Capitulo 3
Deborah Olsen
O despertador toca e mais um dia sou fadada a essa mesma rotina. Luto contra o meu sono, gostaria de aproveitar mais uns minutinhos na minha cama, porém, se eu ceder aos meus desejos, eu durmo até o dia clarear e me atraso para todos os meus compromissos.
Não há como vencer assim. O gemido que solto é puramente frustrante, pois é exatamente assim que tenho me sentido nos últimos meses.
Me levanto cambaleante da cama, acendo as luzes do quarto, para mim e meio mundo ainda é noite. São quatro e meia da manhã, mas isso não tem importância na minha vida desde que fui obrigada a procurar um trabalho que me pagasse o valor que preciso para me sustentar e suprir os gastos tenebrosos que ando tendo com o meu avô ultimamente.
O chuveiro é a única coisa que me desperta do sono estarrecedor que sinto. Ainda é terça feira e o desânimo custará a passar. Mas é isso ou nada. E, entre mim e meu avô, eu priorizo a saúde e a vida dele. Tomo o meu banho quente, Vancouver a essa hora da manhã é gelada, a água está pelando e agradável demais para o meu gosto, apesar de não fazer bem para pele. Aproveito e escovo meus dentes ali mesmo, já para adiantar o meu lado.
Desligo o chuveiro e seco o cabelo de qualquer jeito. Prendo-o num coque alinhado e sem frizz ou fios soltos espalhados pela cabeça, pego uma das minhas melhores roupas que comprei e visto adequadamente para o trabalho. Posteriormente faço uma leve maquiagem, primeiro porque onde trabalho agora é obrigatório priorizar a boa aparência, e segundo porque ninguém é obrigado a ver as imensas olheiras que adquiri nos últimos dias, nem mesmo eu. De desgaste, já basta a minha luta contra a balança por estar magra demais. A última coisa que calço são os sapatos de salto e olho para o relógio.
Cinco e meia da manhã. Hora de ir!
Pego a minha bolsa e a sacola que deixei em cima da mesa e saio de casa, trancando as portas firmemente e rezando para não me esbarrar com algum ser perigoso. Não moro mal mas meu bairro também não é muito confiável.
Ando umas duas quadras até o metrô e fico cerca de dez minutos dentro do trem na minha primeira viagem do dia. Ele me deixa exatamente próximo ao local que sempre vou antes do serviço. O vigilante está quase encerrando o seu expediente e eu começando o meu dia. Agora são seis horas, entrego meu documento a ele, que escuta Nazareth ao nascer do sol e sorri.
- Ótimo dia, senhorita Olsen.
- Igualmente, Bennett. – Ele me devolve o documento e eu sigo clínica afora.
Atravesso dois corredores imensos, até chegar no local onde sempre venho. Abro a porta devagar, acendo uma lâmpada e abro um pouco a janela para entrar ar.
- Bom dia, vô! – Eu falo para o idoso imóvel na cama, respirando através de sonda, mas mesmo assim, forte e mantendo a vontade de viver em evidência. – Vim tomar café com o senhor, como sempre. Vamos esperar Esmeralda chegar com a sua comida, que comeremos juntos.
Eu me aproximo dele e beijo a sua testa. Ele não fala mais, apenas demonstra seus sentimentos através dos seus profundos olhos azuis e apertando a minha mão.
- Está se sentindo bem? – Pergunto.
Ele aperta os olhos serenamente, assim como as minhas mãos, o que significa que ele está tranquilo. A enfermeira Esmeralda entra no quarto logo em seguida, para lhe dar comida. Me afasto dele e me sento na cadeira ao lado da cama, pegando o meu café da manhã dentro da sacola que eu trouxe.
Suspiro e observo Esmeralda introduzir o alimento do meu avô pela sonda. Dou um sorriso amarelo e decido comer para não prestar muita atenção no sofrimento de Samuel Olsen.
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