1 ovo grande

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CAPÍTULO DOIS

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CAPÍTULO DOIS


𖥸


⠀⠀Por incrível que pareça, o dia em Seul estava ensolarado, com direito a nuvens fofinhas com formatos indecifráveis perambulando pelo céu bonito. O clima estava perfeito, a cidade parecia estar mais alegre ao ponto de vista de qualquer um que passava. Hoje, as crianças corriam de um lado para o outro no parque, famílias passeavam reunidas e bichinhos de estimação brincavam com seus donos. Tudo estava dando certo, aparentemente, para todos. Entretanto, dentro de um lar em específico em um condomínio no centro, encontrava-se um garoto com os olhos marejados, os lábios trêmulos e o coração partido em mil pedaços.

⠀⠀Eram 14:26 da tarde quando o homem de fios loiros e pele amendoada adentrou a porta da entrada, com suas sobrancelhas juntas em um franzir de testa e o maxilar trincado, deixando sua fisionomia ainda mais amedontradora para aqueles que não o conheciam, mas por sorte, Mikey não era uma delas.

⠀⠀O metade cão, assim que avistou a cabeleira arrumada em um topete perfeito que seu dono sempre se esforçava para manter no lugar, correu feito uma criança desengonçada com os braços abertos, seu rosto brilhando não só por conta da manteiga em alguns cantos e o sorriso que amolecia o coração de qualquer um, mas infelizmente, Kisaki não estava incluído nessa gente.

⠀⠀— Hanma, recebeu alguma notícia do orfanato de híbridos?

⠀⠀Manjiro sentiu todos os seus músculos travarem, e a garganta secar conforme o homem de um metro e sessenta e quatro caminhava com passos lentos em direção à cozinha, rejeitando mais uma vez o pedido mudo de atenção do híbrido que agora encontrava-se desolado.

⠀⠀O mais velho massageava as pálpebras fechadas por debaixo dos óculos, parecendo estar irritado com alguma coisa dentro de seu próprio mundo, acabando por arregalar os olhos puxados ao dar de cara com uma mesa repleta de guloseimas e alimentos típicos de um café da manhã ao entrar no cômodo. Contudo, seu olhar seguiu até um pote de sobremesa contendo frutas vermelhas, que Mikey sabia que seu dono tanto adorava. Disfarçou em seguia, tossindo forçadamente.

⠀⠀— Senhor? O c-cão está aqui, não deseja entrar nessa questão em uma outra hora? - O homem alto de mão tatuada indagou com a voz baixa, sentindo o coração apertar ao ver o mestiço de cabeça baixa atrás do seu chefe, tristonho.

⠀⠀Kisaki odiava os momentos em que o empregado chamava seu cachorro pelo nome, até parecia que estava conversando com um humano de verdade. Revirou os olhos, ignorando mais uma vez o servente que apenas curvou-se em pesar e caminhou a pequena área de serviço, acatando as ordens do Tetta.

⠀⠀— Nenhuma ainda, Senhor. Temo em dizer que eles recusaram o Mik- O c-cão. Infelizmente, na idade de híbrido, ele já possuí mais de dezessete anos. Após os quinze, os híbridos já se tornam adultos.

⠀⠀Tetta apenas soltou um burburinho incompreensível, pegando o pequeno recipiente de frutas juntamente com a colher ao lado, degustando o sabor deleitante do morango com leite condensado que tanto apreciava.

⠀⠀Viu Hanma adentrar ao recinto com Manjiro colado nas suas costas, parecendo duas vezes pior. Ele se dirigiu até o cantinho onde comia, cruzando as pernas ao sentar-se, quase esbarrando na vasilha com leite. Não sentia nenhum tipo de simpatia pelo mais novo, e estava prestes a arrancar os próprios fios por não conseguir deixar aquele ser em alguma esquina como fizera com diversos cães em sua infância conturbada.

⠀⠀E com esse pensamento, o de pele bronzeada sorriu perverso.

⠀⠀— Manjiro? - A voz profunda do homem de óculos tomou conta da cozinha novamente, e após alguns minutos de silêncio o garoto ergueu a cabeça, com suas orelhinhas atentas a qualquer ato e respirar feito pelo outro, com expectativa pulsando no peito dolorido. — Arrume-se. Esconda estas orelhas e seu rabo encardido, iremos dar uma volta na cidade.

⠀⠀E com isso, apenas deu meia volta, caminhando até a porta. O som oco da colher esbarrando nas bordas do pote de sobremesa de porcelana sendo o único barulho no aposento além da respiração pesada de um certo híbrido que estava prestes a pular de tanta emoção.

⠀⠀Os lumes brilhantes e marcados com a leve presença de olheiras se direcionaram até Hanma, esta que mordia levemente a ponta do dedo, em receio. Era a primeira vez que Mikey sairia de casa sem sua supervisão, mesmo que Kisaki não soubesse das saídas as escondidas que os dois faziam de manhã até o parque perto do condomínio — pois se ele soubesse, com certeza seria despedido, ou talvez processado, e até mesmo ter seu currículo destruído –.

⠀⠀— Hanma-san, você viu isso? O Saki quer sair comigo! Eu sabia que esse dia chegaria, eu sabia! Rápido, me ajude a lavar meu cabelo, por favor!

⠀⠀Afobado como era, o garoto correu até as escadas que levavam ao seu quarto, esbarrando com sua cauda nas estantes e quase derrubando as diversas fotografias que haviam no corredor largo. O tatuado apenas observando, riu baixo. Sentia medo do que poderia acontecer naquele encontro, mas não podia deixar de sentir-se feliz pelo híbrido, e torcer para que hoje ele pudesse sentir o que era ser amado de verdade nem que um pouquinho, já que ele de fato, merecia.


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Muffin de Baunilha + ❝ dra.key ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora