Love me less

Lost my way

• Jeon Jungkook •

Minha garganta ardia como um inferno, minha cabeça girava e minha visão escurecia, na medida em que o homem por quem me apaixonei no momento em que o vi, suspendia meu corpo no ar, e apertava a mão em volta do meu pescoço, impedindo que o oxigênio fluísse até meu cérebro.

Eu não conseguia processar o que estava acontecendo, há algumas horas atrás estávamos nos amando loucamente sobre a minha cama, e agora Yoongi me acusava de tê-lo enganado, acusava meus antepassados de terem feito coisas horríveis contra o seu clã, e nada do que eu tentava dizer parecia surtir efeito e fazê-lo me soltar, para que pudéssemos conversar direito. Só podia ser um grande mal-entendido, eu me recusava a acreditar que o que Yoongi estava dizendo sobre a minha família fosse verdade.

Em nenhum momento desde de que o conheci eu havia sentido medo de Yoongi, nem mesmo quando ele atacou meu pescoço para se alimentar, sem saber que depois não poderia me fazer esquecer de tudo, e seguir minha vida como se nada tivesse acontecido. Mas agora enquanto sua íris vermelho sangue me fitava carregada de ódio e suas unhas compridas afundavam na carne do meu pescoço, eu senti medo. Medo de morrer sem conseguir explicar para Yoongi que eu também não entendia o que estava acontecendo, que eu nunca me aproximei dele apenas para machucá-lo, e que cada palavra que eu lhe disse desde o primeiro dia era verdade.

Aquele que estava diante de mim não era o Yoongi que havia me encantado com seu jeito misterioso, meio rabugento, e preguiçoso, que tinha um sorriso doce e um olhar repleto de alegria ao falar de arte e das coisas que mais gostava, não era o cara que eu queria conhecer ainda mais, e desvendar todos os mistérios, assim como eu lhe contaria cada segredo meu que ele quisesse saber. Quem estava diante de mim, era um Yoongi cheio de ódio, com o olhar machucado e com lágrimas, por ter achado que eu o enganei, e era esse Yoongi que iria me matar naquele instante.

Eu já havia aceitado o meu fim, quando olhando no fundo dos seus olhos vermelhos, vi sua expressão mudar de repente, e ele me soltou me fazendo cair no chão, ele disse alguma coisa que eu não consegui entender e no segundo seguinte já não estava mais no meu quarto. Sem ter forças para me levantar, apaguei ali mesmo sobre o chão frio.

Não sei dizer por quanto tempo fiquei desacordado, mas quando abri meus olhos senti minha garganta seca e dolorida, assim como os músculos do meu pescoço. Com certa dificuldade, levantei do chão e fui até o relógio de bolso, que meu avô me deu antes de morrer, e que foi o causador da ira em Yoongi. O relógio estava caído perto da minha escrivaninha, e ao pegá-lo notei um pequeno compartimento que nunca havia visto antes, e que provavelmente se abriu com a queda. Dentro havia um pequeno papelzinho dobrado em várias vezes, e ao abri-lo me deparei com a caligrafia de meu avô.

" A chave está na biblioteca. Siga seus instintos, eles nunca estarão errados."

Era o que estava escrito no pequeno papel. E mais uma vez, eu não entendi o que estava acontecendo, mas isso me levou para a lembrança das últimas palavras que meu avô me disse antes de morrer.

" Meu pequeno Jungkook, me desculpe por não poder ficar mais tempo com você, tem tantas histórias que eu ainda queria te contar. Eu deixei a melhor de todas para o final, mas parece que calculei mal o meu tempo e agora está na hora de ir, mas esse relógio te mostrará na hora certa, a verdade que eu não tive tempo de lhe contar, a história da nossa família."

Atordoado com a pequena lembrança fui de vagar até o banheiro, me deparando com meu reflexo no espelho. Meu pescoço estava completamente vermelho e com as marcas em roxo dos dedos e das unhas de Yoongi, - além dos furos de suas presas no lado esquerdo do meu pescoço, e das demais marcas que denunciavam a noite que passamos juntos - e minha garganta ainda queimava.