2 • bear

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Acordei e Tae não estava do meu lado como eu esperava, ele me deixou mensagens dizendo que tinha algumas coisas para resolver em relação ao álbum e performances que os meninos irão apresentar futuramente e demoraria à voltar. Respondi-o desejando boa sorte e ele respondeu com um emoji de leão. Fui tomar banho para sair já que tinha planos para o dia: voltar na loja para comprar a manta rosa para Beomgyu e depois ir no shopping para assistir um filme ou passear, talvez. 

O dia estava ensolarado então eu vesti um vestido branco e tênis rosa bebê, Branco sempre foi o meu tom preferido, eu amo como o negro da minha pele fica mais bonito quando uso essa cor e de qualquer jeito eu ia chamar atenção nesse país, então que fizesse direito. Aproveitei para colocar meu anel de compromisso que Tae me deu há alguns anos atrás, um colar dourado e fiz uma trança grossa que deixasse alguns cachos soltos na frente. Estava pronta.

Sai do prédio para a rua e o centro da cidade estava cheio e lindo nessa época do ano. A maioria das pessoas com roupas de verão e o ventilador portátil que virou uma febre no país, era engraçado como mal conseguiam lidar com o calor mas eu amava. Nunca gostei de ter que me encher de roupa e nunca me sentir confortável como é quando está frio, essa era a única época do ano que eu podia usar roupas curtas sem pegar um resfriado e isso me deixava totalmente feliz e animada para curtir o máximo possível. Coloquei meus óculos e andei algumas quadras até chegar na linha de trem que pararia perto do shooping.

Entrei no metrô um pouco cheio e percebi que algumas pessoas me olharam indiferente, umas disfarçavam ao máximo outras não faziam questão. "O que uma negra grávida faz aqui?", uma senhora sussurrou para o marido do meu lado e eu fingi não ouvir. Estava acostumada. Sei que não deveria estar mas estava. Eu não queria ter que ensinar para várias pessoas todos os dias que me encaravam na rua todos os dias que minha cor não define absolutamente nada sobre mim. Isso deveria ser o mínimo que elas deveriam saber, tão essencial e normal como matemática básica. Minha vontade as vezes era de esfregar isso na cara da pessoa, mas deveria fazer isso da forma certa.

Uma moça se levantou do lugar onde estava sentada e saiu quando o trem parou, o casal se entreolhou e eu tirei meu óculos para olhá-los bem.

 — Por favor, pode se sentar. — sorri. Não sabia se suas caras de espanto vinha do fato de eu ser educada ou saber falar coreano, talvez os dois.

Continuei os encarando para ouvir a resposta que eles não tinham.

— N-não se preocupe, você está grávida. — ela sorriu forçadamente não sabendo onde enfiar a cara. Segurei em outra barra para dar passagem à ela e o marido para irem até o lugar vago.

— Eu vou descer na próxima e a senhora está cheia de sacolas. — insisti e ela não disse nada, apenas sentou. Virei e deixei um riso escapar pela cena deplorável que eu tive que passar hoje. Embora fosse engraçado envergonhar pessoas que me julgavam com minha educação eu não gostava de passar por isso, sempre pensava que se Beomgyu fosse como eu, como ele ia lidar com isso?

O trem novamente parou e eu desci com uma pequena quantidade de pessoas que faziam questão de me deixar passar primeiro e eu agradecia pela gentileza. Quando cheguei na rua movimentada e cheia de lojas segui o mesmo caminho para ir até a qual estava procurando e comprar a manta de Beomgyu. Quando encontrei, perto de um parque e outras lojas infantis, agora tinha uma decoração fofa de verão com várias nuvens espalhadas e um sol sorridente na entrada da loja. Eu poderia ficar lá o dia todo encarando todas aquelas nuvenzinhas com sorrisinhos e bochechas vermelhas que nunca ia parar de ser fofo.

— Você voltou. Eu sabia que ia voltar. — a mulher que me atendeu na última vez sorriu feliz por me ver.

— Vim buscar a manta rosa. — disse animada tirando meu óculos.

ALASKA; KTOnde histórias criam vida. Descubra agora