Nas minas trabalham pessoas inocentes...
Da lama suja que marca minha passagem.
Do chicote seco que cela a minha dor.
Da capoeira deixando crianças contentes.
Nas minas trabalham pessoas inocentes...
Passa chuva, passa sol,
Continuo trabalhando.
Sem remuneração nenhuma,
Passando noites em claro chorando.
Um dia vou morrer, estou consciente.
Nas minas trabalham pessoas inocentes...
Não compreendo minha inferioridade.
Não compreendo minha humanidade.
Não sei o que sou e nem para que sirvo.
Não sei se estou morto ou se ainda estou vivo.
Não consigo entender o que se passa na minha mente.
Nas minas trabalham pessoas inocentes...
Recebo tapas em meu corpo
Mas meu coração fica intacto
Eu não vou pedir socorro
Enfrentarei o impacto.
Olhando para frente, me mantendo persistente
Nas minas trabalham pessoas inocentes...
Ainda saberei o que é humanidade
Ainda provarei que não existe inferioridade
Sairei andando pela cidade e
Sentirei o gosto da liberdade...
Sou escravo das minas, mas não da minha mente.
Nas minas trabalham pessoas inocentes...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ultimato
PoetryA caminho do sim e do não sempre terá um talvez, uma fuga da realidade do padrão e da certeza, a diferença do novo criado pela arte. Ultimato representa a liberdade de expressão distante das opiniões comuns por se dividirem em suas próprias certezas...