O banquete da vitória

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Era quase meio dia, o sol estava mais forte que o de costume, a floresta se mostrava um excelente abrigo para essa situação, mas descansar passava longe dos planos daqueles jovens, pássaros voavam espantados, a cada paço que eles davam em sua desesperada corrida. As meninas se distanciavam cada vez mais dos dois garotos, que pareciam estar em uma disputa acirrada.

― Essa é a minha caça Luck! ― exclamou o menino de cabelos negros. ― A vitória finalmente será minha! ― Continuou o garoto com um tom de determinação.

Concentrado no javali, que corria desesperado, o garoto mais alto olhou seu amigo e com um sorriso de canto de boca, disse.

― Terá que chegar antes de mim, e eu não abrirei mão de mais uma vitória Jake. ― Ele se afastou e sacou sua espada.

O pobre javali corria sem rumo, e ao longo do tempo ia diminuindo sua velocidade, até um dado momento que o mesmo se encontrou encurralado. Era o momento crucial, a caçada já durava quase umas 2 horas. Não havia mais para onde o pobre animal fugir, sua respiração estava tão pesada que era possível escutar a alguns metros de distância. Aceitando seu fatídico destino, a última cena que seus olhos estavam a contemplar era dois garotos com suas espadas em mãos, e determinados a dar um fim vida do indefeso animal.

― Eu lhe disse Jake, que não abriria mão de mais uma vitória. Se almejo me tornar um guerreiro, meu foco deve estar tão afiado, quanto minha espada. ― Treine mais dá próxima vez! ― disse o garoto ao dar sua investida.

As garotas já se viravam, com seus rostos na direção oposta, não queriam ter a imagem da cabeça do javali rolando no chão. Enquanto isso o pequeno Jake, guardava sua espada, ao mesmo tempo que se xingava por mais um fracasso. Mas estranhou o som da espada raspando o tronco da árvore e na mesma hora, olhou em direção a seu amigo, quando em um tom amargo, o mesmo disse:

― Sempre lamentando suas derrotas, aprenda a avaliar o todo e não só o final. ― Todo o plano, para pegarmos o javali, tem mérito seu, a muito tempo percebo sua evolução, e depois do que você demonstrou ser capaz, aqui estou eu, lhe dando a chance de concluir a caça. Concluiu o jovem com orgulho

Era uma mistura de sentimentos, difíceis de serem assimilados tão rápidos, agarrando com força o cabo de sua espada, o menino de cabelos negros, tentou manter a calma e então com seriedade disse:

― Essa seria sua centésima vitória Luck, somos rivais, e você chegou primeiro na presa. ― Se a vitória não chegou hoje, significa que tenho que treinar mais.

O ambiente ficou repentinamente calmo, as duas meninas e até mesmo o javali, observavam os dois meninos se encarando. Jake podia ser mais novo que luck, mas tinha um orgulho que competia com o de seu amigo mais velho.

― Não estou lhe menosprezando, se é o que veio em sua mente, apenas estou sendo coerente. ― disse Luck em um tom alto. ― Essa é a usa caça, mesmo eu chegando primeiro, não me vejo no direito de ficar com os créditos finais, então aprenda da mesma forma que eu aprendi, e deixe seu orgulho de lado. — disse o rapaz, ao guardar sua espada.

Respirando profundamente, Jake ficou alguns segundos pensativo pela situação, mas após estampar um largo sorriso no rosto, o menino disse:

― Sempre imaginei como seria a sensação, e nunca se comparou, realmente é algo que guardarei para sempre em minha memória. ― Ele deu um passo à frente e ergueu sua espada.

Deixando seu orgulho de lado, o menino avançou em direção ao javali, e com um corte limpo, o garoto cortou a cabeça do animal.

O ar ficava cada vez mais fresco, era sinal que a lua estava se preparando para assumir o protagonismo no céu, e teria as estrelas em sua companhia. Enquanto isso, os residentes do vilarejo Hope, mantinham sua rotina em dia, sempre próximo do anoitecer a movimentação era parecida com a do amanhecer, era possível observar os moradores voltando de suas jornadas de trabalho, indo de encontro as suas famílias. A movimentação dos guardas era bem notável, junto com a volta dos trabalhadores, se tinha a troca de turno dos protetores do vilarejo. Em meio aos soldados, uma figura imponente se destacava, vestindo uma armadura elegante, o homem alto comandava os demais, que o obedeciam com perfeição. Dando suas últimas ordens, o cavaleiro montou em seu cavalo, fazendo um sinal pro vigia que estava no alto do muro, enquanto os portões se abriam, era possível escutar uma voz vindo do centro do vilarejo.

A crônica dos Renegados : A ascensão de RoyalflameOnde histórias criam vida. Descubra agora