ALASKA; KT

3 • sonhando acordado

TAEHYUNG

Meu coração ainda estava acelerado depois de horas que Beombeom nasceu e eu não conseguia ficar parado, andava cada metro quadrado daquele quarto com a cabeça à mil. Eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse minha família, que deveria esconder eles da mídia, sasaengs e até fãs durante o máximo de tempo que eu conseguisse. Era necessário. As armys ainda não estavam preparadas para saber que eu construí uma família, e isso se provou quando Namjoon-hyung postou uma foto e um reflexo estranho chamou suas atenções. Mas era só o Kook-ah.

Alaska dormia na cama profundamente depois da episiotomia. Encarar ela me dava paz, eu pensava o que ela diria para mim em me ver tão nervoso assim, provavelmente que eu deveria manter a calma e que tudo ia dar certo no final, mesmo se as armys descobrissem. Ela amava sua própria liberdade e sempre disse que não daria certo se um dia torna-se famosa. Mas que se fosse por mim, não se importaria e conquistaria o coração das armys do jeito dela. E mesmo que eu visse toda aquela confiança em seu olhar ainda me preocupava o fato de que aquilo não seria um mar de rosas. Teríamos que ligar com as espinhos que protegem aquelas lindas flores e em algum momento ela se machucaria. Eu jamais permitiria vê-la ferida por minha causa.

Respirei fundo. Eu ia surtar se não me acalma-se. Já conseguia sentir minha pele arder um pouco de nervoso. Fui até a janela do hospital para tentar me concentrar na paisagem e me acalmar. O jardim era mesmo lindo, Alaska ia amar quando visse aquilo. O parque era bem cuidado, as flores das mais diversas cores e os passarinhos cantando e voando por todo o local com algumas médicos e pacientes por lá. Era realmente um lugar de paz.

Por segundos me imaginei com meu filho e minha mulher em um campo. Alaska segurava um dente-de-leão próxima a Beom que, já grande, corria rindo e brincando com Yeontan para todos os lados. O sol estava forte, bem como ela gosta. Eu andava até eles mas chegou um momento em que não conseguia mais me mover, minha alma estava presa em uma caixa de vidro que na verdade era meu próprio corpo e me sentia ser sufocada por medo e solidão. O dia se moveu em uma forte ventania e nela se formou um céu escuro avermelhado como escarlate, o campo vivo agora estava morto e seco. O grito agudo que seria de Beomgyu fez o terror aumentar e vê-lo sumir junto com Yeontan para longe me deixou sem qualquer reação, enquanto ainda estava preso em mim mesmo. Alaska estava de costas para mim, seus cabelos soltos e longos tampava a visão que eu tinha do seu rosto, seu vestido estava agora em um tom mais sujo, rasgado e cheio de... culpa. Quando eu tentei gritar por ela, nenhum som saía da minha garganta e a vi se virar para mim em um piscar de olhos, sua expressão estava aterrorizada e seus olhos inchados e chorosos. "Tae, eu sinto muito..." ela disse negando e foi puxada por dezenas de mãos obscura de volta à terra.

Pisquei meus olhos diversas vezes, vendo ainda a calmaria que era o jardim e um silêncio intenso que dava espaço aos barulhos do galhos se chocando pelo vento.

Eu estava sonhando acordado?

— Tae... — Alaska me chamou e eu me assustei completamente, dando um pulo para trás e vendo minha garota deitada na cama, totalmente cansada. — O que está fazendo? — perguntou rouca enquanto eu ainda tentava raciocinar o que acabou de acontecer e tentei ir até ela, pegando uma de suas mãos e acariciando-a.

— Só estava olhando o jardim... — falei tentando disfarçar ao máximo como eu ainda estava tenso com aquele "sonho" maluco. Parecia tão real, eu podia sentir Alaska e a culpa e tristeza que ela exalava. Me desesperava ainda mais por eu não conseguir ir até ela.

— Onde está Beomgyu? — ela perguntei olhando para todos os lados, preocupada por não ver o filho ali.

— Está com a enfermeira fazendo todos os exames e tomando os remédios necessários, ele já vem. — falei para despreocupa-la.