Amor pela segunda vez 《DEGUSTAÇÃO》

3

Catarina Pascual

∞

Me joguei na cama e bati as mãos no travesseiro. Eu estava totalmente irritada. Meu desejo era pegar Bruno pelas bolas e chutá-lo. Quem ele pensava que era para me enganar daquele jeito? Eu tinha pago um ano inteiro adiantados para aquele maldito e o que eu recebi foi um estranho dividindo apartamento comigo por simplesmente ser o verdadeiro dono.

— Argh! — Rugi encarando o teto me lembrando da presença do cara do lado de fora, eu não o conhecia, eu não sabia se podia confiar nele, mas segundo Bruno eu poderia, porém se nem nele eu deveria confiar, significava que eu estaria morando com meu inimigo pelos próximos meses até o fim do contrato. Meu inimigo que tinha conquistado meu cachorro, ou seja, talvez ele não fosse tão ruim, cachorros não gostavam de pessoas ruins. Afonso não gostava de Tales, por exemplo.

Movo o braço até a cabeceira da cama e agarro o porta-retratos com a foto da pessoa que eu mais sentia falta na vida.

— Por que você tinha que me deixar sozinha, em? — Passo os dedos pelo rosto do homem da foto. — Você prometeu que ia cuidar de mim, Jonas... assim como o papai prometeu... e ele também fez aquilo...

Meu choro engasgado dói a minha garganta. — Tudo isso só me faz crer que nada é verdade nessa merda de vida, nada é verdade! — Abraçada a foto eu me encolho na cama pensando no quanto eu boa em perder pessoas desde criança, e adormeço ali sem nem tomar banho.

Pulo da cama quando meu despertador toca, eu tinha dormido em uma só posição? Desligo o relógio ao lado da cama e encaro a janela lá fora, ainda estava amanhecendo, fazia parte da minha rotina acordar antes das sete da manhã, me arrasto para o banheiro para uma ducha quente afim de desfazer a tensão que meu corpo estava.

Estava caçando meu moletom quando minha mente vibra me recordando que eu agora não morava mais sozinha.

Abro a porta vagarosamente e espio o corredor silencioso. Felipe estaria dormindo? Tinha ido embora?

Passo pelo corredor segurando a vontade de abrir a porta do seu quarto e sigo para a sala a encontrando também vazia.

— Afonso? Chamo meu cachorro e o traidor não aparece. Ele tinha ido dormir no quarto com Felipe? Esse cara não vai roubar o meu cachorro! Furiosa viro de volta ao corredor e bato na porta três vezes, sem resposta coloco a mão na maçaneta que abre. O quarto também estava vazio, a cama desfeita mostrava que ele tinha dormido ali, a porta do banheiro aberta, algumas malas no chão que não tinham chegado com ele ontem a noite. Uma delas aberta com roupas a minha vista.

— Onde esse idiota se meteu? Resmungo voltando batendo os pés para a sala e indo em direção a cozinha.

Esquento a água na chaleira para preparar meu café e coloco dois pães para torrarem.

— Bom dia. — A voz atrás de mim me faz soltar um grito desesperado.

— Ô caralho! — Encaro o homem encostado no balcão firmando o rosto sobre as mãos.