— Está sendo um martírio. — respiro fundo. — Ao mesmo tempo penso ''talvez eles tenham merecido'', depois penso ''eu também mereço'', estranho, não?
— Não. — sua voz sai bem fraca. — Se está vivo, merece uma chance.
— Sempre vendo pelo lado bom.
— Esse lado existe em você também.
Ela tosse novamente. Corro e pego um copo com água, colocando em sua boca. Ela engasga e começa a tossir. O seu desespero me faz ter ódio, ao mesmo tempo fico sem saber como trata-la.
Ela para de tossir.
— Estou bem. Ainda não sei e nem consigo engolir. — sua voz embolada me faz ter mais raiva. — Consegui dar dois passos hoje.
— Daqui a pouco estará correndo por aí. — beijo sua mão. — Eles vão pagar por tudo o que fizeram.
— Sandro vai pagar...
— Ele também.
— Não, eles foram mandados por Sandro. — ela começa a tossir novamente. Ela tosse tanto que vomita a água que acabou de beber.
Levanto rapidamente da cama, pego uma toalha e a limpo.
— Pai, por favor...
— Alina, não pense muito nisso. — ajudo-a a levantar da cadeira de rodas. — Eu nem deveria ter falado sobre esse assunto.
— Pai...
— Vou te limpar, Alina.
Com todo cuidado, carrego-a até o banheiro, adaptado para sua nova condição.
Alina, a filha mais diferente que tive na vida. E não, não parece em nada com Andreza. Eu peguei qualquer foto de uma garota parecida com Andreza e falei que ela lembra minha filha, sinceramente, algo em mim é contra essa ideia.
Meu plano era dar uma ''boa estadia'' aquela gente. Deixar claro quem manda ali. Mas não consegui prosseguir com Andreza e aquele bebê. Apesar dela não parecer com minha filha, Andreza tem o mesmo olhar suave e a voz calma, o mesmo olhar que uma hora é decidido, depois é piedoso, e ela me escutou...
A minha intensão era dizer que Andreza lembra a minha filha, fingir de bonzinho para ela, depois tortura-la psicologicamente... No entanto, não consigo, porque sim, ela lembra minha filha no jeito de ser.
E o pior que demonstrei sentimentos sinceros em nossa conversa.
Ajudo Alina a tirar a roupa, enquanto ela fica resmungando, no seu jeito embolado, sobre eu ter que dar banho nela.
— Pelo amor de Deus, menina, eu te dei banho a infância toda.
— Eu cresci, pai.
— E eu sou seu pai. — olho para ela. — Quando eu for um idoso que usa fralda, você e Arman terão que me dar banho também.
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(COMPLETO NA AMAZON) O herdeiro da máfia - Família Garcia (Livro 5)
ChickLitQuinto livro da série "Família Garcia" É necessário ler todos os livros anteriores!