Mortir, O traguban

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— Eu me chamo... Er... Kelyne! (Eu)

— Seu nome não parece ser esse. (Mortir)

— É verdade... Eu não lembro meu nome. (Eu)

— E de onde veio o nome? (Mortir)

— Adrian me renomeou assim, e bem... Preciso de um nome não é? (Eu)

— É verdade, nesse caso te chamarei de Kely. (Mortir)

— Mas primeiro me explica uma coisa? (Eu)

— Diga. (Mortir)

— Porquê te chamam de Mortir, O traguban? E porquê você parece tão importante? (Eu)

— Primeiramente deixe-me te corrigir dizendo que eu não sou importante. Na verdade eu e você temos o mesmo grau de relevancia. (Mortir)

— As pessoas não tem o mesmo grau de relevancia. (Eu)

— Você até poderia estar certa pensando isso, mas ja parou para pensar que as pessoas só são o que elas são pela oportunidade que tiveram de ter? Eu prefero pensar que pessoas parecidas tiveram a sorte de estar naquela situação específica. (Mortir)

— Parando para pensar... Até que faz sentido. Você se refere a pessoas como sendo iguais mas que talvez por sorte acabaram em um patamar totalmente diferente não está certo? Como alguem inteligente ou alguem nem tanto. (Eu)

— Exato, mas voltando ao assunto me chamam de Mortir pois esse é meu nome... (Mortir)

— Er... (Eu)

— Mortir é meu nome e tragubam é quem eu sou, por isso me chamam de Mortir. (Mortir)

— O que? (Eu)

— Desculpa, tenho uma pergunta. (Mortir)

— Diga. (Eu)

— O que você sabe sobre perda de memória? (Mortir)

— Acho que é algo que pode ser causada por alguma pancada, doença ou algo emocional muito forte... (Eu)

— Algo emocional? Como por exemplo? (Mortir)

— Acho que um trauma, não sei. (Eu)

— Isso parece se encaixar, trauma. (Mortir)

— Onde quer chegar com isso? (Eu)

— Não é obvio? Quero chegar a uma conclusão para o seu caso. (Mortir)

— Você pode me ajudar? (Eu)

— Não. Mas posso te mostrar como se ajudar. (Mortir)

Esse homem parecia meio louco, e isso me deixou meio sem entender nada, apenas que ele falava coisa com coisa, e com seu modo de vestir meio estranho mas de certo modo belo... Uma blusa de frio cheia de furos a qual escondia a blusa por dentro e deixava um ar de mistérios sobre o porque de usar uma blusa de frio mesmo não estando frio, junto de suas calças largas brancas e sua guetta o deixa com uma vestimenta bem estranha e ao mesmo tempo estilosa de certo modo.

— Você apontou um fato interessante. (Mortir)

— Apontei? (Eu)

— Sim, trauma pode ser a resposta. (Mortir)

— E como chegou a essa conclusão? (Eu)

— Você não acha que o mais correto seria olhar o obvio? (Mortir)

— Obvio...? (Eu)

— Você não teve perda total de memória, mas de fato algo sumiu, e é algo muito específico para ter sido algum outro motivo. (Mortir)

— Seria algo que me chocou mentalmente ou eu bati a cabeça e tive traumatismo? (Eu)

— Você de fato bateu a cabeça, e tambem de fato teve um choque ao mesmo tempo. (Mortir)

— E agora? Como sabe disso? (Eu)

— Pela cicatris recente atrás de sua cabeça. (Mortir)

Duvidando eu passei a mão sobre a minha cabeça e não achei nada, mas após alguns segundos ainda peocurando, eu encontrei um pequeno galo.

— Kyaaaaaa! É verdade!? (Eu)

— Mas tudo é apenas uma suposição baseada em pequenos detalhes pouco perceptíveis e talvez... Instinto. (Mortir)

— Você me parece bem inteligente. (Eu)

— Você também. (Mortir)

— Também podemos supor que sua memória se fragmentou, ou que foi levada por algo sobrenatural. (Mortir)

— Isso seria meio impossível não acha? (Eu)

— Impossível talvez seja uma palavra muito exagerada para tí, não acha? (Mortir)

— Ok... (Eu)

— Quais das hipóteses gostaria de confirmar primeiro? (Mortir)

— Acho que a do trauma seria a opção mais cabível. (Eu)

Por alguns minutos, Mortir, O traguban se sentou sobre o chão com as pernas cruzadas e os olhos fechados. Sem tentar interromper esperei pacientemente pela ajuda que ele talvez poderia me dar, admito que não tentei procurar por mais alguém aos arredores pois ele parecia ser a escolha certa...

— Acho que é isso. (Mortir)

— Isso? (Eu)

Ele dizia essas palavras enquanto abria os olhos vagarosamente ao erguer a cabeça para trás enquanto parecia estar estalando o pescoço ao se levantar do chão.

— Você irá para aquela montanha atrás de tí e subirá pelo caminho da esquerda nela, e lá vai haver um reino onde você irá procurar por flesias. (Mortir)

Como de costume olhei para trás e havia uma montanha lá, dessa vez não me surpreendi e apenas aceitei.

— Ok, tem mais alguma coisa para dizer? Ou devo ir logo? (Eu)

— Eu iria perguntar o porquê está confiando em alguém que acabou de conhecer mas acho que não será necessário. (Mprtor)

— É só que não tenho mais ninguém para confiar... (Eu)

— Entendo. Você vai precisar falar para a flesias que me conhece, e quando terminar e for voltar diga a ela que vou querer aquilo que ela tem de mais valor. (Mortir)

— Está bem. (Eu)

Não entendi o que ele quis dizer com isso e apenas concordei, mas não minto dizendo que não fiquei curiosa ou sem medo daquelas palavras.

— Provavelmente vai ser um pouco duro subir uma montanha, mas acho que consigo. (Eu)

Disse isso a mim mesma em alto e bom som, enquanto pensava ao mesmo tempo em Mortir, O traguban e me perguntando mentalmente se fiz a escolha certa ou errada em confiar nele. Após uns 30 minutos andando em grama baixa perdi a visão do lugar que eu estava pensando que pode simplesmente ter sumido, mas a notícia boa de tudo isso é que finalmente cheguei no início da montanha, ao olhar para cima percebi que me arrependo amargamente de ter chegado até aqui e ter de subir isso tudo.

— Quem está aí!? (Eu)

Gritei ao notar que havia alguém me seguindo esse tempo todo, e notei isso ao me ligar que quando ando algumas gramas frágeis ficam amassadas pelo chão devido ao meu peso corporal quando dou um passo, mesmo que isso seja dificilmente notado quando você não presta atenção, é facilmente notado quando as marcas de passos estão mais profundas e mais destacadas, como se eu tivesse pisado duas vezes pelo mesmo local, e o mais surpreendente de tudo isso é que ao perceber tal coisa estranha não fez sentido ao ver a mim mesma vindo até mim pelo mesmo caminho que usei, surgindo do horizonte, pois as pegadas dão a entender que ou tenho o dobro do meu peso ou essa é a segunda vez que estou passando exatamente pelo mesmo lugar, e em estado de choque essa pessoa idêntica a mim chegou na minha frente e sorrindo disse:

— To be continued... (???)

KanjikaOnde histórias criam vida. Descubra agora