Into the Magic Shop

99 8 31
                                    

Era uma tarde chuvosa de verão em que parecia que o mundo iria se acabar em água, eu estava nos fundos do antiquário, em meu escritório, organizando alguns inventários dos móveis e relíquias que eu havia vendido nos meses anteriores, quando ouvi o sininho, que sempre fazia um barulhinho característico quando alguém entrava na loja. Achei estranho, pois ninguém em sã consciência sairia sob uma tempestade como aquela.

- Olá, tem alguém aí? – Ouvi uma voz baixa e suave perguntar. – Será que eu posso ficar aqui, até essa tempestade passar?

Me movi silenciosamente até estar perto do dono daquela voz, mas sem deixar que o mesmo me visse. O tempo lá fora já estava escuro, e eu ainda não havia acendido todas as luzes do antiquário, fazendo com o que o ambiente ficasse mal iluminado. Mesmo sob a penumbra eu conseguia ver claramente seu rosto e corpo. O garoto era alto, moreno e forte, seus cabelos escuros e um tanto compridos, estavam encharcados assim como suas roupas pretas, que estavam grudadas em seu corpo marcando deliciosamente sua silhueta.

Como sempre fui atento a detalhes, não deixei de reparar que ele possuía diversos brincos nas orelhas e um dos braços repleto de tatuagens. Mas o que mais me chamou a atenção além da sua beleza irresistível, foi seu cheiro delicioso. Uma mistura do aroma de asfalto molhado pela chuva, com seu perfume cítrico, e um toque de suor, mas nada era tão marcante quanto o cheiro inebriante do sangue quente que corria em suas veias. Eu podia ouvir alto e claro o som da sua pulsação, fazendo minha boca salivar e meus instintos ficarem à flor da pele.

A última vez em que eu havia ficado nesse estado somente com a presença de um humano, fora há muitos e muitos anos atrás, quando eu não fazia a mínima questão de controlar a minha sede. Respirei fundo várias vezes buscando refrear meus instintos, e controlei minhas presas, que insistiam em querer aparecer. Em um piscar de olhos acendi as luzes e me posicionei atrás daquele corpo tão mais alto e musculoso se comparado ao meu, o fazendo dar um pulinho.

- Você me assustou. – O jovem se virou para mim e sorriu sem graça com a mão sobre o coração.

- Desculpe, não foi minha intenção, é que eu não costumo receber clientes a essa hora, ainda mais com o dilúvio que está lá fora. – Respondi tentando não me abalar com seu cheiro e sua pulsação que estava agora mais acelerada, devido ao pequeno susto não intencional que lhe causei.

- Eu é que devo pedir desculpas, por ir entrando desse jeito, mas eu saí de casa sem guarda-chuva e fui surpreendido por essa tempestade. – O garoto falou mais alto devido ao barulho que a chuva fazia. – Eu moro um pouco longe daqui, será que eu posso ficar aqui esperando a chuva passar, se não for te incomodar?

Geralmente era eu quem hipnotizava as pessoas, para fazer com elas o que eu bem entendesse, sem que elas ao menos se lembrassem de alguma coisa depois, mas agora eu é que me encontrava hipnotizado, pelos olhos negros e profundos do garoto à minha frente. Ele tinha uma aura e um sorriso um tanto quanto inocente, que era completamente contraditório com o seu porte físico e sua presença imponente. Era quase impossível não me sentir atraído por ele, e constatar esse fato poderia acabar sendo perigoso para nós dois, mas minha resposta perante a sua pergunta não poderia ser diferente.

- Claro, sem problemas. – Sorri minimamente. – Mas vou ter que te pedir para sair de cima do meu tapete persa, você está deixando ele todo molhado.

- Oh, me desculpe. – O garoto se apressou em dizer, saindo do meu tapete. – A propósito eu me chamo Jungkook, Jeon Jungkook. – Me estendeu a mão, com um sorriso doce nos lábios.

- Min Yoongi.

Respondi segurando sua mão por mais tempo do que deveria. Sua pele era levemente bronzeada, e seu toque era quente e reconfortante, mesmo que ele estivesse completamente molhado, contrastando perfeitamente com o meu toque pálido e um tanto gelado.

Love me lessOnde histórias criam vida. Descubra agora