(1) Nacho

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— Está sendo um martírio

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— Está sendo um martírio. — respiro fundo. — Ao mesmo tempo penso ''talvez eles tenham merecido'', depois penso ''eu também mereço'', estranho, não?

— Não. — sua voz sai bem fraca. — Se está vivo, merece uma chance.

— Sempre vendo pelo lado bom.

— Esse lado existe em você também.

Ela tosse novamente. Corro e pego um copo com água, colocando em sua boca. Ela engasga e começa a tossir. O seu desespero me faz ter ódio, ao mesmo tempo fico sem saber como trata-la.

Ela para de tossir.

— Estou bem. Ainda não sei e nem consigo engolir. — sua voz embolada me faz ter mais raiva. — Consegui dar dois passos hoje.

— Daqui a pouco estará correndo por aí. — beijo sua mão. — Eles vão pagar por tudo o que fizeram.

— Sandro vai pagar...

— Ele também.

— Não, eles foram mandados por Sandro. — ela começa a tossir novamente. Ela tosse tanto que vomita a água que acabou de beber.

Levanto rapidamente da cama, pego uma toalha e a limpo.

— Pai, por favor...

— Alina, não pense muito nisso. — ajudo-a a levantar da cadeira de rodas. — Eu nem deveria ter falado sobre esse assunto.

— Pai...

— Vou te limpar, Alina.

Com todo cuidado, carrego-a até o banheiro, adaptado para sua nova condição.

Alina, a filha mais diferente que tive na vida. E não, não parece em nada com Andreza. Eu peguei qualquer foto de uma garota parecida com Andreza e falei que ela lembra minha filha, sinceramente, algo em mim é contra essa ideia.

Meu plano era dar uma ''boa estadia'' aquela gente. Deixar claro quem manda ali. Mas não consegui prosseguir com Andreza e aquele bebê. Apesar dela não parecer com minha filha, Andreza tem o mesmo olhar suave e a voz calma, o mesmo olhar que uma hora é decidido, depois é piedoso, e ela me escutou...

A minha intensão era dizer que Andreza lembra a minha filha, fingir de bonzinho para ela, depois tortura-la psicologicamente... No entanto, não consigo, porque sim, ela lembra minha filha no jeito de ser.

E o pior que demonstrei sentimentos sinceros em nossa conversa.

Ajudo Alina a tirar a roupa, enquanto ela fica resmungando, no seu jeito embolado, sobre eu ter que dar banho nela.

— Pelo amor de Deus, menina, eu te dei banho a infância toda.

— Eu cresci, pai.

— E eu sou seu pai. — olho para ela. — Quando eu for um idoso que usa fralda, você e Arman terão que me dar banho também.

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