Contrato de proteção

"Você nao esta sozinha"

Meu celular vibrou no meu bolso enquanto eu limpava a vidraçaria da lanchonete, enxuguei o suor do meu rosto e entrei na sala pela janela, tirei minhas luvas de limpeza e chequei minhas mensagens.
"Lois, você não está sozinha"
O que significa isso? Me perguntei enquanto eu lia aquela mensagem repetidas vezes, olhei pela janela e não via ninguém próximo, não era um número conhecido. Estranhei mas apenas bloqueei pra que se você alguém fazendo uma brincadeira comigo não conseguisse mais.
-Só pode ser alguma criança fazendo graça. -falei e guardei o celular novamente
-Lois, você não é paga pra ficar no telefone! -meu gerente gritou passando na porta da sala em que eu estava, ele como sempre muito exigente com seus funcionários.
-Desculpa, eu só estava lendo uma mensagem de texto. -respondi enquanto eu ele andava fingindo não me ouvir
Voltei ao meu trabalho, mas ainda com aquela mensagem na minha cabeça, tentando entender quem poderia ter sido.
[...]
-Mãe! Cheguei! -entrei em casa e coloquei a sacola de compras na mesa
-Oi filha! -nos abraçamos
-Como está? Sentiu dor hoje?
-Não senti nada. Os remédios estão fazendo efeito, graças a Deus.
-Que bom, mãe. Fico mais tranquila de saber.
Fui abrindo os armários e guardando as compras, enquanto ela ligava o forno pra esquentar nosso jantar.
Tem sido assim desde os meus 9 anos, quando meu pai no abandonou nessa cidade, sem parentes, amigos, ninguém. Tivemos que nos virar até conseguir uma estabilidade aqui na cidade, trabalho desde os 10 anos, é ilegal mas foi a única maneira de conseguirmos nos manter com um pingo de dignidade.

Meu celular vibrou novamente, era outra mensagem
"Você cuidou bem da sua mãe, tenho orgulho por isso" assustei no momento em que li essa mensagem, quem está fazendo isso? Agora foi de outro número e eu não tenho ideia de quem possa ser.
Será que...mas não...não é possível que seja ele, não quero nem alimentar esse tipo de pensamento em mim. Isso seria impossível.

-Mãe, o meu pai ele...faleceu quando eu tinha quantos anos? -perguntei enquanto ela terminava seu prato
Ela me olhou com estranhamento pela minha pergunta, já que eu...não falo sobre ele a mais de 10 anos.
-Depois que ele se foi, recebi a notícia que ele foi encontrado morto em um bar, no centro da cidade em que morávamos. Mas, porque a pergunta ?
-Não...por nada. Eu que senti essa dúvida.
Ela balançou a cabeça concordando, mudei de assunto mas continuei pensando seriamente naquelas mensagens. 

Até que quando já estava pronta pra dormir, recebi uma ligação...
Coloquei o telefone no ouvido, a ligação dava como número de outro país...meu medo era latente
-A-Alô...