Contrato de proteção

"Vá até ela"

-Lois ? -era uma voz masculina, mas não dava pra discernir se era de um homem novo ou mais velho
-Si-Sim -falei com a voz pouco incerta, afinal não sei com quem estou falando aqui
-Lois, você não me conhece mas preste atenção no que vou te falar: não entre no carro de ninguém nos próximos dias, não importa se é amigo, parente, uber...não entre. Tudo que for fazer pela cidade va de transporte público!
-Espera...quem é você ? É porque eu deveria obedecer o que está me dizendo ?
-Porque eu te garanto que se não seguir o que eu estou mandando, você pode se dar muito mal. -falou em um tom mais sério ainda, e eu fiquei assustada
-Não consigo entender...eu...
-Eu tenho que desligar, só queria te dar essas instruções
-Espera! -percebi que ele ficou na linha
-E você que estava me enviando aquelas mensagens de texto, hoje mais cedo? -um silêncio se instalou depois da minha pergunta
-Eu não uso mensagens pra me comunicar, se eu precisar irei te ligar. -depois disso ele desligou a ligação, sem nem me deixar falar ou perguntar mais nada.
Ouvi um som de alarme de carro na rua, me assustei. Olhei pela janela e não tinha ninguém na rua nem próximo ao carro do vizinho. Fechei a cortina e deitei na cama novamente. Quem será esse homem? Será que é meu pai? Mas se e ele porque não se identificou ? E quem me enviou aquelas mensagens me conhece bem...ah eu não sei o que pensar.
Coloquei o celular do meu lado mas não consegui pregar os olhos a noite toda, quando achei que já estava amanhecendo fui até a cozinha pegar um copo d'água, e minha mãe estava na sala assistindo televisão.
-Não conseguiu dormir? -ela me perguntou
-Não eu...acho que pode ser ansiedade. -fui até ela e levei água também
-Eu tenho tido uns sonhos estranhos, essa noite o pouco que dormir sonhei que você era sequestrada...me senti tão mal que tive que sair do quarto. -eu arregalei os olhos no mesmo instante, é muito coincidência ela sonhar isso depois da ligação que eu recebi...ou será um aviso de Deus sobre minha vida?
-O que você tem? -ela me balançou
-Nada, é que fiquei pensando se isso acontecesse mesmo...ainda bem que moramos em um bairro seguro.
-Sim, mas por via das dúvidas tome cuidado de agora em diante. Eu te amo e não posso perder você. -sorri e nos abraçamos
Somos muito ligadas a vida toda, por anos dormimos juntas porque eu tinha medo de dormir sozinha.
[...]
-Ei! Lois! Acorda né -Ana me balançou, eu estava em pé olhando pra as mesas, mas eu estava mesmo era pensando naquela ligação e mensagens...
-Eu to aqui, só não dormir bem a noite. -peguei uma bandeja e levei na cozinha
-Se continuar assim, não sei se o Marcos vai querer você aqui.
-Porque? Ele disse alguma coisa?
-Não...é só um toque pra você ser mais atenta aqui dentro. -ela saiu e me deixou com mais essa pulga atrás da orelha
Ana é uma pessoa que conheço a muito tempo, mas não sei se posso confiar nela pra falar sobre coisas que aconteceram fora do nosso ambiente de trabalho.
Meu expediente já estava acabando, já era quase 23:00 da noite e quando todos os funcionários já estavam saindo entrou  um homem na lanchonete, ele estava vestido com a farda do exército, quer dizer da marinha, se sentou na bancada e eu não pude deixar de perceber que ele era muito bonito.
-Com licença, já estamos quase fechando. -falei com um leve sorriso me aproximando dele
-Perdão eu não sabia... -respondeu sem jeito
-Tudo bem...o que vai querer ?
-Só um café, pra levar. -assenti com a cabeça e entreguei seu café
-Obrigada e desculpa te atrasar pra ir embora. -ele disse sorrindo enquanto me pagava
-Tá tudo bem, acontece... -respondi e saímos da lanchonete, abaixei a porta e fui seguindo meu caminho quando percebi que ele estava parado de frente o carro e me olhando
Me lembrei imediatamente da ligação e das mensagens, então apressei meus passos até minha casa
-Senhor me protege...-ele estava de carro e poderia facilmente me alcançar em qualquer minuto se fosse ele uma pessoa má. Consegui correndo entrar em casa, é só fiquei em paz depois de trancar todas as portas.

-Mãe?! -chamei por ela assim que entrei
-Oi Lois, o que foi ? -ela perguntou porque eu devia estar pálida e suando
-É que eu me assustei na hora agora, um homem entrou na lanchonete quando as portas já estavam pela metade, pediu um café e saiu junto comigo, mas ficou parado lá em frente o carro me olhando, só tinha eu na rua e ele, aí eu fiquei com medo e vim apressada, pode ser que ele seja até uma pessoa boa e só tava olhando normal...mas sei lá, fiquei com medo preferi não arriscar. -expliquei e ela balançou a cabeça concordando
-Agora você está segura, na sua casa com sua mãe. Toma um banho, janta e descansa sua cabeça. Vai ver um filme pra relaxar. -me aconselhou e eu fiz o que disse
Mas descansar tem sido difícil nos últimos dois dias...com as ligações e mensagens que recebi, eu sinto que alguma coisa vai acontecer comigo...

John on
Saindo do banho, vi que meu telefone tocava, atendi e era quem eu esperava na linha
-Senhor Evans
-John, chegou a hora de você ficar perto da Lois...estou indo aí em 20 minutos pra acertamos tudo
-Sim senhor. Estarei no aguardo...