Capítulo 21

733 130 183
                                    

A crueldade do homem não é algo que possamos medir, pois as vezes ela pode ir além do que poderíamos imaginar como possível.

Naquele momento foi que Sharaene percebeu uma das coisas que estava passando despercebidas. Tudo ali era monitorado por eles: cada passo que dessem Adolf estaria sempre três a frente.

— Não somos seus brinquedos! — ela vociferou, estava farta daquele jogo.

Logo sua risada voltou a ecoar.

— Sabe querida, de todos aí você é a que me dá mais pena. — ele disse com desdém.

— Você é o único digno de pena! — Desirée gritou com nojo. — O que você ganha matando essas pessoas?

— É o progresso. — ele respondeu como se aquilo realmente tivesse cabimento. — Você também está me irritando, vou preparar o mais belíssimo possível para você, para que se arrependa até de ter nascido.

— Não perca seu tempo, querido. — ela respondeu rindo com escárnio.

Sharaene achou aquela conversa estranha, a forma como Desirée respondia nem parecia ela, porém naquele momento não tinha tempo para se preocupar com isso.

— O que você quer de nós? Por favor, nos liberte. — uma mulher pediu choramingando.

Novamente a risada debochada se alastrou pelo local. Aquilo irritava Arion, ódio era notável em sua expressão.

— A morte já será um livramento para seres imundos como vocês.

Logo todos começaram a falar ao mesmo tempo, uma voz sobressaía a outra.

— Por que o sol não nasceu?

— Você é podre!

— Isso é errado!

— Tenha piedade de nós!

— Isso é loucura!

— O governo deveria ser bom!

Era até difícil entender o que estava sendo dito, alguns xingavam palavrões que Sharaene nunca havia escutado.

O pior é que aquilo de nada adiantava.

— Não tenho paciência para isso, tentem sobreviver. Até mais! — ele falou dessa vez seriamente. — Mas antes de ir... Dálio, se eu fosse você se vingaria pelo corte em seu braço.

Não foi difícil entender o que aquilo significava. Foi um pedido para que o homem se vingasse de Arion. Apesar de não simpatizar com ele, se sentia pior só de imaginar ele morrer por ter a defendido.

Durante meia hora nada aconteceu. Todos estavam dispostos a lutar, isso Sharaene invejava naquele povo, sempre tinham esperança e força de vontade.

— Devemos retirar os corpos e deixar próximo aos muros. — um homem disse.

Logo todos concordaram, em grupos cada um ia em direção a um cadáver, Sharaene já sabia qual ela retiraria.

Ao olhar o corpo decapitado ela tinha vontade de gritar, de brigar com ele por ter morrido, queria poder saber o que ele iria fazer antes de ser morto, queria entender o porquê de tudo.

Segurando as lágrimas olhou para a aliança em seu dedo, era algo tão belo, era o símbolo do amor entre eles, um amor que ela iria morrer acreditando fielmente que existiu.

— Isso é uma aliança? Você ia casar? — Kayron perguntou enquanto parava ao lado dela.

— Sim. — ela sussurrou.

— Seu noivo não tentou entrar no desafio?

Queria responder que não, desejava que ele não tivesse entrado.

SOBREVIVA ATÉ O SOL NASCER [CONCLUÍDA/ EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora