Capítulo 5

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Capítulo 5

Alexander Castellari

Eu sabia que seria fácil, mas não esperava que seria tão fácil. Estou encarando o rosto pálido e amedrontado da coisinha insignificante e, como uma criança que ganha um algodão doce, não desfaço o meu sorriso presunçoso na cara, constatando a maior verdade de todas: Eu sou bom no que faço e sou um excelente chantagista, duas características essenciais para um homem que quer seguir carreira política, para um homem que necessita do cheiro do poder para viver.

Enquanto a senhorita... bem, enquanto a futura senhora Castellari se mantém quieta diante de mim, aguardando o juiz de paz juntamente com o meu advogado chegarem, pego um cigarro do maço, o levo à boca, acendo com o auxílio do isqueiro e não espero muito para dar a primeira tragada. A nicotina desce de uma maneira prazerosa na minha garganta, queimando-me por dentro e dando toda aquela sensação reconfortante, assim como expelir a fumaça para fora. Quem inventou a maravilha do cigarro está de parabéns.

Analiso atentamente a expressão morta da garota à minha frente e penso no quão ela era idêntica a qualquer outra. Claro que assim que ela foi embora no dia anterior, exigi a Jason que me disponibilizasse um dossiê completo sobre a mesma, trazendo-me as informações necessárias. Afinal, seria uma extrema loucura deixar que uma estranha entrasse na minha casa, se tornasse uma rotina pessoal casual minha sem antes eu saber a fundo quem ela é. Seria uma repleta idiotice da minha parte e idiota definitivamente não se compete ao meu vocabulário.

O meu assessor não conseguiu tantas coisas sobre ela, apenas que a garota trabalha na Câmara o equivalente a seis meses ou mais, não ultrapassando um ano, e que reside em White Rock, mais precisamente um dos subúrbios dessa cidade. Além disso, é graduada em dança (quem em sã consciência em pleno século XXI escolheria dança para se formar?), portanto era tão lerda ao desenvolver suas atividades, de forma que anteriormente ela trabalhava apenas em estabelecimentos que eu sempre determinei como sub empregos. Consta informações adicionais que a mesma possui relação com trabalho voluntário – generosa até que se prove o contrário – e fora criada pelos avós, o que me leva a crer que ela é uma solitária no mundo. Não fora possível garantir informações de sua vida pessoal e de seu caráter, o que faz que parcela dessa garota seja amplamente desconhecida por mim, mas a minha voz interior me diz que eu devo ficar em profundo alerta.

Ela é só mais uma perdida no mundo que só estava precisando da minha mãozinha para erguê-la, e por mais que ela demonstre contrariamento, estou convicto que serei muito bom para ela. Eu tenho o poder de transformar a vida de uma população inteira e com essa garota não será diferente.

Enquanto sustento o meu olhar sobre ela, a mesma evita. Trago o cigarro lentamente e a porta se abre no mesmo instante. Jason adentra no escritório com o meu advogado, Roberto Garcia, e o juiz matrimonial.

- Castellari, aqui estão as pessoas que me solicitou.

- Ótimo! Garcia, redigiu o contrato da maneira que pedi?

Meu advogado abre um sorriso torto.

- Conforme sua solicitação, Castellari. – Ele me entrega a papelada. – Então essa é a sortuda? Pensei que você iria beneficiar alguma de suas amantes.

Meus olhos vão para a garota bisonha de modo soslaio e a mesma não demonstra afeto. Como precaução, pego a cópia da papelada e entrego-lhe em suas mãos.

- Sua cópia do acordo, senhorita... ou melhor, senhora Castellari. Leia atentamente parágrafo por parágrafo, cláusula por cláusula, antes de sair assinando. Você sabe ler, não sabe? – Ela cora violentamente.

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