Desertor

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As chamas em volta cegava seus olhos, a fumaça escura entrava em seus pulmões e o faziam tossir. Ajoelhado, o grande general do exército de Halbem, Aidan, procurava forças para se levantar, alguns gritos eram audíveis, gritos de seus soldados sendo esmagados pela força inimiga, neste momento veio a lembrança de uma conversa, Aidan tentava convencer seu rei que mandar suas tropas para combater um exército de orcs era loucura, mas o rei da maior potência mundial não aceitava, ele queria demonstrar seu poder, queria demonstrar que nem criaturas horrendas poderiam destruir o seu reinado construído com sangue e suor.
Aidan voltou a realidade quando sentiu um orc se aproximando para ataca-lo pelas costas, ele se desviou rapidamente fazendo o machado do inimigo fica preso no solo devido a força do golpe, se esquivar fez com que os dois ficassem frente a frente, Aidan avançou com um pulo e cortou a cabeça do orc com apenas um golpe, fazendo o corpo cair contra o solo. Outro orc corria para a sua direção, Aidan pegou uma lança que estava ao chão, mirou e arremessou com força, fazendo acertar no peito da criatura.
- General, estamos sendo massacrados, o que fazemos?
Um grupo de soldados se aproximava do general, cansados e banhados em sangue.
- Corram, fujam, pelas suas vidas, vocês não valem o egoísmo e arrogância do seu amado rei.
- Mas para onde vamos?
- Isso não me interessa!
Aidan embainhou a espada ensanguentada e caminhou para longe do campo batalha, não encontrou quase nenhum inimigo e nem sobreviventes. Ao chegar na floresta, ele se livrou de sua armadura, que agora era inútil, soltou as presilhas e o pesado metal se chocou contra o solo, assim, seguiu sua caminhada mais leve, sem o equipamento restringindo seus movimentos.
Era noite de lua cheia, Aidan encontrou um pequeno córrego que produzia um som relaxante, se ajoelhou diante da água e começou a limpar os resquícios de sangue, sujeira e fuligem causados pelas batalhas, sem nenhum ferimento por todo o corpo, essa era sua fama como general, o intocável Aidan, fama que agora não servia mais de nada, seu reino destruído, tantas pessoas mortas, mas isso não pesava em seus ombros, em sua mente a culpa era toda do rei, que mandou a maioria de suas forças para a base inimiga, mas foi aniquilada em uma emboscada. Aidan ficou no reino para comandar as forças restantes, mas tudo sucumbiu aos orcs, provavelmente o rei já estava morto uma hora dessas, pagou pela sua burrice, colocando a vida de muitos inocentes em risco.
Depois de se lavar, seguiu sem rumo floresta adentro, caminhou por um bom tempo. Sua pacata caminhada foi interrompida por um pedido de socorro que ecoava não muito longe dali, Aidan ficou parado observando até ser surpreendido por uma garota com metade do seu tamanho, que esbarrou nele e foi ao chão, em seguida dois homens apareceram entre as árvores.
- Por favor, me ajuda! - Implorou a garota assustada se escondendo atrás de Aidan.
- Melhor não se meter nisso, passe ela pra cá - Esbravejou um dos homens enquanto a garota tentava se levantar.
- O que vocês querem com ela?
- Não é da sua conta, última chance, vire-se e vá embora.
- Não costumo deixar garotinhas em apuros - Dizia ele desembainhando a espada.
Os dois homens sacaram suas adagas e rodearam Aidan e a garota. O primeiro a sua esquerda pulou aplicando um chute em Aidan, que resistiu, o ex-general girou sua espada duas vezes fazendo com que o agressor desviasse dos dois golpes, o da direita avançou também, tentando desferir vários cortes em Aidan, que se esquivava de todos, e na mínima brecha que o agressor deu, Aidan cortou sua mão fora e em seguida, atravessou seu peito com a espada, o corpo morto caiu no chão, Aidan se virou em posição de ataque para enfrentar o outro inimigo que já se encontrava na defensiva, reconhecendo a força do oponente.
O homem avançou, e num golpe certeiro e inesperado, Aidan acertou seu nariz com um soco o fazendo cair atordoado no chão, em seguida cortando seu pescoço com a espada.
- Pronto, agora está a salvo - Dizia Aidan limpando a espada nas roupas de um dos cadáveres - Pode dizer o motivo de estar sendo perseguida?
- Eu estou sempre sendo perseguida por esse bando de fanáticos.
- Fanáticos...? - Aidan olhou o símbolo que os perseguidores ostentavam em suas roupas - O que eles querem com você?
- Eles querem o meu poder.
- Que poder é esse?
- Eu domino todos os elementos com uma certa facilidade.
- E porque não os matou se é tão fácil pra você?
- Não é assim que funciona, tem um limite de magia que posso usar por dia.
- Entendo, você é uma prodígio, mas tem um certo limite.
- Isso, prazer, me chamo Ayla, e você é o Aidan, certo?
- Sim... como sabe o meu nome?
- Estranho... eu apenas sei... já nos conhecemos?
- Não me lembro de ter conhecido uma maga tão baixinha como você.
- Ei! Eu não sou baixinha, você que é muito alto.
- Você que sabe, para onde vai agora?
- Eu preciso ir com você.
- Precisa?
- Sim... eu sinto que precisamos andar juntos.
- Você é bem estranha, sabia?
- E você é um brutamontes que só sabe girar essa espada inútil e cortar cabeças.
- Esse brutamontes e essa espada inútil salvaram sua vida há poucos minutos, e é melhor tratar desse seu ferimento.
- Que ferimento?
Aidan se ajoelhou, arrancou uma tira da manhã de sua camisa e amarrou no ferimento no tornozelo de Ayla.
- Você deve ter se machucado quando caiu.
- Agora que você falou, estou sentindo a dor.
Aidan procurou nas proximidades alguma erva de propriedade de cura, enquanto a pequena se sentou em uma rocha próxima do rio. Aidan voltou com alguns pedaços e preparou um curativo decente em Ayla.
- Está doendo?
- Não, não mais, obrigada. Para onde vamos agora?
- Vamos prosseguir, já está anoitecendo e as criaturas da floresta a noite não são amigáveis.
- Cabeção, eu não consigo andar.
- Suba nas minhas costas - Aidan se agachou e Ayla subiu.
- Vamos ver até onde chegamos, e teremos sorte se acharmos algum lugar para passar a noite.
Os dois seguiram por algumas horas até conseguir sair da floresta, por sorte não toparam com nenhum lobo faminto.
- Sua vida tem um propósito, Aidan...
- O que? Achei que estava dormindo.
Ele virou a cabeça e viu que Ayla estava falando enquanto dormia.
- Você é muito estranha, garota.
- Lizandra...
- Ok, agora mais essa.
- Sacrifícios...
- Agora você está me assustando.
Ayla proferiu algumas palavras sem sentido, como se fosse em outra língua até finalmente acordar.
- Onde estamos Aidan?
- Saímos da floresta faz alguns minutos, você fala enquanto dorme, sabia?
- O que eu disse?
- Falou que é a maga mais baixinha que existe.
- Mentiroso, você não vale nada, generalzinho de segunda.
- Você sabe muito sobre mim.
- Sei até demais.
- Agora você está me assustando.
- Não se assuste, general frangote - Dizia Ayla segurando o riso - Pode me colocar no chão, acho que agora consigo andar.
- Certeza? Seu ferimento foi recente.
- Já estou curada.
- Você realmente não bate bem, não é?
- Me coloca no chão e verá.
Aidan a colocou no chão, que logo retirou o curativo, mostrando que não havia mais nenhum ferimento em sua pele.
- O que?! Mas... Não faz sentido!
- Vai ficar aí com essa cara de idiota ou vamos prosseguir?
Os dois caminharam lado a lado até encontrar uma pequena caverna perfeita para uma noite de sono. Os dois se deitaram, Ayla pegou no sono rapidamente enquanto Aidan observava o teto da caverna. "Essa garotinha é muito peculiar", ao mesmo tempo que sentia que essa garota era muito estranha, também achava que ela era muito familiar, algo dizia que os dois se conheciam há um bom tempo. Foi nesses pensamentos que Aidan pegou no sono.

O Arauto Do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora