1 xícara (chá) de leite

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CAPÍTULO QUATRO

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CAPÍTULO QUATRO.


𖥸


⠀⠀Não sabia dizer ao certo quantas horas eram, porém, o vento estava duas vezes mais forte, ao ponto de bagunçar os fios lisos e longos do híbrido que caíam a todo momento sobre os olhos pequenos. Fora obrigado a se encolher no meio das vestimentas grossas de marca que Tetta havia lhe dado, mordendo a si mesmo para descontar o nervosismo e o medo da escuridão que tomava conta do céu outrora claro e ensolarado.

⠀⠀No momento o céu estava em diversos tons de laranja, roxo, rosa, mas Mikey não estava sentindo-se seguro o suficiente para vislumbrar e aproveitar aquela visão gloriosa que sempre observava do seu quarto no condomínio.

⠀⠀Estava com fome e com um grande receio de levantar dali, já que o dono disse com todas as letras e sílabas para que não saísse de jeito nenhum. Encolheu-se ainda mais contra o muro pichado, fungando o nariz levemente avermelhado e sensível por conta do frio estridente que o envolvia naquele beco pouco iluminado. Até que passou a escutar passos vindo de algum lugar que não conseguiu decifrar, pois suas orelhinhas estavam completamente tampadas e inutilizadas pela touca de lã que pinicava abaixo do capuz do moletom.

⠀⠀Arrancou-a de sua cabeça após de abaixar a carapuça, acariciando as aurículas dormentes antes de voltar com seu olhar para frente quase que automaticamente: havia uma porta pintada de vermelho a sua frente, provavelmente a saída dos fundos da cafeteria que agora estava pouco movimentada. Mikey concluiu isso já que não escutava gritos eufóricos de criancinhas.

⠀⠀Sua barriga roncou, e o híbrido não conseguiu fazer nada além de tampar a boca e arregalar os olhos. Só faltava essa! Ele estava em uma esquina totalmente vazia e silenciosa, com risco de ser sequestrado, Tetta havia sumido juntamente com a cacofonia dentro do estabelecimento e agora havia um monstro barulhento em seu estômago comendo seus órgãos!

⠀⠀Hoje não estava sendo um dia nada mágico, pensava o loiro de orelhas felpudas na coloração dourada, que no instante seguinte sentiu o coração ultrapassar algumas batidas quando a porta antes fechada se abriu, revelando um...

⠀⠀Muffin gigante?????

⠀⠀—  Eu ainda me demito dessa porra de lugar.

⠀⠀Uma voz grave e acentuada se fez presente naquele beco, carregando um misto de raiva e melancolia. Manjiro percebeu que, essa voz, vinha do muffin de olhos grandes e do sorriso maior ainda! Como isso era possível? Aquela careta feliz aparentava estar congelada no tempo, paralisada.

⠀⠀O híbrido foi obrigado a esfregar os próprios olhos com as costas de suas mãos, encarando mais uma vez o bolinho alegre a sua frente, não entendendo o porquê do sorriso maroto já que este reclamava e dizia palavras feias assim como o Tetta quando se encontrava estressado.

⠀⠀— Onde já se viu? Eu me formei em gastronomia, passei noites sem dormir apenas para estudar para no final acabar como atração principal de um evento de doces, vestido de muffin só para chamar atenção de crianças insuportáveis? Não mesmo, 'argh, eu não acredito que aquela garotinha vomitou justamente nos meus pés.

⠀⠀O, até então muffin de estatura gigante, bufou alto o suficiente para fazer um certo híbrido confuso de olhos esbugalhados pular de susto no próprio lugar. Ainda estava escondido um pouco mais afastado do ser rabugento, este que tinha a mesma mania estranha de soltar o ar pela boca igual o japonês desaparecido.

⠀⠀Manjiro precisou encolher suas pernas para que a luz que vinha de dentro da cafeteria não o atingisse, porém manteve as orelhinhas em pé, atento a qualquer movimento brusco daquele estranho poucos metros de si. Viu-o abrir a porta com mais agressividade deixando que a mesma batesse contra a parede de uma forma brusca, assustando o cão que soltou um choramingar, o que acabou atraindo a atenção do olhar do muffin até o local escuro onde estava.

⠀⠀Engoliu em seco, observando quando o doce ambulante desceu os poucos degraus que ali existiam, caminhando lentamente, mas seus olhos grandes causavam um desespero enorme no híbrido que tampou suas orelhas inconscientemente, provando ao bicho que sim, tinha alguém tão encolhido naquele canto que podia ser comparado com uma bolinha de cobertas ou uma sacola de lixo.

⠀⠀— Tem alguém aí?

⠀⠀Silêncio.

⠀⠀— Baji, se for você escondido só para tirar sarro de mim com o seu namorado metido, se prepare porque o soco que você irá levar será mais forte do que qualquer droga que você já experimentou na sua vida inteira.

⠀⠀E de repente aquela voz não o assustava mais, pois a curiosidade que nascia no peito do híbrido era maior do que o desespero. Prestou atenção nas palavras proferidas pelo doce enorme, deixando que o mesmo avistasse seus olhos brilhantes e se afastasse minimamente. Aquele ser tinha a textura plastificada e artificial, Manjiro reconheceu. Era marrom, provavelmente de chocolate.

⠀⠀E Sano não gostava de chocolate.

⠀⠀— Baji...?

⠀⠀Chamou mais uma vez, e dessa vez levou suas mãos gordinhas — aliás, uma delas carregava um pirulito gigante, mas que em nenhum momento fora largado — e estranhamente pequenas até a própria cabeça arrancando-a...

⠀⠀ARRANCANDO-A!!

⠀⠀Manjiro berrou em pânico.

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Muffin de Baunilha + ❝ dra.key ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora