Capítulo 2

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Não há mais o que fazer em Toronto, pelo menos a minha visita ao Senado tornou-se insignificante a partir do momento que Willer lançou apenas duas alternativas para que eu escolha: ou eu me caso e conquiste a minha nova posição política, ou eu permaneço solteiro e como deputado o resto da minha vida, ganhando a mixaria do salário que recebo e sem alcançar os ares que almejo.

Contrariado ao extremo, recuso-me a voltar para Vancouver, pelo menos por agora, visto que eu preciso de alguma coisa que me entorpeça. Se eu voltar para a Câmara nesse exato momento, sou capaz de quebrar tudo naquele lugar, tamanha raiva estou sentindo por ter que passar por isso.

Dessa forma, adentro no Prohibition ao cair no território do meu lar e do meu trabalho, peço uma garrafa de vodca e um maço de cigarros. Jason me acompanha a tiracolo.

- Irritado? – É a primeira vez que o sujeito abre a porra da boca após aquela reunião repugnante com Willer Campbell.

Acendo o primeiro trago e sirvo uma dose da bebida.

- Se você estivesse trabalhando para mim há apenas alguns meses, você já estaria no olho da rua. Às vezes tenho vontade de socar a sua fuça pelo tanto de vezes que você debocha da porra da minha cara.

Jason ri.

- Mesmo com o rabo no abismo você não perde a pose de político tirano. Puta que pariu. – Ele serve uma dose de bebida também. – Um brinde à primeira desgraça política de Alexander Castellari.

Não me recuso a brindar. Estendo o meu copo na direção do de Jason e ambos brindamos.

Eu concordo plenamente que essa merda que me meti é a verdadeira desgraça de um homem. Eu não gostaria de perder a minha única chance de subir na minha carreira e também detesto a ideia de ter que me casar novamente e passar pelos mesmos problemas que já enfrentei há dez anos, quando caí na besteira de mergulhar de cabeça naquele relacionamento que só me trouxe problemas e decepção. Desde então sinto repulsa por esse tipo de compromisso, evitando, inclusive, de me envolver com mulheres que certamente são propícias para esse vínculo.

- Eu não queria a merda das duas opções. Todas as duas só me prejudicariam.

- Você fala como se casamento fosse a pior desgraça que um homem pode ter. Como se fosse um chamado para o abate.

- E realmente é. – Afirmo a análise de Jason. - Não gostaria de passar por isso de novo.

Ele assente, recostando-se na cadeira.

- Não passe, mas também permaneça onde está.

- A porra que vou continuar ganhando esse salário de bosta. Não aguento mais essa vida de ser deputado e ficar enfurnado em sessões de votação de leis minúsculas.

Jason me estuda atentamente enquanto eu acendo mais um cigarro.

- Então sacrifique-se. Aposto e ganho em como uma de suas amantes gostariam que você lhes dessem uma chance de se tornar a sua senhora. Não por estar ao seu lado, claramente, mas por conta do dinheiro e da boa vida que você pode proporcionar a uma delas.

Jason, apesar de ser um pacote de bosta, é meu melhor amigo desde a infância. Acompanhou-se em todo o meu processo de evolução e, desde os tempos do colégio, sabia que eu sempre gostei de liderar, de intermediar e revolucionar, portanto, ele está comigo desde que me tornei vereador. Sempre paguei um salário justo para que ele não abandonasse o seu cargo de assessor. Ele também sabe do casamento fracassado que tive e das prostitutas as quais me relaciono.

- Não são mulheres dignas para tal. – Falo, enfiando a bebida quente na minha garganta. – Todas três são prostitutas, tirei todas das ruas.

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