Respira fundo. – Podemos? – Olha firme para Wanda que concorda com a cabeça.
- Podemos o que? – Steve pergunta mais uma vez.
- Mostrar para o mundo quem realmente sou. – James explica olhando para Steve. – Alguém disposto a fazer o que é certo.
- Mas você não pode fazer isso quando estão te caçando! Por isso está aqui! – Steve fala esfregando as mãos na calça, o que sempre faz quando está nervoso. Ele amava James como um irmão e estava sempre disposto a proteger seu melhor amigo.
- Não posso ficar esperando, te agradeço muito pelo que fez por mim mas está na minha hora de fazer algo também.  – Dá um abraço apertado em Steve. – Não faça nada estúpido até eu voltar.
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A mãe Rússia não parecia diferente de quando ele a visitou pela última vez, os flocos de neve caindo e alguns deles caídos sobre janelas e portas das casas, pequenos galhos das árvores e aos montes pelo chão se combinando perfeitamente com as crianças brincando na rua. O inverno russo era algo bonito de se apreciar, principalmente quando encaixado a inocência infantil e aos sorrisos que ele causava nos pequenos seres.
James sorria para si mesmo com aquelas cenas que o levaram de volta para Indiana quando corria pela rua com os amigos até ouvirem os estridentes gritos de suas mães. Era uma época boa, sem preocupação e sem ideia do que o futuro reservava.
Ele caminhava com medo de rostos conhecidos pela rua, escondendo quase sempre o rosto com o capuz do casaco, a última coisa que queria era causar medo e brigas de rua com quem tentasse pegá-lo. Ainda não sabia onde iria se hospedar, se é que ficaria muito tempo ali sem ser notado, só caminhava sem rumo algum pelas ruas com uma mochila nas costas e suas mãos enterradas nos bolsos do casaco torcendo para que encontrasse logo o que procurava.
Entrou em uma pequena lanchonete que era sua favorita quando vivia na Rússia por ser um ambiente parecido com o que ele estava acostumado durante a sua infância e adolescência antes de se tornar um soldado americano. Entre uma missão e outra sempre dava um jeito de parar e tomar um café ali sem que ninguém da Sala Vermelha o visse nem ninguém dali soubesse a sua identidade, já que havia um disfarce para cada uma de sua idas.
Sentou-se próximo a porta e admirava a decoração e as conversas e risadas de algumas pessoas enquanto aguardava o seu pedido. Era tão bom ver pessoas normais seguindo suas vidas: falando sobre o trabalho, crianças quase implorando para que seus pais comprassem doces, casais apaixonados e algumas pessoas que, assim como ele, estavam sozinhas e algumas delas aparentavam ser extremamente frias, ele não entendia o porquê.
- Obrigado. – Agradeceu ao homem que lhe entregou o café, logo depois baixou a cabeça e fingiu olhar algo no celular, o dispositivo eletrônico que ainda não conseguia usar tão bem, mas era um bom disfarce para quem evitava mostrar o rosto.
Depois do café, decidiu caminhar mais um pouco e refletir sobre o que tinha levado ele até ali. Seus pensamentos foram interrompidos pela mulher com quem se chocou.
- James?
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Havia chegado a hora de fazer o que a levou de volta para a Rússia, se entender com seu passado que infelizmente tinha Ivan fazendo parte dele, um Ivan vivo que poderia te fazer mal a qualquer momento. Natasha sabia no fundo que aquilo iria acontecer, afinal ninguém pode fugir de seu passado para sempre, ela só evitava essa realidade porque temia muito o que poderia acontecer. Sim, a Agente Romanoff e Viúva Negra não estava preparada para o que poderia acontecer com ela, por isso tentava convencer a si mesma de seu disfarce despreocupado e preparado para tudo, mas a realidade não era essa.
Precisava acabar logo com os planos de Ivan antes que o contrário acontecesse, sabia que disfarces não faziam parte dos joguinhos de seu pai adotivo então iria até ele com a “cara limpa" mesmo. Suas pesquisas diziam que ele morava razoavelmente perto ao apartamento de Yelena, era estranho nunca terem se visto. Ela caminhava há alguns minutos quando se chocou com James em uma rua próximo a uma lanchonete, lançou um olhar confuso e ao mesmo tempo preocupado para ele. Para alguém que estava fugitivo, seja o que tenha o levado para Rússia poderia ser grave.
- Aconteceu alguma coisa? – Pergunta assustada e ele nega com a cabeça.
- Também resolvi me entender com o passado. – Diz a levando para dentro da lanchonete para que conversassem melhor e com aparente segurança.
- É perigoso, todo mundo já sabe quem é você. – Fala em tom calmo e preocupado, por mais que não estivessem mais juntos ela ainda possuía sentimentos bons quando se tratava de James, nunca deixaria de sentir isso. – Devia esperar as coisas se acalmarem.
- Não podia deixar que outras pessoas resolvessem por mim, Steve já fez muito e você está fazendo muito.
- Como assim?
- Alguns negócios que você tem para resolver aqui, em parte eu participei deles. Você não precisa da minha ajuda nem depende dela, mas se alguém aqui te reconhecesse e te causasse algum mal pelo que nos fizemos juntos eu não me perdoaria. – Agora é a vez dele demonstrar preocupação.
Ela ficou surpresa, não pela forma como ele falou mas por ele ter realmente lembrado de tudo. Os dois tinham uma grande parceria nas missões, foi em uma delas que começaram o relacionamento, nessas missões eles eram capazes de qualquer coisa e foram responsáveis por muitos crimes, fazia sentido estarem ali juntos, mas era arriscado.
- Obrigada.
- Não me agradeça, eu precisava estar aqui com você. Como você está?
- Nada bem, como é de se esperar por aqui. Lembra do Ivan?
- O pai adotivo que você tanto odiava? – Respondeu como se fosse a pergunta mais simples do mundo. – Ele não está morto?
- Também achava isso até que ele apareceu na casa da Yelena como um pai amoroso e preocupado com a sua menina que resolveu visitar o país. – Fala e tom irônico. – Receio do que ele possa fazer e estava indo acabar logo com isso.
- Ele não avisaria se estivesse planejando algo, avisaria?
- Ele sempre da um alerta, gosta de enfrentar pessoas preparadas para ele. Ele sabia que eu não acreditaria no seu disfarce, que eu esperaria para saber o que ele queria. Eu não quero esperar, quero acabar com isso de uma vez.
- Como vai fazer isso?
- Como a Viúva Negra sempre faz. – Ele sorri e ela devolve o gesto quando percebe que ele lembra vem do seu estilo. – Em outras palavras, ele vai lamentar ter me visitado.
- Posso te fazer uma proposta? – Pergunta depois de alguns minutos de silêncio, ela concorda com a cabeça. – Nós dois queremos acerto de contas com o passado, então se acertamos juntos? Eu posso te ajudar com o Ivan.
- E eu te ajudo com os atos do Soldado Invernal. – Ela completa. – É sempre bom ter aliados, pode ser. Além disso, gosto de trabalhar com você.
- Posso dizer o mesmo, Nah. – Pisca e ela sorri ao ouvir ele pronunciar seu antigo apelido, dito apenas entre eles no passado.

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